passeava calmamente pelo seu estúdio, escutando sua mais nova produção e letra completamente dedicada à ela. a melodia melancólica e delicada passeava por todo seu corpo, sentindo um grande alívio e nostalgia em meio aquele inferno tão quente de sensações. céus, amaldiçoado estava ele e com uma das piores pragas, não pensara em outra coisa nem por um minuto.
" afrodite, afrodite, afrodite.
você não consegue ver?!
eu não quero ficar aqui,
não me deixe sozinho.o que você sabe sobre sangue?
o que você sabe sobre a vida?
você não precisa de grandes sinais.
você consegue ver em meus olhos. "estava há dias sem sentir a luz do sol, desanimado, morto. visitou em seus pensamentos a sua pequena polegar, averiguando o que a loirinha estava fazendo e riu sozinho, coraline sempre estava tão adorável, adorava os olhinhos coloridos. infelizmente, essa alegria não durou tanto pois novamente o pensamento lhe preencheu a cabeça.
agares já sentia tanta falta, uma saudade repentina de seu passado, de seus amigos, de seus amores. sentia falta de cheirar aqueles fios avermelhados que tinham um perfume adocicado, de sentir o gosto de chantilly e morango nos lábios de sua deusa.
" eu consigo nomear mil motivos para te esquecer,
eu consigo sentir a mudança,
a mudança em que você canta nossa música,
eu consigo sentir as ondas,
as quais me afogam o coração. "não se aguentou, por que não conseguia sentir nada além de tristeza? o demônio acabou chorando sozinho de novo, de novo e de novo. foram alguns cigarros e uma carreirinha até que se recompor, torcia baixo enquanto seu coração se quebrava aos poucos, "por favor, não vá embora.", repetia, deitado no chão gelado e esverdeado, sonhando acordado.
" por que você não volta? volte para mim.
pela milésima vez, eu odeio amar você.
por que continua dessa maneira?
você sente minha falta também?
eu odeio tudo isso, por favor,
eu não quero me sentir assim. "estava alucinando, ora estava com sua musa outra com seu próprio reflexo, beijando enfim a sua própria maldição, entristecido, carente, abandonado, solitário. agares se afogou no passado e não soube retornar para superfície, se tornando tudo aquilo que ele odiava.
" me perdoe por meu sabor amargo,
nunca será como o seu, doce, suave. "
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sobre tudo e todas as coisas.
Poetryum pequeno conto que fiz sobre um dos meus personagens, agares.