A cidade é passada pelo rio como uma rua é passada por um cachorro; uma fruta por uma espada.O rio ora lembrava a língua mansa de um cão ora o ventre triste de um cão, ora o outro rio de aquoso pano sujo dos olhos de um cão.
Aquele rio era como um cão sem plumas. Nada sabia da chuva azul, da fonte cor-de-rosa, da água do copo de água, da água de cântaro, dos peixes de água, da brisa na água.
Sabia dos caranguejos de lodo e ferrugem.
Sabia da lama como de uma mucosa. Devia saber dos povos. Sabia seguramente da mulher febril que habita as ostras.
Aquele rio jamais se abre aos peixes, ao brilho, à inquietação de faca que há nos peixes. Jamais se abre em peixes.
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Poemas Brasileiros
PuisiNesse livro eu irei pegar poemas de vários escritores! Espero que vocês gostem, pois foi feito com muito carinho para quem gosta de poema! * Boa leitura *