Capítulo 1

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Sonhos são quase incompreensíveis, mas há uma pequena parte de almas que acredita em toda fantasia que abriga seus pensamentos. E Anna fazia parte dessa minoria. Sonhos, para ela, eram a única razão para fechar os olhos ao anoitecer. Talvez a única razão para acordar, também, já que ela gostava de registrar todas as memórias frescas em seu diário. Mas, alguns dos sonhadores não sabem que sonhos são muito mais do que fantasia...

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O sol irradiava pela janela, quando Anna despertou. Os lençóis estavam estranhamente macios esta manhã, o colchão parecia macio e tinha muito mais espaço do que ela se lembrava, nada parecido com sua cama de solteiro no apartamento do Brooklyn, que Anna preferia chamar de caixa de sapatos. Ela bocejou e não pode evitar revirar um pouco naquele colchão fabuloso e desfrutar mais uma ou duas horas daquele sonho aconchegante. Afinal, não era todo dia que ela tinha um sonho calmo desses e ainda tinha um período livre da faculdade.

Um ruído perturbava seus sonhos, na verdade, parecia uma voz doce vinda do além, muito familiar. Somente uma pessoa tinha uma voz tão doce assim. Estranho, pois ela não vinha ao Brooklyn a anos, preferia morar bem afastada da cidade, com seu marido e uns porcos, ou galinhas, ela não se lembrava muito bem. Mas a voz parecia cada vez mais próxima... 

- Mãe? - Anna disse, tentando abrir os olhos.

- Olá, querida! Estão todos preocupados, você dormiu mais do que o normal, talvez seja o nervosismo de estar perto do seu grande dia.

Grande dia? Todos preocupados? Ela passou as mãos pelo rosto, tentando clarear as ideias e enxergar melhor, também. Desde que se entendia por gente, usava óculos mais fundos que cinco garrafas juntas. Mas, tudo parecia tão claro, limpo... Sua visão estava nova em folha. E quanto mais ela enxergava, mais estranho aquilo parecia. Ela sentou na cama, assustada.

- Desde quando eu tenho uma penteadeira gigante dessas? - perguntou, esfregando os olhos para ter certeza que era real. 

- Você deve estar muito abalada, filha, mas tudo vai correr bem! - a mãe pegou em sua mão, o que automaticamente fez Anna encará-la.  

- Desde quando você usa essas roupas?

A mãe riu, não entendendo a confusão da filha. Será que as mulheres sempre ficam assim na semana perto do grande dia? Ela não se lembrava de ficar tão confusa no seu. Anna olhou para as mãos unidas, unhas feitas, com cores claras e limpas, uma aliança de ouro brilhava no dedo anelar de sua mãe, logo atrás de um anel brilhante e muito atrativo.

- Isso é um diamante? Deus, eu gostaria de ter um desses. Você vendeu a fazenda inteira para comprar isso, né? - a filha encarava o anel, hipnotizada. 

- O que? Do que você está falando?

- Vocês não teriam dinheiro para comprar uma pedra dessas nunca, vai me dizer que embaixo daquela fazenda tinha uma mina de ouro? - Anna insistiu, olhando para a pedra. - Jesus, bem que eles dizem que os diamantes são os melhores amigos de uma mulher.

- Deixe de ser boba, eu tenho esse anel desde que noivei com o Edgar. Você deveria saber disso, foi no barco dele, com toda a embaixada, e você estava lá. - a mãe sorriu, com uma leve corada nas bochechas enquanto encarava seu anel de noivado.

Isso não parecia certo, não mesmo, nem um pouco... Embaixada? Barco do Edgar? Aquele homem tinha uma fazenda, um pedaço de terra e umas galinhas, talvez uns porcos, mas não um barco. E essa parte absurda sobre embaixada?

- Isso é algum tipo de piada?

- Me diga você, que está fazendo essas perguntas e comentários malucos. - retrucou a mãe, começando a ficar irritada e a se levantar da poltrona.

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