Aquela pracinha era tudo que eu queria quando criança, embora não pudesse ir lá brincar com as outras meninas de pega pega, de comidinha de areia e fazer castelinhos. Sempre eram os mesmos jogos de tabuleiro ou de cartas, não havia uma infância de verdade.
Meu avô sofria alzheimer,, não conseguia nem se quer colocar a comida na boca de tanto que tremia suas mãos. Eu com apenas cinco anos sempre o ajudava, meu amor era imenso por ele, que sempre fazia tudo por mim antes de ter esta doença.
E sempre trabalhava essa minha vó, como trabalhava! Era empregada em uma industria de tecidos, limpava o chão daquele lugar com gosto pois de lá era onde tirava nosso sustento.
A greve da escola em que meu pai trabalhava de professor, aconteceu por um mês inteiro, consequentemente nossas contas atrasaram. Minha mãe estava grávida de sete meses, não trabalhava pois estava com riscos de o bebê nascer antes da hora.
Eu, bem. Tinha aulas em casa mesmo, meu professor? Pai. Não ia para escola, nem tinha amigos. Meu mundo se resumia lá dentro de casa ajudando minha vó a cuidar de meu avô. Era sempre a mesma rotina! Acordar, tomar banho, tomar café, ajudar meu vô a comer, escovar os dentes, ter aula de português com meu pai, levar o vô ao banheiro, e assim por diante.