O Zack... morto?

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Capítulo 14

Acordei virada de costas para Zack. Os braços dele estavam à volta da minha cintura.
Não o queria acordar. Estava a dormir profundamente. Retirei os braços dele cuidadosamente  e decidi ir preparar um pequeno almoço especial para os nós os dois.
Fui para a cozinha.
Preparei umas salsichas, dois ovos estrelados e algum bacon. Também fiz torradas.
Fiquei a ver televisão.
Passado uns 20, ele acorda e dirige-se para a cozinha.
Eu: não, não. Tu sentaste aqui.
Zack: okayy...
Eu fui buscar o pequeno almoço que preparei.
Eu: surpresa...espero mesmo que gostes.
Coloco as coisas em cima da mesa.
Eu: desculpa estar meio frio, é que eu não sabia a que horas te ias levantar então eu decidi ir adiantando logo a comida e - estava a falar muito rápido, tenho medo de que ele não goste da comida -, esquece. Deixa-me servir-te.
Peguei no prato de Zack e vi que ele apenas se ria para mim.
Eu: o que foi?
Zack: não é que...
Eu: sim...?
Zack: nada Tris, esquece.
Ele é sempre tão misterioso.
Sento-me à mesa e como.
Eu: estás a gostar?
Zack: está muito bom!
Eu: a sério?
Zack: sim, porque não?
Eu: nós em Portugal não comemos muito disto,muito menos ao pequeno almoço.
Zack: estás a falar a sério?
Eu: sim... Pequeno almoço continental. És mesmo ignorante Zack.
Zack: por isso é que estás tão elegante.
Eu: oh, obrigada. Tem de ser. Eu não costumo comer muito disto.
Zack: mas está bom Tris.
Depois disto, decidimos ir dar uma passeio a Hyde Park.
Adoro dar passeios de manhã ao ar livre.
Está frio. Temos de andar todos encasacados.
Recebo uma mensagem. Decido ir ver. É o Harry. A mensagem diz Desculpa.
Bloqueei o telemóvel.
Zack: o que foi Tris?
Eu: nada.
Continuo a receber mensagens:
Desculpa Tris.
Eu não sei o que se passa comigo.
Eu e a Kim andamos.
Mas eu não gosto dela.
Eu gosto de ti, tenho a certeza disso.
Fala comigo.
Por favor responde-me.
Eu não te quero perder.
Por favor encontra-te comigo junto ao Tate, hoje ás 16 horas.
Bloqueio o telemóvel, outra vez.
Zack: Tris?
Eu: diz Zack.
Zack:  o que foi?
Eu: é o Harry.
Zack: hm.
Ele cortou.
O Zack tem uma coisa na mão.
Zack: toma.
Eu abri. Era pão.
Aproximámo-nos do Serpentine.
Zack: espera aqui, eu já volto.
Eu: okay.
Tiro o meu telemóvel e ligo à minha mãe.
M: oláá.
Eu: oi mãe.
M: dormiste bem?
Eu: mais ou menos.
M: deves ter dormido muito deves.
Eu: olha que dormi mesmo.
M: okay querida.
Eu: mãe, o Zack pode ir almoçar?
M: claro. Sabes que eu e o teu pai agora vamos estar sempre muito atentos aos namoricos.
Eu: mãe, tipo não. Ele não é meu namorado.
M: não, não...
Eu: eu gosto do Harry, mãe. - não valia a pena insistir mais.
M: do nosso vizinho?
Eu: sim.
M: mas ele não tem namorada?
Eu: sim.
M: oh filha, não leves a mal, mas se ele não TR liga nenhuma é melhor esqueceres.
Eu: tens razão. - o caso é bem mais complicado que isso, mas se a minha mãe o soubesse, às tantas até ia deixar de falar com a mãe do Harry, o que eu não quero. Mrs.Styles é demasiado amiga dela e eu gosto de ver os meus pais felizes aqui. Com a sua própria vida, que a sua vida não dependa de mim.
M: queres que eu prepare alguma coisa em especial?
Eu: ah não...podes encomendar pão de alho para todos?
M: claro.
Eu: olha, o Zack está a chegar. Vou ter de desligar. Adeus mãe.
M: adeus Tris.
O Zack chega com um esquilinho na mão.
Eu: OH MEU DEUS TÃO LINDOO
Zack: pensei que ias gostar. Queres pegar?
Eu: claro!
Peguei no esquilo e fiz-lhe uma festa no focinho. Tão fofoo.
Zack: vamos sentar-nos?
Eu: sim.
Sentámo-nos num banco à beira do lago.
Zack: dá-lhe o pão. Estranhamente ele gosta.
Meti os pedaços de pão na minha mão e deixei o esquilo cheirar. Ele começa a comer.
Eu: hoje vens almoçar a nossa casa.
Zack: eu?! Porquê??
Eu: depois do que fizeste por mim ontem, é p mínimo que posso fazer para te retribuir.
Zack: ah, mas só nós os dois.
Eu: não. Os meus pais vão lá estar.
Zack: com os teus pais?! TRIS!
Eu: o que foi?
Zack: porque não me avisaste antes?
Eu: queria que fosse uma surpresa. Os meus pais querem conhecer-te.
Zack: uma surpresa?!
Eu: sim. Qual é o mal Zack?! F- , se é por causa dos meus pais relaxa, eles vão gostar de ti. Foram eles que te quiseram conhecer.
Zack: porque será?...
Eu: olha porque...-  exitei. Não sei o q hei-de responder.
Zack: sim?
Eu: porque se eu ando contente é por tua causa.
O Zack ficou sem reação.
Zack: decide-te Tris.
Levantou-se e foi-se embora.
Estou-me a perguntar o porquê de eu não me levantar e ir ter com ele. Não sei. Há algo que me prende.
Ainda chamei, mas não vale a pena. Ele agora ignora-me.
"Porque se eu ando contente é por tua causa.
Decide-te Tris"
Se calhar ele percebeu mal. Eu gosto do Harry, não dele.
Calma.
Fui eu que disse mal.
Ou então não.
Se eu ando contente e estável a níveis psicológicos é por causa dele.
Mas e se...? E se eu gostar dele?
Não. Não mesmo. Eu gosto do Harry. Só dele.
Gosto tanto que estou a ponderar em comparecer esta junto ao Tate. O que é que eu tenho a perder?      
Opah eu só faço porcaria. Eu queria que ele sentisse que tem uma amiga que gosta mesmo dele.
Queria que ele se sentisse suficientemente à vontade para ser ele próprio comigo, porque...eu não sinto que o conheça. Honestamente, sinto que não passamos de meros conhecidos.
Ele não se afasta, mas apesar de não se afastar, ele acaba por fazê-lo muito discretamente.
Ele cada vez se apaga mais. Tenho medo que se apague de vez.
O Zack ainda sofre com a perda do seu melhor amigo. Eu não o posso censurar... Só o censuro por ele se fechar para ele. Isso faz-lhe mal.
Ele cada vez se odeia mais. Só queria que ele sentisse que eu preciso dele e que ele não é assim tão mau. Eu adoro-o. Só espero não estar a confundir sentimentos.
Ouvi um SPLASH e um grito.

                                                 **
Olhei para o outro lado do lago.
Juntou-se uma multidão.
Oh não...
Levantei-me e corri, o mais depressa que pude para ir ver o que se passava.
Cheguei junto das pessoas e vi que Zack flutuava no lago, imóvel, de cabeça para baixo.
O meu coração está a bater super rápido, tenho de agir e depressa.
As pessoas estavam a tentar puxá-lo, mas nenhuma delas teve a coragem de entrar.
O Zack pode morrer.
Eu: POR FAVOR ALGUÉM QUE CHAME UMA AMBULÂNCIA - o pânico estava a apoderar-se de mim. O Zack não reagia.
Pousei a carteira e o casaco no chão e atirei-me ao lago sem pensar nas consequências, afinal, eu não sei nadar.
Fui ao encontro de Zack e já estava a ficar aflita. As roupas pesavam-me imenso e eu estava a ficar sem pé.
Alcancei o braço de Zack. Virei a cabeça dele de modo a ele puder respirar e inspirei bem fundo.
A água estava gelada. A cara de Zack estava a ficar muito pálida. Tinha de me despachar. Tinha mesmo.
Peguei no Zack e meti-o às minhas cavalitas.
Agora é voltar. A parte mais complicada.
Se correr mal, já são dois a morrer afogados.
Tentei flutuar como Zack me ensinara. Bati os pés com toda a minha força.
Vai correr tudo bem. Eu vou conseguir, eu tenho de conseguir.
Tentava convencer-me disto. Já não sentia os meus pés, por mais que ajudasse com os braços, é como se a terra se fosse afastando de mim aos poucos.
Doía-me a cabeça. Estava a ver tudo desfocado.
Até que senti.
Já tenho pé.
Meti os pés no chão. Que alívio. Coloquei-me de pé e agarrei bem em Zack.
Chguei.
Finalmente.
As pessoas aplaudiam.
A ambulância tinha chegado. Ainda bem. Eles trouxeram uma maca e pegaram em Zack.
Verificaram os sinais vitais e o batimento do coração dele estava muito lento. Tinham urgentemente de o levar para o hospital. Peguei na minha carreira e casacos e entrei na ambulância. Ia acompanhar Zack.
Não sei descrevê-lo. Sento um medo enorme e culpa. É óbvio que ele se queria matar. Por minha culpa.
Por minha culpa.
O Zack sofre mesmo. Ele prefere morrer a suportar a dor que estava a sentir. Ele deve sofrer mesmo muito.
Fomos para o hospital mais próximo. Perto do hotel da menina que ajudei no outro dia.
Os médicos pediram-me para esperar por algum aviso e eu fui com uma enfermeira aquecer-me.
Tenho tanto medo de o perder. Tanto mesmo. Sem ele, não sei o que vai ser.

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