my silly princess

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Em toda região existe alguma história que passa de boca em boca, espalhando-se até se tornar uma espécie de lenda pelo lugar e com Holmes Chapel, um pequeno e nobre reino da Inglaterra não era diferente. Todos os habitantes do reino conheciam muito bem a história, pois não se tratava de qualquer um e sim do príncipe herdeiro, Harry Styles.

Segundo a lenda, tudo começou há vinte e dois anos atrás quando o rei, Desmond Styles, envolveu-se com a criada de sua esposa. Johanna era uma viúva com meia dúzia de filhos, as crianças viviam na vila e durante todo o tempo que sua mãe foi amante do rei levaram uma vida tão luxuosa quanto o príncipe e a princesa. Até o dia em que a rainha descobriu.

Nada podia fazer para impedir o caso, afinal, o rei tudo pode. Então, com o apoio da mente perversa e engenhosa da filha mais velha, Lady Gemma, criou um falso boato de que Johanna Tomlinson era uma filha das trevas, uma bruxa poderosa que enfeitiçara o rei, elas até mesmo criaram um livro de feitiços para usarem como prova e não demorou até que a pobre camareira caísse na desgraça e fosse condenada à morte na fogueira.

Enquanto a família real observava do camarote privado a mulher sendo presa na haste de madeira, crianças gritavam nos portões implorando pela vida da mãe. Exceto uma, um garotinho de cabelos caramelo e pele dourada, tinha seus olhos impassíveis e sem expressão. A execução foi realizada e Holmes Chapel estava livre das bruxas. Foi o que pensaram quando os Styles seguiam pelos corredores de seu castelo e se depararam com o mesmo menino.

Louis.

Era o que dizia o pequeno medalhão de ouro em seu pescoço. Feito ainda na época em que estavam nas graças do rei. A família ficou estática, a pequena Gemma embora carrancuda se permitiu ficar às costas do pai, o rei velho e gorducho não parecia um defensor e tanto, mas era melhor do que nada. A rainha que a pouco tinha dado à luz ao primeiro filho vivo segurava o pequeno embrulho em seus braços com força decidida a defender o herdeiro com sua vida se necessário.

Louis não fez o chão abrir abaixo deles, nem invocou os demônios do inferno ou matou a todos com um estalar de dedos. Apenas apontou para o velho rei e proferiu:

"Você será o último rei que Holmes Chapel conhecerá."

E então se pôs a correr, os guardas o perseguiram, mas não puderam acompanhá-lo. Na época não sabiam, mas aquele garotinho nada mais era do que a prole de Johanna que carregava o dom das trevas em seu ser.

Um bruxo.

Ninguém entendia com clareza o que aquilo significava, contudo para Anne era óbvio. O filho corria perigo, Harry estará jurado de morte se permanecer nestas terras, então para protegê-lo mandou-o para viver com sua família em Derbyshire. Harry não morreu e sua saúde estava em perfeitas condições, mas no dia de seu retorno aos dezoito anos ficou mais do que claro o motivo de que não poderia vir a se tornar rei.

Ele havia se tornado um rapaz afeminado, com um desejo bizarro por tudo aquilo que era relacionado ao vestuário feminino. Além de não conseguir se aproximar das princesas e moças nobres com quem seus pais tentavam selar um acordo de casamento. De nada valia um rei sem uma rainha, Harry precisaria ter herdeiros, porém não gostava de mulheres.

Mesmo tendo se tornado um rapaz grande e de porte atlético, um soldado de primeira linha, a delicadeza em suas maneiras, os cachos perfeitinhos e com aroma de morangos e o rosto de boneca não passavam a imagem de um futuro rei forte e destemido. Quando tinha dezenove anos, o príncipe teve um ataque ao que uma jovem da nobreza lhe roubara um beijo durante a valsa.

Sua irmã sussurrou em zombaria a um conhecido "que bela princesa cacheada é meu irmão não acha?" e o apelido se espalhou feito a praga. Ninguém mais conseguiu se referir a ele como o príncipe herdeiro, mas sim como a princesa cacheada.

PRINCESS CURLYOnde histórias criam vida. Descubra agora