Não sou adepta sempre de música clássica, mas as vezes de quando em quando ouço Mozart pra silenciar o peito.
As músicas não cantadas conseguem dar voz ao que sinto e por vezes é nessa hora, de notas soltas ao nada, lançadas ao espaço que percebo a fome do meu corpo e vejo proliferar nos cantos vazios da alma a grandeza dos sons e do meu desejo... Deito na cama, apago as luzes e viajo ao som do piano.
Desfruto minha companhia, ouço a natureza morta deliberadamente vívida, vejo-me refletida em um espelho imaginário e gosto da beleza trágica que circunda meu existir : Flertar com a solidão, o gosto pelo belo, coração delirante, poético dentro do cenário onde existe sempre uma versão saturada de mim, do meu corpo flamejante de desejo, transparências de tecidos finos onde se percebe mamilos delineados propositalmente, como uma marca - um lembrete insistente do meu pacto com a libido: nunca me podar o sol da tarde que condensa a vontade do toque, mas não de qualquer toque, quero o meu toque...Aquele que conhece cada centímetro do meu êxtase, cada onda de gozo que emana de mim...
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A Sinfonia do Corpo
Short StoryNão sou uma adepta sempre de música clássica mas as vezes de quando em quando ouço Mozart pra silenciar o peito. As músicas não cantadas conseguem dar voz ao que sinto e por vezes é nessa hora, de notas soltas ao nada, lançadas ao espaço que percebo...