Na manhã seguinte, Charlotte acordou com muita dor de cabeça. Ela se mexeu na cama, um pouco incomodada com a claridade que entrava através da grande janela que havia no quarto.
Se levantando da cama, Charlotte foi andando vagarosamente até o banheiro, e se olhou no espelho. A sua aparência estava péssima. Seus olhos estavam vermelhos de tanto que ela tinha chorado, e estavam um pouco inchados também. Ela estava mais branca que o normal, seus cabelos loiros que costumam ser vividos e brilhantes, estavam presos em um rabo de cavalo baixo, todo bagunçado.
Enquanto ainda se olhava no espelho Charlotte se lembrou de tudo o que tinha acontecido depois que ela saiu do orfanato. Ela se lembrou da perseguição de carro, dos tiros e principalmente de John sangrando na sua frente. Ela ainda não estava acreditando que John tinha morrido. Eles mal se conheciam, mas mesmo assim, ela estava muito triste com a morte do segurança.
Depois de tomar um longo banho, ela vestiu um shorts jeans, e uma blusa de moletom preta que era de Casey.
Após se certificar de que estava apresentável, Charlotte saiu de seu quarto, e foi ate a cozinha onde ela sabia que encontraria Rebecca cozinhando alguma coisa.
-Que horas são para você já estar fazendo o almoço? - Charlotte perguntou chamando a atenção da empregada.
-Bambina você acordou! - Rebecca falou indo até ela. - Você está bem minha querida? Meu Deus, olha só para esses seus olhinhos vermelhos. – Ela acariciou o rosto ainda abatido de Charlotte.
-Eu estou bem Rebecca. Fica tranquila. – Charlotte sorriu fraco. - Que horas são agora? - Ela perguntou novamente.
-Já passa da uma hora... - Rebecca olhou no seu relógio de pulso.
-Caramba eu dormi demais.
-E com razão. Você e o menino Casey chegaram muito tarde na noite passada. Ele estava tão preocupado com você Charlie. Na verdade ainda está.
-Ele saiu? Eu ainda não o vi e nem ouvi a sua voz.
-Ele está no escritório já faz algum tempo conversando com o senhor Giovanni, e com o Lorenzo.
-Entendo... – Charlotte suspirou pesadamente.
-Venha se sentar aqui bambina, eu vou te servir um pouco de suco de laranja que eu sei que você gosta, e vou fazer aquelas torradas bem crocantes que eu sei que são as suas favoritas. - Rebecca falou puxando Charlotte para a ilha da cozinha, e a fez sentar um do dos banquinhos.
-Eu não estou com fome Rebecca.
-Você vai comer sim, e não adianta se negar. Charlie você passou por um grande estresse ontem e não jantou. Você precisa se alimentar.
-Tá bom, mas eu vou comer só uma torrada. Eu realmente não estou com fome...
-Ok, uma torrada. – Rebecca se deu por vencida.
Meia hora depois Casey, Giovanni e Lorenzo saíram do escritório. Os três homens não estavam com umas cara muito boa. Eles estavam putos com tudo o que tinha acontecido na noite passada.
-Charlotte como você está? - Giovanni perguntou quando a viu na cozinha.
-Eu estou bem senhor Salvatore. – Ela forçou um sorriso tentando mostrar que estava bem. – Obrigada por perguntar.
-Eu sinto muito pelo o que você passou ontem. Eu e Casey já estamos tomando providências referentes á os russos que te perseguiram ontem. Eles vão pagar por tudo o que fizeram.
-É, nós já estamos atrás da cabeça de cada um deles. - Casey falou com raiva.
Casey não tinha pregado os olhos a noite inteira. Depois que deixou Charlotte dormindo no quarto, ele é Lorenzo começaram a procurar pelos responsáveis por aquele ataque contra a sua esposa. Giovanni chegou na cobertura as nove da manhã, e os três só foram sair de lá a tarde.
-O senhor vai ficar para o almoço? - Rebecca perguntou para Giovanni. - Já está quase pronto.
-Hoje eu não vou poder ficar. Fica para a próxima Rebecca. – Giovanni sorriu cordial para a governanta de seu filho.
-Tudo bem senhor Salvatore.
Depois de levar seu pai e Lorenzo até a porta, Casey voltou para a cozinha. Ele queria saber com Charlotte estava.
-Você está bem? - Casey perguntou passando a mão nas costas dela. – Conseguiu descansar?
-Eu estaria bem melhor se a noite de ontem não tivesse existido. - Charlotte falou tirando a mão de Casey das suas costas. – Eu dormi feito uma pedra, nem me lembro direito como fui parar na cama.
-Eu sei que ontem a noite não foi das melhores. Eu fiquei louco quando o Lorenzo me falou da sua ligação, e me contou o que tinha acontecido. Eu fiquei desesperado Charlie. – Casey falou se lembrando do desespero que sentiu naquela hora.
-Já aconteceu, esquece Casey.
-Eu não vou esquecer Charlotte. Aqueles porcos russos bebedores de vodca poderiam ter te matado. Vai ter volta o que eles fizeram. Eles não vão sair ilesos dessa.
-Sabe, se você não tivesse me obrigado a casar com você, eu estaria agora na faculdade em Washington, feliz e o John estaria vivo! - Charlotte gritou.
-Você está falando que a culpa pelo o que aconteceu ontem é minha Charlotte? – Casey perguntou incrédulo.
-Eu não sei, talvez Casey! - Ela se levantou irritada. - Eu só sei que a minha vida era muito melhor quando eu não sabia que você existia. Eu era feliz, e não corria nenhum tipo de risco de vida. - Charlotte falou, e saiu da cozinha, indo para o jardim.
Casey a olhou sair ainda sem acreditar no que tinha acabado de ouvir dela.
-Eu não acredito que ela está me culpando pelo ataque de ontem Rebecca. – Ele se voltou para a governanta que observava tudo calada.
-Fica calmo meu filho. A menina Charlotte ainda está muito nervosa com tudo o que aconteceu ontem. Dá para ver que ela está traumatizada, e muito triste com a morte do John.
-Quer saber, eu vou voltar para o escritório.
-Mais você não vai comer? O almoço já esta quase pronto.
-Depois eu almoço Rebecca, depois. – Casey saiu da cozinha, e viu Charlotte deitada em uma das espreguiçadeiras toda encolhida, com a touca do agasalho que usava cobrindo sua cabeça.
...
Charlotte ficou deitada na espreguiçadeira por um bom tempo. Naquele momento ela só queria ficar sozinha, e colocar sua cabeça no lugar. Ela ainda estava processando tudo o que tinha acontecido ontem a noite. Cenas do que tinha acontecido passavam pela sua cabeça. Ela via repetidas vezes John sangrando, a mandando seguir sem ele. Ela o imaginava morto, sozinho naquela viela.
Após uma hora e meia, Rebecca foi até o jardim chama-la para almoçar, porém Charlotte também não quis ir comer. Por mais que Rebecca tenha insistido muito, Charlotte não quis almocar, ela não estava com fome.
As quatro horas da tarde, Charlotte se lembrou que tinha prometido ligar para sua mãe hoje.
Como tinha perdido seu celular no meio daquela confusão toda, ela usou um dos telefones fixos da cobertura para fazer a ligação.
-Alô, quem é? – Maggie atendeu.
-Oi mamãe... - Charlotte falou ficando com a voz embargada. Ela estava morrendo de saudades de sua mãe.
-Oi Charlie! Eu pensei que você não iria mais ligar hoje.
-Ah, me desculpe eu estava meio ocupada. - Ela mentiu. Charlotte não podia contar para sua mãe o que tinha acontecido com ela na noite passada. Maggie ficaria louca se soubesse. - Como estão as coisas por ai? O papai está bem?
-Ele está sim! Daqui a pouco ele chega da empresa. – Maggie começou a contar o que estava acontecendo em casa, e Charlotte ouviu tudo em silêncio. Evitando falar o máximo possível, para não transparecer a sua tristeza. - Mais me fala, como está o Casey, ele está bem?
-Ele está ótimo. Agora ele está no escritório aqui de casa trabalhando.
-E como está a relação de vocês? Está indo tudo bem neste aspecto? – Maggie perguntou curiosa. Charlotte nunca falava da relação deles, ela sempre corria desse assunto.
-Está indo melhor do que eu imaginava... O Casey até que é legal, gentil as vezes. Mas ele fica mais tempo fora do que aqui em casa, então eu não tenho do que reclamar. - As duas conversaram por mais alguns minutos, até que Charlotte viu Rebecca se preparando para ir embora. - Mãe agora eu tenho que desligar. Eu te ligo no final de semana, ok?
-Tudo bem filha. Fica com Deus, eu te amo.
-Eu também te amo mamãe. - Charlotte sorriu ao ouvir aquelas palavras de sua mãe, e finalizou a ligação.
Colocando o telefone no suporte, Charlotte foi até a empregada, que já se direcionava até a porta.
-Você já esta indo embora?
-Estou sim. Amanhã eu estou de volta, ok?
-Tá bom. - Charlotte sorriu fraco.
-E Charlie vê se fica bem, tá bom? O Casey está preocupado com você. Ontem depois que ele te deixou no quatro dormindo, ele ficou aqui fazendo várias ligações, só querendo a cabeça de quem atacou o carro que você estava... Não pegue tão pesado com ele.
-Eu fui muito rude com ele hoje mais cedo, não é?
-Só um pouco.
-Eu vou falar com o Casey mais tarde, e vou pedir desculpas. Eu não estava raciocinando muito bem antes. – Charlotte falou arrependida.
-Faça isso bambina. Sabe, o Casey gosta muito de você, e só quer o seu bem. – Rebecca afagou o braço direto de Charlotte.
-Obrigada por estar aqui do meu lado Rebecca. Eu te adoro. – Charlotte a abraçou forte.
-De nada querida. – Ela retribuiu o abraço. - Tenha um bom final de tarde minha bambina. - A mulher falou se afastando, e indo até a porta.
-Você também Rebecca. - Charlotte acenou para ela.
(...)
Chovia forte hoje em Nova York. Já era noite, e Charlotte continuava na sala deitada no sofá vendo a chuva cair no jardim.
Casey não tinha saído do escritório até agora. E parecia que ele não iria sair tão cedo de lá.
Passava das oito horas da noite quando Charlotte resolveu se levantar, e ir falar com seu marido em seu escritório. Andando de vagarosamente pelo corredor, Charlotte foi até a porta do escritório, e ficou lá parada tentando ouvir algum barulho lá dentro. Porém ela não ouviu nada.
Tomando coragem para falar com Casey, Charlotte bateu na porta e o silêncio continuou. Então ela bateu novamente.
-Entra. - Charlotte ouviu Casey falar.
-Com licença... - Ela falou abrindo a porta. - Você está muito ocupado? - Ela perguntou com vergonha colocando uma mexa de cabelo atrás da orelha.
-Não estou mais. - Casey arrumou a sua postura na cadeira, e fechou o seu notebook. - O que você quer? – Ele perguntou frio.
-Eu vim te pedir desculpas por ter falando com você daquele jeito na cozinha hoje mais cedo. - Charlotte se aproximou da mesa dele. - Eu estava nervosa com tudo o que aconteceu ontem. E só estava procurando alguém para despejar toda a minha raiva. Me desculpe Casey.
-Esta tudo bem Charlotte. – Ele deu de ombros. - Não é a primeira vez que você é ríspida comigo, e eu tenho certeza de que essa não será a última. - Casey se levantou, e indo para a frente de sua mesa. Ficando a poucos metros dela. - Como você está?
-Estou bem. - Ela deu de ombros. - Foi um susto tremendo o que aconteceu, e ainda tem o John que acabou sendo bailado e morto nessa confusão toda.
-Ele era um bom homem. Trabalhava com a gente já fazia um bom tempo... Por isso que eu confiei a sua segurança á ele. Eu sabia que ele iria cuidar bem de você.
-O John tinha família?
-Até onde eu sei não. Ele era um cara muito reservado, não falava muito da sua vida pessoal. Mas se ele tiver alguém, eu vou descobrir e vou tratar de cuidar do futuro dessa pessoa. – Ele garantiu.
Charlotte não o respondeu, e abaixou seu olhar para os seus pés descalços. Ela mão sabia mais o que dizer para ele.
-Então, você ainda não comeu nada ainda, né? – Ela quebrou o silêncio, e voltou a olhar para ele.
-Ainda não. - Casey se encostou na sua mesa e cruzou os braços, a observando.
-Eu estou com fome, e a Rebecca fez o almoço, que provavelmente está no forno esperando por nós. Você quer jantar? – Ela sorriu fraco.
-Quero sim. – Casey baixou sua guarda, e também sorriu.
-Então vamos. - Ela indicou a porta do escritório.
Antes de sair do escritório, Casey pegou Charlotte pelo braço, e a trouxe para perto dele. Como era mais alto que ela, Casey abaixou sua cabeça para conseguir olhar para o belo rosto de sua esposa. Charlotte o observava esperando que ele fala-se algo, porém casey permaneceu em silêncio.
Tirando suas mãos dos braços dela, Casey as subiu até seu rosto, e o acariciou. Charlotte fechou seus olhos, e sentiu o toque suave dos dedos dele em sua pele.
Casey passou seu dedo nos lábios dela, louco para beija-los, mas se segurou. Ele não queria força-la a fazer algo que não queria. Então ele apenas beijou a testa dela. Foi um beijo suave, e casto que mostrava todo o alívio que ele sentia por ela está sã e salva de volta a cobertura deles.
-Eu acho que conheço esse moletom que você está usando... - Casey falou se afastando de Charlotte, e observando a peça de roupa, que ficava muito grande e folgada em seu corpo.
-Eu gosto, é confortável e quentinho. – Ela sorriu.
-É, ficou melhor em você do que em mim... – Ele comentou indo para a porta do escritório.
Charlotte sorriu com o comentário, e o seguiu até a cozinha, onde eles jantaram, sentados um de frente para o outro.
Eles trocavam algumas palavras de vez em quando, e sorriam também. De uma hora para a outra o ambiente havia ficado leve, e Charlotte quase se esqueceu do que ela tinha passado a quase vinte e quatro horas atrás.
A partir daquela noite, depois de tudo o que havia acontecido, Charlotte tinha definitivamente resolvido tentar ter um bom relacionamento com Casey. Ela não queria mais perder tempo brigando com ele.
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Dangerous Love (Finalizado)
RomanceCasey Salvatore era um homem experiente que vivia uma vida perigosa na máfia em Nova York. Em breve ele iria tomar conta de todos os negócios do seu pai Giovanni Salvatore, que iria ceder oficialmente o seu lugar como chefe da máfia italiana para se...