Quando avistei o enorme portão do Colégio Henry Morgan, um arrepio se espalhou pelo meu corpo imediatamente. Observei abismada as limousines chegando e entregando alunos, na porta principal, e uma sensação horrível de não pertencer a aquele lugar assolou meu coração, queria correr de volta para minha antiga escola pública, onde sabia que não sofreria por ser uma pessoa simples.
Me senti incomodada, e apreensiva com o que me aguardava. Então resolvi esperar com que o redemoinho de alunos com nariz empinado adentrasse na escola primeiro, para que eu me esbarrasse em menos pessoas. Não estava pronta para os olhares de desprezo, ou a ignorância que iria se propagar quando todos descobrissem que uma garota pobre estudaria com eles.
Passei a analisar meu uniforme, o blazer azul escuro com o símbolo da escola do lado esquerdo do peito, a saia rodada xadrez, as meias pretas até um pouco antes dos joelhos e a incrível e ridiculamente gravata borboleta vermelha. Todos se vestiam exatamente iguais, dos pés à cabeça, desde a bolsa aos sapatos.
Mas o que me diferenciava, apesar de tudo, e mesmo estando tão parecida a eles, era minha condição financeira. Não que não apreciasse o fato de estudar numa escola alto nível como aquela, porém me sentia desconfortável com tanto luxo do qual não estava acostumada. E eu sabia, melhor que ninguém, que não seria bem-vinda naquele lugar.
Respirei fundo antes de adentrar pelos portões, as limousines haviam parado há tempos, e eu tinha me perdido em devaneios sobre o porquê daquela saia ser tão curta, e gravata tão glamourosamente grande.
O caminho até a porta principal foi mais longo do que eu esperava, então acelerei o passo, ao ver que estava atrasada. Aquela escola, definitivamente, não sabia o significado de limites. Tão luxuosa e exagerada, que me deixou com náuseas.
Entrei correndo pela porta, e não havia mais ninguém no hall de entrada. Um desespero percorreu meu corpo. Estava tão atrasada assim? Fixei meu relógio de pulso que mostravam ainda 10 minutos para a aula começar, levantei a sobrancelha desentendida. Então virei-me para os armários enfileirados no pelo hall, e fui em busca do meu, com pressa. 201. Cadê o 201? Finalmente o avistei, paralelo a duas paredes de armários. O abri rapidamente, e milhares de papéis caíram de dentro. O que era aquilo?
Me abaixei para pegar um dos bilhetes, e engoli em seco, ao ler as seguintes palavras:
"Você não é bem-vinda aqui, pobre." Em vermelho, e de forma desleixada.
Uma onda de calafrios me assolou, um frio na barriga intenso, e uma vontade de chorar. Dei dois passos para trás me afastando do armário e encostando a outra fileira, e desabei, sentando no chão abraçando meus joelhos. Observei enquanto os vários papéis inundavam o chão, com ofensas que eu nem poderia imaginar.
Uma lágrima escorreu dos meus olhos sem querer. Eu havia me preparado para aquilo, eu sabia como aqueles metidos a besta iriam reagir com a minha entrada na escola. Porém, nem que eu tivesse me preparado anos, não doeria menos.
A sensação de não ser deseja, e sim repudiada, fez com que eu chorasse, escondida entre as fileiras de armários, soluçando baixinho para que ninguém escutasse. Foi neste momento, que ouvi passos apressados diretamente do hall, e me levantei subitamente, não iria deixar nenhum rico arrogante ver que tinha me atingido. Limpei meu armário, jogando os milhares de papéis, que ainda se encontravam dentro dele, no chão. E arrumei meus materiais.
Os passos se aproximavam, e pareciam pertencer a apenas uma pessoa. Então, o vulto dele apareceu. Um garoto alto, com cabelos negros e olhos puxados, me encarou de cima a baixo. Imaginei se ele era Japonês. Virei o rosto rapidamente, quando senti um calor conhecido nas bochechas.
O garoto caminhou em minha direção, e passou diretamente por mim, indo para seu armário, a três fileiras do meu. Ele observou os papéis espalhados pelo chão com uma expressão contrariada. Engoli em seco, pegando rapidamente, os livros do dia.
"Você é Emily, não é?" perguntou, me arrepiando ao dizer meu nome.
"Hum." Concordei.
"A garota pobre que admitiram porque os pais imploraram na direção, a garota mais odiada no colégio sem nem mesmo ter conhecido ninguém." Afirmou ele, analisando um livro nas mãos.
Segurei as lágrimas que queriam voltar a sair.
"Não deveria se importar com a opinião deles." Ele disse olhando pra mim, e fechando seu armário com um baque.
O moreno veio até mim, e parou bem a minha frente. E sorriu.
"Eles são uns babacas." Disse. "Vai ter que se acostumar com as ofensas se quiser ficar aqui."
Por um momento pensei que ele também era pobre como eu, pela humildade que enxerguei nele, mas meus olhos pousaram em seu relógio de pulso da marca Rolex, e sim, ele era como os outros, tão rico quanto.
O garoto seguiu meu olhar, e suspirou.
"Não sou como eles." Alegou. "Meu nome é Chanyeol." Começou, levantando a mão para mim. "E eu sou coreano, se é que está se perguntado sobre isso" riu.
Hesitei em apertar sua mão, porém me prendi ao fato de que se ele quisesse me causar algum mal, já o teria feito.
"Sou Emily. A garota pobre." Dei um sorriso torto.
"Não se crucifique assim. As pessoas aqui são más até com elas mesmas. " advertiu. "Apenas ignore." Completou.
Então ele saiu andando, se afastando lentamente, com um sorriso no rosto, até sumir pelo corredor. E eu pensei, em um breve momento, que talvez estudar naquela escola, não fosse de todo ruim.
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Love Hurts • Baekhyun •
FanfictionTantos garotos no mundo. E eu fui me apaixonar justamente por você, Baekhyun. Seja menos frio. E nunca aposte o que você não pode perder. ➹ Baekhyun ➹