Caçada ao Presidente em Fuga

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Miami – 01/01/2023 – em algum ponto oculto do subterrâneo da cidade.

— Esses VA-GA-BUN-DOS não tem mais nada pra fazer não? Já conseguiram o que queriam lá no Brasil, não podiam deixar a gente em paz?

— Pai, ainda não é tarde demais pra voltar atrás, o general segurando as pontas como presidente interino, e garantiu que dá pelo menos pra salvar a imagem da família.

— E eu lá quero saber de imagem da família, moleque! Isso é luxo, o que importa é aproveitar a vida. Tu sabe que se eu pudesse voltar no tempo nunca tinha deixado de ser deputado. Saudades do anonimato, viu!

— Eu avisei pro Senhor que era melhor ter aceitado a sugestão do meu irmão, se candidatando ao Senado! Tu ias ganhar fácil como o mais votado da história, ia manter seu foro privilegiado por oito anos! Era só usar aquela narrativa que criei, de que não ia concorrer com urnas fraudadas, já que não rolou o voto impresso...

— Eu sei, filho, eu sei..., mas tu sabe que a Michele nunca ia engolir. Aquela ordinária não quer saber de sair do topo, pegou gosto por essa história de primeira-dama. Tanto que ela tá aí agora, já dando entrada no divórcio. Além disso, achei que a vitória estava garantida depois de todas as esmolas que dei para o povo...

— E que surpresa né pai! Ela só enganou aquela crentalhada alienada, fazendo parecer que iam ter poder. Ninguém mais acreditava que ela tinha lealdade com a família, sempre fez intriga e nunca estava satisfeita, só queria status.

— Vai ficar jogando na cara até quando?! Não tem jeito, eu tinha que manter ela do lado porque os apoiadores adoram uma "bela, recatada e do lar", e essa maldita bandeira da família tradicional me obrigava a exibir um bom casamento. Isso tudo é uma arapuca, não tinha saída. Eu nunca devia ter levado a sério essa conversa de ser presidente!

— Foi uma ideia toda errada mesmo. Todo mundo queria ter ficado tranquilo nos cargos pouco observados. Mas agora aconteceu, pai. O movimento ganhou vida própria, saiu de nossas mãos.

Pai e filho finalmente chegaram nos alojamentos, no final do túnel. O diálogo imerso em frustração enfim teria uma interrupção, já que ambos precisavam atender as suas necessidades fisiológicas e tentar descansar um pouco. Não sabiam quando precisariam fugir para outro esconderijo. Apesar de seu histórico de atleta, o ex-presidente estava descobrindo que nada era tão extenuante quanto fugir de uma equipe de elite cujo objetivo era levá-lo de volta ao Brasil.

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A força mista, composta por militares, agentes da Agência Brasileira de Inteligência, a ABIN, e da Polícia Federal, estava apreensiva. O agente Nóbrega, líder da operação, tinha motivos para desconfiar que as autoridades norte-americanas já haviam sido informadas a respeito da operação clandestina que estava sendo conduzida na Flórida. E sabiam o quão implacavelmente coibiam a ação de forças estrangeiras em seu próprio solo. Não lhes faltava experiência para identificar os indícios. Todos sabiam que só tinham mais uma chance de realizar a extração antes que a missão ficasse impossível.

— Só mais uma intervenção tática e iremos todos para casa, meus amigos – bradou ele para os demais. Era crucial que a moral do time permanecesse alta.

— Para casa ou para uma prisão secreta de espiões, você quer dizer né?

— Sem pessimismo, capitão Alberto – retrucou o comandante da operação – se as coisas derem errado, lembre-se que viemos aqui voluntariamente, sabendo do risco.

— A recuperação da ordem e da justiça no Brasil vale qualquer sacrifício – emendou a agente Walkiria, da PF, mais conhecida apenas por Wal. Talvez com exceção do líder, era a mais empolgada com a missão. Só iria sossegar levando o ex-presidente de volta para o Brasil.

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