Prólogo

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Dez anos depois...

O poder do submundo do tráfico foi feito para os homens. Eu acreditei nisso a minha vida inteira e estava pronta para aceitar essa realidade quando pus os meus pés pela primeira vez em um altar e fui obrigada a dizer sim para um homem que eu nem conhecia. Mas foi ao lado desse desconhecido que eu descobri que as coisas não eram bem assim. O poder pode estar nas mãos de quem o deseja, só precisa saber usá-lo e ter a esperteza de não deixar dominá-lo por inteiro. Sim, eu senti o seu gosto e é tão doce quanto o mel. É preciso ter muita força de vontade para manter o controle e sua consciência intacta. E por que estou falando isso? É simples, eu conheci de perto os dois lados dessa moeda; Pero e Thor.

Diferente de tudo que eu tinha como referência de pai e de mãe, com as minhas filhas aconteceu completamente diferente. Sim, eu tive três filhas com o Thor. A Luna é a mais velha e segundo o pai, ela absorveu as birras da sua mãe. A Bela veio logo depois, e é a delicadeza em pessoa, já a Cléo parece ter os olhos de águia do pai. A menina observa tudo ao seu redor e mesmo sendo tão pequena não é de levar desaforos para casa. Não sei a quem essa menina puxou! Rio dos meus pensamentos.

No entanto, é sobre o meu marido que eu quero falar e como estava dizendo, diferente de Pero e Darlan, quando a Luna nasceu Thor parecia estar no céu e praticamente não desgrudou de nós duas por semanas. Acredite, isso não foi novidade para mim, pois as emoções o acompanhou em cada exame que fizemos e em cada minuto da minha gestação. E se você quer saber, não foi diferente com a Bela e nem com a Cléo. Em cada gesto dele, não consigo não comparar com as reações do meu pai no passado, mas relaxem, é no bom sentido. Escolher o Thor para ser meu para a vida toda foi a coisa mais acertada que já fiz na minha vida e saber que as minhas princesinhas terão o mesmo direito que eu conquistei é o que me deixa tranquila. Desperto dos meus pensamentos quando a porta da sala se abre e um Thor carrancudo passa por ela. Apreensiva, pressiono os lábios, pois sei que o seu dia não foi nada bom. Você sabe, carga para entregar, roubos, propina para pagar, mudanças no poder que pode mudar o rumo das coisas. É, parece que a bruxa está solta aqui no morro. Contudo, bastou as meninas gritarem o seu nome e correrem na sua direção para a sua tromba se transformar em um belo sorriso e a bagunça começar trazendo a alegria para dentro de casa. Viram o que eu disse? Me pego sorrindo quando ele ergue a Cléo apenas com um braço e a Bela com o outro, soltando um rugido teatral para a Luna, que agitada grita e corre para cima do sofá, montando nas costas do pai em seguida. E logo as risadas se espalham por toda a casa, devolvendo a sua alegria. Escuto um suspiro sonhador ao meu lado, porém, não consigo desviar os meus olhos deles.

— Eu vivo contando as horas para ele chegar em casa, apenas para assistir essa cena. — Dona Helena comenta. Cruzo os braços e rio da bagunça divertida deles.

— Eles são realmente lindos juntos! — falo.

— Sim. Ah, a Lolita ligou avisando que está vindo com os gêmeos. — Ela avisa e após deixa um beijo materno no meu rosto vai ao encontro da minha linda e perfeita família.

Eis aí mais uma surpresa muito bem-vinda. Mamãe além de estar feliz com as suas escolhas, finalmente teve dois meninos lindos e de uma vez só. É como eu disse, o destino gosta de brincar com a gente, ou simplesmente Pero Guerra não era digno de ter herdeiros homens para fazer o seu império crescer. A final, ele demonstrou isso na sua primeira oportunidade. Ah, e não posso me esquecer da Jude. Ela finalmente abriu o seu coração para um inglês. É claro que eles não se casaram, mas dividem um apartamento e vivem felizes, e é isso que importa, certo? Já a Maya está indecisa entre dois amores. Um triângulo amoroso nada perigoso, mas eu realmente espero que essa brincadeira não a machuque e traga o verdadeiro amor ao seu coração. Os felizes para sempre também alcançou a minha amiga Júlia, que já vai na sua terceira gestação e o Yang tem se mostrado o parceiro que eu sempre quis para ela.

— Hum, estava morrendo de saudades de você, minha Fera! — Desperto quando o meu marido sussurra, deixando dois beijos pequenos no cantinho da minha boca. Ele se afasta um pouco e abre os primeiros botões da sua camisa. — Que tal aquele banho a dois antes do jantar? — Sorrio amplamente para a sua sugestão. Como veem, nada mudou entre nós e pensar que não tive o mesmo destino que a minha mãe é um acalento para a minha alma.

Ah, só pra vocês saberem, tá? Não sou mais uma gerente branca da corporação. É mais uma escolha minha aprovada pelo meu marido. Eu escolhi ficar em casa e cuidar das minhas princesas, a final, elas precisam de uma mãe por perto e viver perigosamente não era uma opção, não quando eu tenho algo bem mais valioso em jogo. Contudo, esperar o meu marido todas as noites têm me tornado uma mulher bem criativa, se é que vocês me entendem. Entretanto, não se enganem, pois nas decisões mais difíceis e as mais importantes é para mim que ele corre em busca de conselhos.

Enfim, vamos para a parte que me interessa pois o meu marido está completamente nu e molhado bem diante de mim.

A felicidade é engraçada, não é? Quando ela chega e se espalha, atinge a todos que estão ao nosso redor. É possível ver isso em dona Helena, uma mulher triste e sem perspectiva de vida, mas agora é sorridente e vigorosa. Depois tem a Lolita que era oprimida e sem motivos para sorrir, porém, agora o sorriso parece fazer parte do seu rosto. Enfim, foi assim com a Júlia, com o Yang e com as minhas irmãs.

— Ah! Ah, Nina, assim você me deixa louco! — E é isso! Estou feliz, mesmo vivendo em um mundo obscuro e forte. Porque o contrário do que muitos pensam por aí, a felicidade é para todos.

FIM!

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