— Giulia, pelo amor de Deus, como assim? — Anne perguntou, sem acreditar no que tinha ouvido.
— Isso mesmo o que você ouviu. Eu não quero você nesta casa. Pode preparar as suas malas e sair da minha casa!
Giulia estava olhando para as próprias unhas recém manicuradas enquanto falava.
— Mas essa casa era do meu pai, era da minha mãe! — Anne se alterou, recebendo como resposta um tapa estalado no rosto.
Giulia a olhava com fúria.
— Você tem uma hora pra pegar as suas tralhas e sair daqui, sua fedelha nojenta! Essa casa é minha, tudo aqui é meu! — ela olhou para Anne com desprezo. — Sinta-se feliz por eu deixar você sair daqui com mais do que a sua roupa do corpo.
— Pra onde eu vou? — Anne perguntou, as lágrimas escorrendo pelo rosto, enquanto o segurava. Apesar de Anne não ser do tipo que abaixava a cabeça para tudo, ela havia acabado de perder o pai e ainda estava sem conseguir reagir a tudo ao redor dela.
— Isso não é problema meu. Uma hora, é o que eu te dou — Giulia a olhou com desdém e um sorriso brincava em seus lábios. — Ou os seguranças te tiram daqui à força!
A mulher de cabelos longos bem cuidados virou as costas, pegou a bolsa dela e saiu, não sem antes dar instruções para que as malas de Anne fossem revistadas antes que a mesma fosse embora, a fim de que a menina não "roubasse" nada.
Anne caiu de joelhos no chão. Ela tinha perdido o pai e toda a fortuna dela. Não ficou nada e ela sabia que tinha algo de errado! Mas ela era apenas uma menina de 18 anos, que não entendia bem de certas coisas.
— Vem, querida. Eu te ajudo a fazer as malas — Dona Joana, a empregada da casa, sorriu gentilmente para Anne. — Eu tenho um lugar pra você ir, minha filha.
Anne concordou com a cabeça, ainda sem acreditar muito, e seguiu Dona Joana escada acima.
***** ***** ***** *****
— Ah, qual é, princesinha! Eu tenho certeza de que você vai se divertir! — Gabriela, uma morena muito bonita e com um sorriso mais do que simpático, disse para Anne.
— Gabi, eu não sou de festas, você sabe disso — Anne nunca foi festeira, e desde que tinha ido morar na comunidade, ela evitava ainda mais as festas. Ela tinha medo de se envolver com as pessoas erradas. — Olha, eu vou pensar, ok? Eu tenho que estudar e esse fim de semana eu trabalho.
— Tá bem, tá legal — Gabriela jogou as tranças para trás.— Mas faz um esforcinho, vai? É o meu aniversário, pô!
Anne sorri. Ela sabia que acabaria cedendo. Era o primeiro aniversário que ela passaria como amiga de Gabriela, e seria muita ingratidão não ir. Aquela moça foi a primeira desconhecida a lhe estender a mão.
Gabriela deu um beijo no rosto de Anne.
— Vou te esperar, viu? — Ela disse e jogou um beijo por sobre o ombro, antes de sair.
Anne já estava vivendo ali na comunidade há alguns meses e ela ainda não havia ido a nenhuma festa sequer. Na verdade, as pessoas meio que a achavam estranha. Era bem claro que ela não era dali, não só pela aparência de "gringa", mas também pela forma como ela falava e como ela se vestia. Eles a chamavam de "Princesinha".
A moça achava aquilo cômico. A princesinha que morava num kitnet dentro da comunidade. Antes ela morava praticamente num palacete, agora, tudo o que ela possuía cabia dentro daquele espaço diminuto de menos de trinta metros quadrados.

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Morro de Amores - DEGUSTAÇÃO APENAS. LIVRO DISPONÍVEL NA HOTMART, NO MEU PERFIL
RomanceQuando o pai de Anne morre, ela é expulsa de casa pela madrasta, que diz ser a dona de tudo. Sem ter pra onde ir, ela acaba indo parar na comunidade e é quando a vida dela vai dar um giro de 180 graus. Da mansão luxuosa ao quartinho na comunidade. J...