Capítulo 11: Iria?

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Tentava caminhar, enquanto aquelas mãos me agarravam por diversas partes do meu corpo. Tornozelo, pulso, cotovelo, joelho, barriga, pescoço, testa, coxas e ombros. Tentava avançar para frente, mas aquilo me puxava para trás. Vejo Si Woo se aproximando de mim, utilizando seu terno característico de cor azul, seus cabelos curtos jogados para trás com auxílio de gel e seu rosto fino, porém, quadrado.

Ele se aproximava de mim, com uma luz extremamente forte em suas costas, o que destacava sua silhueta.

Ele coloca a mão no meu queixo, me puxando levemente para perto de seu rosto. Meu corpo era tomado por um arrepio e um enjoo que jamais sentira antes.

— Quanto mais você tenta fugir do que fiz com você, mais você se parece comigo.

As lágrimas desciam rapidamente até o meu queixo, o que me fazia acordar daquele pesadelo grotesco. Não conseguia abrir muito meus olhos, já que a máscara do aerossol, criava uma fumaça que ofuscava minha visão. Talvez também, fosse a exaustão física também.

Mas conseguia, mesmo com meus ouvidos zunindo, escutar a voz de Si Woo e Bora naquele quarto.

Não estava raciocinando direito, então não entendia muito bem, mas quando a fumaça aliviava, via o rosto e a linguagem corporal de Bora, em extrema raiva.

Às vezes sinto, que se eu precisasse matar alguém, eu poderia pedir para essa baixinha o fazer.

Meus olhos pesam novamente, e mais uma vez, vejo tudo escurecer e meu corpo fraquejar. Era estranho, mas eu tinha consciência de que dormi e pedia muito para que estivesse bem acordada, no momento que vi a Bora naquela sala.

Não fazia ideia de quanto tempo havia passado, mas me incomodava retornar a consciência, sentindo alguém segurando minha mão. Antes mesmo de abrir meus olhos, tentava resmungar em protesto sobre aquilo.

A mão me aperta com mais firmeza, e lentamente, abro meus olhos, encarando o ser mais lindo desse mundo.

Os olhos de Bora estavam marejados, mas vivos e bem abertos para mim. Ela estava com a roupa que geralmente trabalha, o que já me causava uma certa aflição pelo incômodo que devo ter causado.

Abro a boca para tentar falar, já que agora estava sem a máscara, mas minha garganta arranhava como se a Medusa tivesse petrificado meu pescoço. Mesmo com o braço sem forças, ergo a mão livre para perto do rosto, fazendo um sinal de "Quero beber algo", fechando todos os dedos, e apontando meu dedão para minha boca.

Bora assentia, com um pequeno sorriso, soltando de minha mão e indo para fora da sala. Abaixava minha mão novamente, colocando dentro daquele lençol leve e alcançando minha coxa. Beliscava com força minha coxa, sentindo a dor que pudesse me provar que eu estava acordada dessa vez.

Rapidamente Bora retorna, com uma pequena garrafa de água, com um canudo na ponta. Tentava segurar, mas ela batia levemente na minha mão, me fazendo desistir de tentar ser independente ali. Com a mão direita, ela jogava o braço por debaixo do travesseiro, me inclinando levemente para cima, e com a mão que segurava a garrafa, aproximou o canudo de minha boca.

De uma só vez, conseguia beber pelo menos a metade. Estava morrendo de sede, mas consequentemente, preciso virar o rosto para uma sessão longa de tosse.

Respirava fundo, voltando os olhos para Bora, que deixava a garrafa na mesa, pegando um lenço e voltando para limpar meu queixo levemente molhado.

— Oi, amor.

Conseguia dizer pelo menos essas palavras, que fazia com que Bora parasse por um instante de limpar meu queixo. Seus olhos brilhavam e logo, suas lágrimas desciam. Ela se aproximava de mim, beijando minha testa.

Running Blind - Deukae FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora