Capítulo Único: Fórmula da Água

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Oioi, Feliz Natal, meus amores! Como prometido, aí está o presentinho de Natal! XD

Esse é o primeiro de uma série de três contos autorais breves que pretendo postar aqui com a temática "Professora". 

So, enjoy! Nos vemos lá embaixo nas notas finais! <3

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A sensação da água cobrindo toda a superfície do corpo. A respiração pouco a pouco começar a se tornar escassa em pequenos ofegos pouco potentes para manter o ar nos pulmões era indescritível. Talvez até de uma forma meio masoquista, porque estranhamente era no momento da asfixia que conseguia me sentir mais ou menos viva. Desde criança, sempre amei a água como se fosse um grande mistério da natureza, a fúria revolta de partículas de H2O te engolindo por inteiro. Falar disso dessa maneira certamente faria com que me tomassem como louca. Tolos! Eles não entenderiam que há certa beleza na quase-morte, e ainda que não entendessem, teimavam em se apaixonar. Só para morrer aos poucos com amores não-correspondidos, que talvez seja a minha própria história. Estive me afogando não só desde os onze anos de idade, quando naquela vez, no clube que meu pai, um belo viúvo de quarenta e poucos anos me levava, me desafiei a ir a piscina dos adultos só para provar, no alto da conhecida petulância infantil, que sabia nadar. E foi assim que quase adentrei no frio abraço da morte...

Estava parada bem em frente à escadinha branca cujas gotículas escorrendo pelas laterais já me faziam ter um pouquinho de medo, mas nada me impediria de dar um salto digno de aplauso, para orgulho do meu pai e de quebra, causar inveja nos demais pirralhos e pessoas presentes naquele final de tarde de verão. Então, reuni toda a coragem que podia haver no meu eu de onze anos. Segurei a ponta do nariz para manter o ar e tchibum! Por meros segundos, a sensação de ainda flutuar me fez sentir dona do Universo inteirinho, eu mandava na água, e não ela em mim! Eu era poderosa, com meus pezinhos cínicos me levando para o fundo feito duas ancoras traiçoeiras que mal me deram tempo de subir para pedir socorro por estar me afogando. Tudo só escurecia e com os olhos semiabertos, devo ter me rendido a deliciosa asfixia que me acometeu. "Desculpa, pai." Pensei enquanto me deixava ir para o fundo. E uma luz filha da puta quase me cegou. "Morri, é isso?" E mesmo que tivesse morrido, não iria me arrepender porque acho que vi de relance, a criatura mais linda que já vi na vida. É, aquele anjo ou sereia de cachinhos meio alourados, olhos tão escuros como duas turmalinas negras, e coberta por uns tons de vermelho e branco sobre uma pele clara foi a última coisa que vi antes de sentir meus lábios queimarem de uma forma estranhamente gostosa, e em seguida, eu cuspir pequenos mundos de água para fora da boca. O peito também subia e descia, mas era de forma incômoda, até que ao virar a cabeça para o lado, com os olhos meio abertos querendo fechar novamente do cansaço por voltar a respirar sem um oceano contra meus pulmões, escutei a voz do meu pai um tanto quanto desesperada.

Quando dei por mim, já estava em seu colo aconchegante, identificando alguns reclames que eu mal divisava, estava focada em só estender a mãozinha tentando alcançar aquela bendita criatura anjo-sereia que me roubou da morte precoce. E que eu levaria comigo de formas inenarráveis, e por muito mais tempo do que desejaria.

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Como a vida é uma estranha brincadeira de destinos altamente sádica, porque, por tantas vezes, ela põe o objeto de desejo bem em nossa frente; talvez com algumas rugas, uma mudança drástica no cabelo e até uns fios brancos que posso ter notado com pouca discrição, e sem sombra de dúvida era ela! O meu anjo-sereia salvador de onze anos atrás, porque agora eu era uma aluna sortuda do curso de natação em que ela trabalhava. Olha, se isso não é destino...só sei que minhas pernas se moveram meio trêmulas em sua direção enquanto ela chamava nome por nome de uma pequena lista referente a uma fila dos recém-chegados.

MDS, Professora!Onde histórias criam vida. Descubra agora