Sem dinheiro

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Capítulo 11

Fui a pé para a estação e não parava de pensar nele.
Vou ter de o esquecer.
Mas também qual é a cena?! A gaja chega há 2 dias e já anda a espalhar beijos pela escola. A sério ela com tantos admiradores tinha de escolher logo o Harry.
Essas raparigas têm sempre tanta autoconfiança. Às vezes demasiada.
Ela deve ser daquelas que está habituada a que todos a elogiem e é por isso que está tão à vontade para fazer o que fez. Que raiva! Era bem feita que o Harry lhe desse tampa. Claro que isso não aconteceu. Acho eu, não sei. Creio que é o mais provável.
Entro no metro e está ali um lugar vazio.
Tiro o meu telemóvel e ponho os phones. Quando estou zangada, triste ou desiludida, meto sempre música alegre. A coisa só nos magoa se a deixarmos.
Meto o telemóvel no bolso da mochila e tiro o meu caderno de esboços.
Adoro desenhar. Desde pequena que pinto e desenho tudo o que vejo ou acho bonito.
Eu sempre tive uma coisa particular que é ver beleza em todo o lado. Por muito que as pessoas digam que aquilo é feio ou que aquela pessoa é feia, eu vou sempre dizer que tem qualquer coisa de bonito.
Olhei à minha volta.
Já sei o que vou desenhar.
Comecei por fazer o esboço, depois passo a limpo para uma tela.
Olho para o relógio. Distraí-me com as horas, já passei a minha estação há que tempos.
Decidi sair na próxima estação para ir apanhar o comboio certo.
Dirigi-me para a porta do metro. Poucos minutos depois já estava a sair.
Fui ver o mapa e tinha de mudar de linha para chegar a casa.
Passei o cartão e o segurança veio dizer-me que não tinha dinheiro no cartão.
Pronto okay, é só meter dinheiro.
Dirigi-me para as máquinas e tirei o meu porta-moedas da carteira.
NÃO TENHO DINHEIRO NENHUM.
Tenho de ligar aos meus pais, eles têm carro.
Eu: mãe, eu estou sem dinheiro no cartão e não trouxe dinheiro...
M: eu estou sem carro. Liga ao teu pai.
Eu: oh okay.
M: vah tenho de ir.
Eu: adeus.
E desligou. Vou ligar ao meu pai.
Eu: pai, podes-me vir buscar? Estou sem dinheiro.
P: não, querida, agora não posso. Estou em reunião.
Eu: oh okay.
P: é assim muito longe?
Eu: não, não te preocupes. - menti.
Opah comecei a entrar em desespero. Precisava de dinheiro ou de boleia.
Saí da estação para apanhar ar.
Liguei à Sarah. Ela não me atendeu.
Liguei ao Zack.
(...)
Zack: eu vou aí buscar-te.
Eu: obrigada Zack.
Zack: não agradeças.
Sentei-me num banco à entrada da estação.
Comecei a olhar para as pessoas.
Tantas culturas diferentes.
Vi uma velhinha com as compras na mão a tentar ir apanhar o autocarro. Decidi ir ajuda-la com as compras.
Fez-me lembrar Anna, a menina que eu ajudei.
Olhei para as mãos da senhora. Estão enrugadas.
Dei-lhe as compras.
Ela agradeceu-me e entrou no autocarro, acenando-me.
Nesse momento vejo Zack.
Eu: olá
Zack: olá - sorri-me - entra.
Eu entrei no carro e sentei-me.
Eu: em Portugal não é assim.
Zack: assim o quê?
Eu: aqui em Inglaterra é diferente. Nós temos o lugar do condutor no lado esquerdo e os carros vêm do lado esquerdo.
Zack: eu não era capaz de conduzir nesse país
Eu: eu não também não sou capaz de conduzir aqui.
Zack: tens carta?
Eu: não.
Zack: então, podias tirar a carta aqui.
Eu: eu não preciso. Aqui há metros e autocarros em todo o lado.
Zack: lá não?
Eu: só autocarros. Metro é só nos grandes centros.
Zack: a sério?
Eu: sim.
Zack: Tris, aqui os transportes são muito caros se eu fosse a ti pensava bem no assunto.
Ele tem uma certa razão.
O Zack é muito preocupado. Gosto disso nele. Ele tem uma perspetiva das coisas muito única. Ele gosta de levar as coisas mais para o sério, o que faz com que o sentido de humor seja muito "refinado". Mas eu gosto dele assim. Ele é amigo, leal, sensato e honesto.
Ele deixou-me em casa por volta das 17 horas.
Ele saiu do carro e abriu-me a porta para eu sair, depois sussurrou-me ao ouvido "parece que tens alguém à tua espera" - depois, olhou discretamente para a pessoa que me esperava.
Despedimo-nos com dois beijinhos nas bochechas, ele entrou no carro, sorriu-me e foi-se embora.
Reparei que era o Harry que estava sentado no chão à entrada, como se estivesse à espera de alguém. 
Passei por ele, disse-lhe olá e fui-me embora.
Ainda tinha esperança de ele estar à minha espera, mas enfim... Só ilusões.
Olhei-o mais uma vez antes de subir e lá estava ela. A Kim.

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