One

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N.A

gente, comentem, por favor. mais do que nunca, estou ansiosa por opiniões. ainda não assisti às homenagens, à despedida, enfim... fiquem com isso aí 😜

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Soraya estava um tanto indignada; ou melhor, chateada, claro, não era para menos. Afinal, era de longe uma das pessoas mais próximas de Simone naquele lugar desde o começo. Considerava muito injusto o fato de não terem pedido à ela para fazer um discurso para a despedida da filha de Ramon Tebet do Senado.

Por falar em despedida, a loira ainda tentava se acostumar com aquela ideia. A ex-professora estava ali desde que chegara, foi ela quem a abraçou, a acolheu e até a defendeu – tentando até mesmo quando a mais nova cometia erros indefensáveis. E ela sabia que tudo aquilo ela pela consideração que a mais velha lhe tinha. Era claro como a luz do dia que existia um grande carinho entre as duas, mas Soraya se perguntava sempre: Será que o carinho que ela tem por mim é o mesmo que tenho por ela?

Nunca havia tido coragem de admitir em voz alta, menos ainda para ela. E agora, ela julgava ser tarde demais para tentar qualquer coisa. Principalmente quando viu marcar meia-noite, a transição do dia treze de dezembro de dois mil e vinte e dois para o dia quatorze de dezembro – aconteceria, neste, a despedida de Simone Tebet do Senado Federal.

Ela não conseguia dormir, se retorceu na cama por horas; não sossegou até se levantar e caminhar até o escritório que havia dentro de sua casa. Viu papéis em branco sobre a mesa e canetas que pareciam chamá-la para uma missão. Só foi entender para quê quando se sentou. Mas para ser sincera, ela não gostaria de ter entendido.

Uma das características de um geminiano é que ele pode ser meio impulsivo. De fato; pode até ser meio. A diferença é que Soraya tinha o signo de Gêmeos constado não só uma vez em seu mapa astral. Por isso, não é só meio impulsiva. Em alguns momentos, acabava sendo completamente. Mesmo sabendo que poderia se arrepender amargamente depois, ela se pôs a escrever.

Acabou derramando algumas lágrimas durante o processo, grampeando a escrita que resultou em duas folhas e as guardando em uma pasta que deveria levar ao Senado no dia seguinte. Ou melhor, mais tarde, naquele mesmo dia. Afinal, já passavam das três da manhã e ela deveria, ao menos, não transparecer uma aparência cansada – pois, as lágrimas... ela sabia que talvez não fosse conseguir disfarçar tão bem assim.

[...]

Simone chegava na sala principal chamando atenção; Soraya Thronicke não era a única que iria sentir falta de Tebet naquele lugar. Mas não tinha dúvidas de que ela seria a que mais sentiria aquela despedida. Quando viu que a morena havia chegado – atrasada, nenhuma novidade –, ela correu para outro lugar. Não queria ficar ali. Talvez no momento da despedida oficial aparecesse, ficasse de longe espiando, mas não estava gostando do aperto no peito que sentia.

Se distraiu fazendo fotos com certificados e outras coisas que fingia ter extrema importância naquela hora, quando tudo – ou era melhor não? – o que queria era estar ao lado da que fora sua professora, colega de senado, e ‘concorrente’ na disputa pela presidência do Brasil. Mas se mantinha plena. Não queria chorar, não podia chorar. Principalmente ali. Ensaiava um sorriso amarelo para as fotos e inventava desculpas para poder enrolar mais tempo longe.

Quando teve a curiosidade de saber como andavam as coisas no salão principal, chegou à tempo de escutar os discursos de Eliziane Gama e de Leila Barros em homenagem à morena que deixava o Senado. Não pôde segurar as lágrimas naquele corredor. Era injusto que elas duas tivessem sido chamadas e ela não. Deu um passo para a frente e pôde ver Simone enxugando as lágrimas com um lenço que lhe haviam acabado de ofertar. Não gostava de ver Tebet chorar, tampouco queria que as outras duas senadoras fizessem discursos ao invés dela, mas concordava com tudo em gênero, número e grau: Simone merecia cada homenagem e todo o reconhecimento existente no mundo. Ela era incrível; como acabava de pronunciar o presidente para encerrar as homenagens. Foram perspicazes ao deixar Simone por último, sabiam que seria a parte mais emocionante e, além disso, sabiam da popularidade da morena e que várias gays iriam assistir por ela. Quase como a Globo: apenas seguraram audiência.

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