Ohana - Gyomei e Genya

Família - Capítulo Único

  Himejima caminhava calmamente em direção a sua residência, apesar de tudo, até mesmo o mais forte dos pilares merecia um descanso. Era por isso que Gyomei estava em casa naquela hora, normalmente suas missões vinham em peso, e nas últimas semanas seu território havia sido frequentemente atacado. Com algumas feridas e cansado, Ubuyashiki deu para o Hashira da pedra alguns dias de folga.

  Normalmente Genya não encontrava seu mestre em casa naqueles momentos, tinha o costume de entrar, tomar um banho e comer algo após o seu árduo treinamento, porém naquele dia o jovem Shinazugawa colocou seus pés para dentro, sentindo o cheiro doce de arroz.

— Mestre? – Genya andou até a cozinha, sorrindo pequeno ao ver Himejima ajoelhado ao lado da panela de arroz, montando alguns Onigiris. – Aconteceu algo?

— Estou apenas tirando o dia de folga. – Himejima sorriu, colocando em cima da tábua de madeira um dos Onigiris gigantes que o pilar tinha o costume de fazer. – Limpe-se Genya e venha comer.

— Sim, senhor. – Genya se curvou, correndo em direção ao lavabo.

  Genya não se lembra qual foi a última vez que comeu com Gyomei, até que sentiu falta dos bolinhos de arroz gigantes que o Hashira fazia. O Shinazugawa comia em silêncio, seu cabelo ainda um pouco úmido por conta da água. Himejima apesar de seu tamanho, sem fazer o menor barulho se colocou atrás de Genya, usando uma toalha seca para secar os cabelos rebeldes do garoto.

— Precisa secar bem o cabelo. – Himejima dizia ao mesmo tempo que esfregava os fios negros com a toalha. – Não quer pegar um resfriado, quer? Genya.

— Não…– Genya quase sussurrou a resposta, suas bochechas vermelhas pela atitude repentina.

— Está ocupado hoje? – Gyomei perguntou, pegando um pequeno pente de madeira, começando a pentear o cabelo de Genya.

— Não, eu…ainda tô me recuperando da última missão. – Genya levantou a manga do uniforme, mostrando o antebraço enfaixado. – Kocho-san disse que eu deveria descansar, mesmo com a regeneração…é melhor que eu fique em ca-digo! Em repouso em sua residência, mestre.

— Está é sua casa também, Genya. – Himejima sorriu, fazendo um carinho leve na cabeça do Aluno. – Termine de comer e se arrume, vamos dar uma volta na cidade, preciso comprar algumas coisas.

— Sim, senhor! – Genya disse fazendo uma pequena reverência, voltando a comer rapidamente.

  Genya não tinha muitas roupas, suas roupas eram simples e velhas, talvez ele também precisasse comprar algumas coisas. O Kimono roxo e preto de seu falecido pai ainda lhe servia, e não estava tão detonado quanto suas outras roupas, Genya não gostava de usá-lo, as memórias de sua sofrida infância regada a abusos sempre lhe vinham à mente, mas ele também não poderia usar roupas curtas e rasgadas na cidade com Gyomei.

  Himejima usava um Yukata preto simples, o homem esperava Genya pacientemente na porta. Não iriam demorar muito, Gyomei apenas precisava comprar alguns potes e incensos.

  As ruas pareciam movimentadas, mesmo com seus sentidos aguçados era impossível que Himejima não esbarrasse em algumas pessoas, pedidos chorosos de perdão sendo proferidos o tempo inteiro.

— Você não precisa pedir desculpas, Mestre. – Genya dizia, enquanto segurava o braço de Gyomei, o guiando por entre a multidão. – O Senhor não pode prever todos que vão vir em sua direção, eles também estão lhe vendo, podem muito bem desviar do senhor.

— Eu sei, me pesa o coração ser um incômodo tão grande. – Gyomei dizia, algumas lágrimas finas escorrendo por seus olhos.

— Não! Você não é um incômodo, mestre, de forma alguma. – Disse Genya, balançando a cabeça negativamente.