48.

1.2K 157 111
                                    

Pov Marília

A palavra dor é tão pequena, mas pode expressar tantas coisas, tão limpa, mas pode trazer as suas piores lembranças, ou a dor de não poder voltar nas melhores.

" - Como não? Eu só estraguei a sua vida - Pergunto em meio às lágrimas - Eu fiz você se casar cedo, você nem queria ter filho tão cedo assim, seu sonho é abrir o seu próprio hospital, mas não dá, porque você está aqui presa comigo.

- Você fala como se ter você, não fosse o meu maior sonho - Ela fala segurando meu rosto - Eu aceitei seu pedido de casamento, porque eu queria me casar com você, eu tive o Léo, porque eu queria gerar o seu filho, você não me obrigou a nada, tudo que eu fiz, foi porque eu te amo, mais do que qualquer pessoa nesse mundo.

Apoio minha cabeça no seu ombro e sinto ela me abraçando.

- Tudo que eu fiz, Lila, foi porque eu te amo. "

Mas a dor acaba, diferente do que muitos pensam, ela acaba, ela é limitada. Por que depois de um tempo, você para de sentir, não porque parou de doer, mas porque a sua mente anestesiou e você passa a sentir nada, como se não fizesse diferença.

Os meus pulsos amarrados, meu corpo coberto por sangue, minha pele encostando no chão gelado, não me abalam mais, não sinto nada, nada além de um vazio enorme, como se eu estivesse a beira de um abismo, pronta para me jogar.

- Bom, eu já terminei de resolver as coisas com a sua esposa - Henrique fala segurando meu rosto - Agora sim... podemos conversar.

- A minha filha, seu desgraçado - Sussuro entre os dentes.

- Aí Marília... já foi, você já perdeu... cinco? Cinco ou seis? Mais um não faz diferença.

Meus olhos enchem de lágrimas e eu tento me soltar, mas de nada adianta.

- Eu já imaginava, que se eu colocasse Maraisa em qualquer situação de perigo, você viria atrás - Ele começa a rir e se afasta de mim - Só não acha que fosse tão fácil.

- Não é mais fácil me matar de uma vez?

- Eu não vou te dar o mesmo fim que o seu amigo - Ele fala rindo - É muito cruel...

- Amigo?

- Por favor... O Gustavo?

Ele matou o Gustavo, apenas com as pernas livres, eu chuto o homem para longe, fazendo ele se aproximar de mim novamente e chutar a minha barriga com força.

- Se me bater de novo é pior - Ele cospe em mim - Você vai me escutar.

- Eu prefiro morrer de uma vez do que te escutar, seu filho da puta.

- Você acha que vai morrer tão facilmente? Não... você vai pedir para mim acabar com a sua vida.

- Só de ouvir a sua voz eu já tenho vontad-

Henrique me acerta com um tapa no rosto, depois segura entre as suas mãos.

- Você roubou tudo de mim - Ele fala apertando seus dedos na minha bocheca - A minha mulher, os meus filhos.

- Ela nunca te amou...

- Ela vai me amar - Ele concorda com a cabeça - Você não vai estar aqui para ver... mas eu te levo flores.

Travo a minha mandíbula e chuto o homem para longe novamente. As lágrimas descem pelo meu rosto, não estou triste pela minha vida, até porque isso eu espero que acabe logo, mas as lágrimas são pela minha esposa, pelo meu filho e pela nossa pequena Zoe, que foi embora, como todos os outros.

Henrique se aproxima de mim e me puxa pelo cabelo, fazendo eu olhar nós seus olhos.

- Infelizmente... para deixar a passagem totalmente limpa... eu vou ter que dar um fim no pequeno Léo também.

Meu sangue ferve e eu mordo a mão do homem e chuto ele para longe, fazendo meu irmão cair no chão. Ninguém mexe com o meu filho, uma mãe tira forças de onde não tem, para proteger quem ela ama.

Mas quando Henrique se levanta, ele começa a me bater, esmurrando meu corpo, a minha única reação, é proteger a minha barriga. Na esperança que se ela estiver viva ainda, que siga assim.

" - Lila...

- Oi, amor.

- Se um dia... você quiser tentar de novo, eu vou estar aqui...

- Você quer que eu tente de novo?

Ela fica em silêncio, sei como a minha esposa tem medo de me machucar.

- Pode falar, amor...

- Meu maior sonho é ter uma filha sua, Lila..."

Quando ele se afasta, eu não consigo me mexer, ele provavelmente quebrou algum osso do meu corpo, pela dor insuportável que me invade. Tento me sentar, mas nem isso consigo e começo a chorar pela dor.

- Eu quase morri, Marília - Ele fala rindo - A garrafa me acertou em cheio, mas você me salvou, porque eu não iria morrer sem me vingar de você.

- Eu nunca te fiz nada...

- Fez, você sabe que fez - Ele fala rindo - Eu não iria te pegar, o objetivo era o meu amor, mas Maraisa é muito mais inteligente que você, não o suficiente, porque eu descobri seu plano com a polícia, mas ela é muito mais inteligente.

- Lava a sua boca para falar da minha esposa...

- É... mas ela vai ser viúva agora - Henrique fala rindo e senta na minha frente - Não nego que foi difícil, difícil entrar na fazenda, Eduardo me ajudou bastante, foi difícil entrar no condomínio, eu até quase atropelei meu amor naquela viagem de vocês duas, eu juro que foi sem querer, eu nunca iria machucar ela.

- Ela ficou com medo, desgraçado - Falo com a boca cheia de sangue - Maraisa desenvolveu crise de medo, por sua culpa.

- Nós dois vamos passar por isso, não se preocupa... mas sabe qual foi o mais difícil?

- Admitir que você nunca vai ser amado?

- Não, o mais difícil, foi convencer aí nosso pai a me ajudar - Henrique segura meu rosto - Ele ajudou muito, quando te demitiu, porque fez você teve tempo, sair mais, eu cronômetrei a sua rotina, eu estava dentro da sua casa, Marília.

Então os barulhos, Léo chorando no quarto, não era nada da minha cabeça, era esse filho da puta, o tempo inteiro.

- Lembra quando você tentou se matar? Pela primeira vez? - Ele pergunta rindo - E a porta do terraço estava destrancada?

- Desgraçado.

- É... eu que destranquei, mas você nunca foi até o final, mas todas as vezes... todas as vezes eu consolei a minha mulher.

- Tão sua que se casou comigo - Sorrio fraco - Tão sua que estava dormindo nós meus braços.

- Cala a sua boca.

- Tão sua... que noite passada, ela estava gemendo na minha boc-

Sem ao menos deixar eu terminar de falar, Henrique chuta meu rosto, fazendo eu gemer de dor.

- Ela vai ser minha.

Desisto de tentar lutar, eu nunca fui tão forte assim. Meus olhos fecham, eu acabo engasgando pelo sangue que invade pela minha boca e eu paro de respirar.

" - Eu te amo, meu amor - Falo segurando seu rosto - Eu faço o impossível por você.

- Você é meu impossível, Lila..."

Ela foi meu impossível, eu só queria ter sido mais forte...

Me perdoa por não cumprir a promessa de estar com você até ficarmos bem velinha, acho que a vida não foi tão justa.

Mas eu juro que tentei.

Esposa Troféu (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora