Capítulo 2: Há algo por trás? (Parte 1.)

166 11 48
                                    


12/09/1938

Em certos momentos, algumas atitudes parecem tão espontâneas que não nos damos conta de que tudo pode ter sido pensado e calculado minutos antes. Muito trágico? Talvez... mas acontece.

Às 14:00 da tarde de uma certa quarta-feira, as coisas corriam de forma tranquila na repartição de uma das revistas mais influentes da cidade.

O toque que regia o ambiente se resumia em barulhentas e inúmeras teclas das máquinas de escrever sendo apertadas ao mesmo tempo.

O clima? Imensamente agradável! Uma brisa leve recobria o local deixando tudo melhor.

De fato, a locação parecia tranquila naquele dia.

Os demais funcionários jogavam conversa fora na recepção enquanto os escritores e redatores faziam o trabalho pesado nos andares de cima.

No entanto, parecia que alguém além daqueles ali presentes estava interessado em algo a mais do que meras conversas paralelas.

Uma pequena menina de cabelos cacheados esperava, levemente, escondida pela sua baixa estatura atrás do balcão de uma das recepcionistas recém contratadas.

— Posso ajudar? — A mulher perguntou olhando para baixo. Estranhou o fato de ser uma criança.

— Eu quero ver a minha mãe. — A menina  de uniforme escolar e boina disse calma enquanto enrolava seus longos cachos castanhos escuros.

— Desculpa... como é? — Ela, realmente, não entendeu. Quem era aquela menina?!

A jovem bufou e pôs o cabelo para trás.

— Eu sou Laura Batista Petruchio e eu quero ver a minha mãe! — disse desta vez mais séria.

— Sua mãe? — perguntou novamente confusa.

— Você é nova aqui, não é? — Laura a indagou tentando ficar nas pontas dos pés para falar.

— Como sabe? — A moça ficou surpresa. Ela deveria conhecer aquela menina que parecia mais uma adulta falando com tanta propriedade?

— Porque todo mundo aqui conhece a minha mãe.— Por fim Laura desistiu de ficar na ponta dos pés. Aprumou sua boina e cruzou os braços.

Por sorte, ou coincidência do destino, um homem alto e bem apanhado "surgiu" pela porta neste exato momento de repentino desespero da recém contratada. Ele avistou a menina atrás do balcão e sorriu. Não tinha como não reconhecer.

— Laura! Que surpresa boa te ter por aqui! — O homem se aproximou e piscou para a senhora que a atendia como um sinal de "deixa comigo."

— Fran! — Laura se virou e foi em sua direção.

Os dois se cumprimentaram com um abraço.

— O que traz a mini Catarina a nossa repartição? E a essa hora... — Francisco olhou em seu relógio de bolso.  — Você não deveria estar na escola? — seu tom soou preocupado. 

— Sim, mas a escola nos liberou mais cedo. — A menina tirou a mochila das costas. — Reunião do conselho de classe. Eles sempre fazem isso.

O antes, o agora e o depois [...]Onde histórias criam vida. Descubra agora