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O mês seguinte passou voando, com todas as preparações para a mudança para o Rio de Janeiro e o estudo do roteiro. Eu teria que passar um mês na Cidade Maravilhosa para as gravações, o que não me chateava nem um pouco, e decidi estender a estadia em terras cariocas por mais dois meses - já que estava incluída em diversos eventos de divulgação por ser a protagonista. O filme só seria lançado no próximo semestre, mas era uma das apostas do streaming para o cinema nacional naquele ano, então a equipe de marketing fazia muitos planos.

Eu já sentia falta da minha família enquanto subia as escadas do prédio que agora era minha casa. Assim que entrei no apartamento pequeno porém aconchegante no terceiro andar, larguei as malas em qualquer canto e me joguei na cama.

Meu celular tinha muitas mensagens: minha irmã, meus pais, meus amigos de Belo Horizonte, meu colega de elenco. Há um mês, João Pedro disse que me chamaria para jantar quando eu voltasse ao Rio. Agora, o convite era de um almoço com boa parte da equipe do filme.

A mudança me deixou com uma sensação estranha. Por algum motivo, queria passar as horas intimistas de um jantar a sós com ele, mas a mera ideia de tanto tempo ao seu lado sem pessoas ao redor me deixava nervosa. Pelo amor de Deus, eu o conheci por um dia, nem tinha motivo para pensar nesse tipo de coisa!

Confirmei minha presença no almoço do dia seguinte, garanti que estava bem nas mensagens para a minha família e desliguei o celular. Precisava dormir até o dia seguinte, porque suspeitava que minha rotina nova seria cansativa - afinal, eu tinha acabado de chegar e já marquei um compromisso ao qual queria muito comparecer.

 Precisava dormir até o dia seguinte, porque suspeitava que minha rotina nova seria cansativa - afinal, eu tinha acabado de chegar e já marquei um compromisso ao qual queria muito comparecer

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No dia seguinte, cheguei ao restaurante no horário marcado, mas nenhum dos convidados estava lá. Sentei à mesa indicada pelo garçom - na varanda, com uma vista espetacular do jardim volumoso e bem cuidado lá fora. Menos de três minutos depois, Meredith e Max, o diretor, chegaram juntos.

Cumprimentei-os com um abraço rápido. Os dois tinham um jeito muito parecido e, a julgar pela proximidade, eram um casal. Meredith tinha comentado no mês passado que eles tinham vários projetos anteriores em comum.

Alexia, a roteirista, entrou na varanda com óculos escuros e todas as roupas pretas. Ela colocou a bolsa na cadeira à minha frente, empurrou os óculos para pararem no cabelo e deu um sorriso cansado.

Para ser sincera, ela parecia estar com uma ressaca daquelas.

- Achei que não ia chegar nunca. O trânsito me deu uma dor de cabeça terrível - ela comentou, sentando-se antes de dizer: - Bom dia a todos.

Ela era tão séria quanto eloquente, o que cuminava em uma personalidade peculiar.

- O que te deu uma "dor de cabeça terrível" não foi exatamente o trânsito, né, Alexia? - Meredith respondeu com um sorrisinho, e Max disfarçou uma risada.

- Não sei do que você está falando - Alexia retrucou.

Quando Meredith abriu a boca para responder, um grupo bastante animado passou pelas portas largas da varanda. João, Bruno, Oliver e Brenda cumprimentaram todos nós com abraços calorosos e ocuparam os lugares restantes da mesa.

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