Pajeú se encontrava tão distraído na cozinha de sua casa preparando o café da tarde que não percebeu quando Deodora abriu a porta e entrou.
- Pajeú? – Deodora o chamou em tom calmo e receosa da reação dele em vê-la ali. O último encontro dos dois havia sido péssimo e ela ganhou consciência de que sua atitude tinha passado dos limites quando a raiva - por Xaviera ter conseguido escapar - passou.
Distraído com sua tarefa, Pajeú se assustou com a voz da mulher e acabou deixando o copo vazio que segurava nas mãos cair no chão.
- Dona Deodora...- Ele a encarou aturdido e logo em seguida, se dando conta que o objeto havia caído de sua mão, agachou rapidamente para pegá-lo. Enquanto fazia isso, não perdeu a oportunidade de observar Deodora de modo discreto. A mulher estava de tirar o folego, como sempre bem-vestida e cheirosa, os cabelos muito bem alinhados e com ondas perfeitas. Imediatamente sentiu seu coração se agitar no peito com a visão daquele anjo.
Deodora percebeu a conferida que Pajeú deu nela e o jeito atrapalhado que o homem demonstrou com sua presença. Um sorriso bobo se formou em seus lábios, mas ela o escondeu logo que se sentiu incomodada por ter gostado da reação do homem.
- Pajeú, sei que te tratei muito mal no nosso último encontro...- Deodora começou a falar enquanto se aproximava de Pajeú, que a encarava atentamente e até então tinha esquecido que estava triste com essa atitude dela. - Mas é que eu fiquei com raiva daquela mulherzinha ter conseguido fugir, acabei descontando isso em você. – Ela respirou fundo e disse de forma sincera para Pajeú. – Você me perdoa? Desde aquele dia, não teve um momento em que não me senti culpada por ter te dado aquele tapa e de ter dito aquelas coisas.
Logo que disse isso, a mulher se surpreendeu com a presença da verdade em suas palavras. Ela precisava de Pajeú para colocar seus planos em prática, mas notou naquele momento que estava ali pedindo desculpas porque realmente se arrependia de sua atitude, novamente ela se sentiu estranha com essa sensação.
Pajeú, surpreso com a atitude de Deodora e ao mesmo tempo feliz em ouví-la pedindo desculpas, disse sorrindo:
– Oxi...Dona Deodora. É claro que eu te perdoo. - Ele segurou o rosto de Deodora com as duas mãos e enquanto falava de forma carinhosa, acariciava delicadamente as bochechas da mulher com o polegar.O coração de Deodora acelerou com o gesto do rapaz, percebendo isso, ela interrompeu o contato visual e olhou para a pequena embalagem que segurava discretamente nas mãos.
- Olhe...-Ela entregou a pequena caixinha dourada para ele, logo Pajeú percebeu que se tratava de um presente. – Vi em uma loja da cidade e... – Deodora não concluiu o pensamento, seu orgulho não permitiu dizer que havia visto aquela medalhinha e pensado imediatamente em Pajeú. – Pra reforçar meu pedido de desculpas...
- Que isso Dona Deodora. Não precisava disso não. – Pajeú disse abrindo o presente sem jeito e congelou na hora que viu o que era: Uma medalhinha de seu Padim.
Pajeú pegou a medalhinha prata e em formato redondo, maravilhado com a beleza do presente.
- Gostou? – Deodora perguntou sorrindo, não precisava da resposta dele para ela saber que havia comprado o presente certo.
- Gostei, gostei demais...- Disse o rapaz sem tirar os olhos do presente, mas logo em seguida o colocou em cima da mesa e depositou sua atenção em Deodora. – Agradecido.
- Imagina. – Os dois se olhavam fixamente, com a distância quase inexistente entre os dois, Pajeú não resistiu e puxou Deodora para um beijo demorado.
Logo que sentiu os lábios dele nos dela, Deodora correspondeu ao beijo e à medida que o homem deslizava as mãos nas costas dela em direção aos seus cabelos, Deodora sentiu os pelinhos dos braços arrepiarem e uma sensação deliciosa percorrer seu corpo.
Pajeú entrelaçou as mãos nos cabelos macios e cheirosos de Deodora, sentindo aquele perfume doce e intenso que ele tanto adorava nos cabelos dela. Qualquer sentimento de mágoa que ainda restava se dissipou em seu coração.
Deodora concentrada naquele momento, nem se deu conta do quanto se sentia bem na presença de Pajeú e a noite, enquanto dirigia de volta para casa, passou a viagem com um sorriso bobo nos lábios e a sensação de estar nas nuvens.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Apologize
FanfictionE se Deodora pedisse perdão para Pajeú e se desculpasse por suas ofensas?