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PASSADO

CHASINA CIRCE, 16 ANOS

Odiava ir para escola, porém, sempre gostei de aprender, sempre fui curiosa para saber por que o céu é azul e por que as coisas são como são. Por que a cadeira se chama cadeira? Por que temos de suportar alunos imbecis que só pensam em si mesmos? Essa era uma pergunta frequente.

Eu tinha que me formar de qualquer forma e ir para a faculdade, para depois finalmente pegar o legado do papai. Um dia eu iria sair da casa da tia Gaia, não iria mais ver seus olhares enojados para mim e nem suas palavras maldosas. Iria levar Mallory comigo também e Dora...e Mich. Iria cuidar delas com minha vida para não acontecer o que aconteceu com papai e mamãe.

A aula de história era interessante no mínimo, mas eu não iria falar para a professora que na verdade a maioria estava mexendo no celular ou dormindo e que não adiantava ela fazer palestrinha sobre como o conteúdo era importante porque ninguém ligava. Olhei para fora da janela pensando o que eu não daria para ser feliz como eu era.

Uma caneta cai ao meu lado e, geralmente, eu não as pego e dou para o dono. As pessoas me chamavam de arrogante, e eu ficaria irritada se eu não me importasse nem um pouco. Talvez eu seja. O conceito entre a pessoa legal e má entre os adolescentes é estranho, por que sou chamada de maldosa quando é que Tyler, o capitão do time, que está ficando com a irmã do amigo pelas costas dele? Sou má e a escola é apenas mais um patriarcado inútil. 

Suspiro.

Me abaixo para pegar a caneta, mas bem na hora uma mão se enrolou com a minha, eu puxei rapidamente para acabar com o contato e olhei para cima. Seus olhos eram verdes cristalinos, como esmeraldas, o rosto bem estruturado e os cabelos loiros parecem ser bem macios. Os olhos me lembraram de Alex, e eu pisquei para o menino.

— Já te disseram que seus olhos são bonitos? — foi o que ele falou e eu não respondi. Depois disse que seu nome era Nathaniel, mas que todos o chamavam de Nate, e eu não tinha perguntado. Não respondi. — Combina com seus cabelos — continuou a falar. — Qual é o seu nome? — eu sorri ironicamente.

— Você já sabe meu nome — eu disse. O fato é que eu sabia quem ele era, estudávamos juntos desde o início do ano. Eu só não ligava ou me atentava a ele.

— É verdade, mas você não sabia o meu — ele sorriu. Era um sorriso bonito. — Eu sou Nathaniel...

— Mas te chamam de Nate — conclui pegando sua caneta e colocando em cima da sua mesa para ele não me tocar. — Eu ouvi.

— Então?

— Então? — questionei friamente.

— Seus olhos são bonitos, Chasina. — Desviei o olhar e ele riu.

Era uma risada bonita.

Era um sorriso bonito.

Era um menino bonito.

Até não ser mais.

Eu nunca deveria ter pego aquela caneta.

PRESENTE

Eu pisco saindo das lembranças quando um carro atrás de mim buzina quando o sinal fica verde, piso no acelerador ajeitando os óculos escuros em meu rosto. Hoje com certeza não era o meu dia, minha cabeça latejava de dor porque não consegui relaxar em nenhum momento da noite, quanto mais dormir. A insônia ia e vinha, mas devo dizer que de tudo o que tenho na minha vida, ela foi a única que não me abandonou.    

DARK ANGEL (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora