Já Te Amei?

Nunca Deixei De Te Amar

As estrelas no céu escuro, brilhavam reluzentes sobre o olhar contemplador da Yeh.

Essa que estava na varanda do quarto, da casa recém comprada.

Como as crianças estavam em fase de crescimento, ela e Soojin acharam melhor comprar um imóvel maior, com quintal grande, para as pequenas poderem bater perna pelo gramado ou correr pelos cômodos tranquilamente. Como toda criança deveria fazer.

E haviam tomado uma decisão perfeita, devido ao fato das garotas terem passado o dia inteiro perambulando de um lado para o outro, admiradas pelo espaço enorme, diferente do antigo apartamento.

O vento fraco e frio soprou seus cabelos e o som da porta se abrindo sequer foi ouvido.

— Elas já dormiram, estavam pilhadas até agorinha! –  A coreana falava bem humorada enquanto encurtava as mangas da blusa que usava, se preparando para dormir. — Shuhua… Shuhua-ah! – A mulher despertou de seus devaneios ao ouvir a exclamação da outra. Entregando-lhe um olhar confuso assim que se encararam.

— Tô ouvindo.

— O que tanto olha? – Soojin ignorou sua fala desleixada, chegou perto e abraçou-a por trás, num aperto quentinho. Ato muito bem vindo por conta do frio que se iniciava.

— Nada demais. – Respondeu tranquila, seus pensamentos vagavam de um lugar para o outro. Não eram ruins, ao menos, apenas profundos. — Demos muito certo, não?

— O que quer dizer? – Seo resolveu apenas se deixar levar pelos questionamentos noturnos da esposa. Apoiou o queixo sobre seu ombro, de maneira carinhosa, enquanto esperava uma resposta.

— Nossas vidas. Deram muito certo.

— Não chegamos nem aos trinta ainda, e você já está satisfeita? – A coreana perguntou risonha, conseguindo um pequeno sorriso da mulher.

— Acho que sim?...Pense bem, nessa sociedade completamente homofóbica, na Coréia principalmente, nós conseguimos separar nossa vida pessoal da profissional e somos reconhecidas pelo nosso trabalho e talento, tanto individualmente como em conjunto. Vivemos bem, podemos viajar e temos uma família, nossas meninas. Isso é louco… – Terminou seu monólogo reflexivo apoiando as costas no tronco da mais velha, aproveitando para escorar a cabeça em seu ombro, podendo olhar a lua de forma mais clara.

— Podemos nos considerar end game então? – Falou divertida recebendo um tapinha no braço. — Tudo bem, falando sério. É realmente incrível a sorte que tivemos. Não foi perfeito, nada é, mas mesmo todo aquele hate quando as meninas nasceram, época que fiquei preocupada até, foi possível enfrentar porque estávamos unidas. Assim como agora, certo? – Finalizou com um beijinho de esquimó, fazendo a mais velha sorrir pelo ato.

— Pensando assim faz sentido, quando estamos juntas tudo fica mais fácil. Até passar uma noite com Yuqi e Minnie, depois de uma bebedeira. – As duas não evitaram a risada ao lembrar do momento de três dias atrás.

— A nossa tailandesa não costuma beber, mas quando bebe perde o pouco juízo que tem. – Suspirou alegre, tudo andava como devia ser até ali. — Me lembre de não deixar ela beber sozinha com aquela maluca.

— Não preciso te lembrar, Miyeon com certeza não seria louca de deixar isso acontecer… – A coreana concordou em compreensão.

Alguém tinha que ter mais de dois neurônios naquele grupo.

As mulheres se aconchegaram novamente uma na outra quando mais uma corrente de vento bateu em suas peles meio cobertas. O silêncio compartilhado era bem vindo, nada ali era estranho, estavam em seu momento mais particular. Shuhua observava fixamente o céu estrelado, bonito, deslumbrante e...