Photograph || Wenclair

Capítulo 2

Enid Sinclair

-Mãe, já estou indo! -Gritei enquanto passava pela fachada do restaurante, que era em frente à nossa casa, e fui até o balcão falar com ela. -Esta roupa está boa? -Perguntei dando uma voltinha. Estava usando uma blusinha branca, uma calça verde escuro e nos pés, um scarpan preto. Levava uma mochila nas costas, onde estavam o meu celular, algumas outras fotos caso fosse necessário, e a minha carteira.

-Está linda, meu anjo. -Minha mãe sorriu, e beijou minha testa. -Vai dar tudo certo. Sei que este emprego já é seu.

-Deus te ouça. -Falei, e era perceptível o nervosismo em minha voz. -Estou com medo da minha chefe, mãe. Todos falam que ela é extremamente fria e nada simpática. -Suspirei.

-Enid, não se prenda nisso. Não podemos tirar conclusões das pessoas se não as conhecermos verdadeiramente. -Minha mãe falou, e eu assenti. -Apenas dê o melhor de si, e o resto é resto.

-Obrigada por isso mãe. -A abracei. -Mas já tenho que ir para o ponto de ônibus, senão irei chegar atrasada. -Deixei um beijo em seu rosto.

-Lina não vai te levar?

-Não. Ela precisou sair mais cedo para trabalhar, mas não tem problema. -Sorri fraco.

-Tudo bem. Boa sorte, pequena. Estarei torcendo por você daqui. -Sorriu. Respirei fundo e saí do restaurante, indo em direção ao ao ponto. Ter um carro facilitaria muito a minha vida, mas no momento, eu tenho outras prioridades, como ajudar nas contas de casa e comprar uma nova câmera.

Desde que meu pai morreu, as coisas lá em casa ficaram apertadas. Minha mãe trabalha o dia inteiro, então eu e Mia, minha irmã mais nova, ficamos responsáveis pelas coisas da casa. O restaurante era a paixão de meu pai, e antes dele morrer, fez mamãe prometer que daria continuidade ao negócio, porém, apenas a renda do restaurante não era suficiente para sustentar quatro pessoas, uma casa e as contas mensais, fora os gastos com o restaurante. Por isso, minha irmã mais velha, Lina, começou a trabalhar de babá para termos uma renda extra. Prometi para mim mesma que também iria procurar um emprego para ajudar, enquanto Mia ficaria em casa ajudando no que pudesse por ainda ser menor de idade e estudar.

Minhas irmãs são definitivamente as pessoas que mais amo em todo o mundo. Sou a irmã do meio. Lina tem 29 anos, eu tenho 25, e Mia tem 16. Nossa diferença de idade nunca foi absurdamente grande, então, digo que pudemos aproveitar muito a companhia uma da outra. Sempre fomos uma pela outra, mas eu especificamente, tinha um extinto de proteção muito grande com as duas. Quando nosso pai morreu, há exatos cinco anos atrás, eu me senti na obrigação de me mostrar forte o tempo inteiro para conseguir cuidar delas. Elas são definitivamente o meu bem mais precioso, e eu definitivamente daria a minha vida por ambas caso fosse preciso.

Me distraí tanto pensando, que só percebi que o ônibus já estava parando pela movimentação das pessoas lá dentro. Me levantei também, e desci assim que chegamos no ponto. A Connection ficava a exatos quinze minutos dali, e eu agradeci aos céus por não estar calor, caso contrário, chegaria toda suada e nojenta logo no dia entrevista. Aproveitei o tempo que passei caminhando para observar o lugar, e era definitivamente muito diferente do que eu estava acostumada. Muitos prédios, carros visivelmente caros, pessoas que se vestiam elegantemente e levavam consigo uma cara fechada, buzinas e muita movimentação. Teria que me acostumar com isso, afinal, se eu conseguisse o emprego, esse seria um cenário que eu enfrentaria todos os dias.

Quando cheguei ao grande edifício, olhei para cima e só então minha ficha caiu. Estava realmente acontecendo! Ajeitei minha roupa antes de entrar, e deixei o documento em mãos. Apenas a recepção do prédio já era linda, e eu já estava sentindo o meu estômago embrulhar devido ao nervosismo. Avistei um rapaz de cabelos longos e terno preto atrás do balcão, e fui em direção a ele.