Ele outra vez

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Capítulo 15

Depois de me secar sentei-me numa cadeira na sala de espera. Tentei não pensar no pior, mas mesmo assim encontrava-me muito nervosa.

Tremia ligeiramente e ia batendo com o pé.

Olhava constantemente para o meu o telemóvel. O meu melhor amigo pode morrer.

O tempo passava tão devagar e não havia notícias.

Sentou-se uma pessoa atrás de mim e, pelos vistos, viu que eu estava anciosa.

Xxx: É horrível não é?

Eu: desculpe?

Virei-me para trás e vi que era ele. O rapaz da discoteca.

Aquelerapaz.

Lá estava ele. Sentado junto de mim.

Aquele rapaz engravida-me há cerca de dois anos. Ele é o pai do meu filho.

Do meu filho.

O filho é meu. Só meu.

Aquele não é o pai do meu filho, simplesmente não o é. Não quero que ele tenha nada a ver comigo.

Sei que é estranho, mas... Às vezes encontro-me a pensar em como teria sido estar na pele de mãe. Eu não vou mentir. Ia adorar. Lembro-me perfeitamente de quando era mais nova o negar sempre. Dizia que os filhos davam imenso trabalho e que só sabiam chorar. Percebo como fui tola e até insensível, um pouco. Adorava ser mãe agora. Ter alguém para educar, alguém que precise de mim para viver.

Se eu tiver um dia, iria amá-lo e dar-lhe o melhor de mim... E de tudo o que estivesse a meu alcance. Viveria para ele.

Gostava de conhecer o meu filho.

Pedro: Tris...

Eu: o que é que estás aqui a fazer?!

Pedro: a minha irmã está a fazer uma radiografia.

Eu: não estás a perceber...

Pedro: não?

Eu: o que é que estás a fazer aqui?!

Ele suspira.

Pedro: a minha mãe não tinha dinheiro em Portugal, agora é enfermeira aqui. Quando te vi na discoteca, vi que estavas bem e que não estavas longe de mim. Decidi mudar. Agora estudo e tenho um emprego que permite ajudar a minha mãe.

Eu: hm.

Pedro: desculpa Tris.

Eu: pára. - não estava para o ouvir, ainda por cima agora. Estou extremamente nervosa.

Pedro: por favor acredita, eu quero mudar. Eu estou a mudar e vou prová-lo. Já tenho dinheiro para pagar a pensão do nosso filho. Quero começar a atinar.

Eu: por favor, Pedro.

Pedro: diz que me perdoas, eu mudei. - aproxima-se de mim - MudeiportiTris - ,diz a sussurrar.

Eu comecei a gritar. Estava a tremer que nem uma doida.

Eu: deixa-me pode ser?! O filho não é nosso o filho é meu! Deixaste-me quando mais precisei e agora... - comecei a chorar - agora acabou. O rapaz tem uma nova família que o ama. De qualquer maneira, eu vim para Londres para me livrar de ti. ANDAR CONTIGO FOI A PIOR COISA DE TODAS QUE ME ACONTECEU NESTA VIDA! Não percebes como me deixaste desesperada?! Eu tentei matar-me várias vezes. Era como estar num poço sem fim, que ia ficando cada vez mais escuro. Só conhecia a dor.

Pedro: Tris.

Eu acalmo-me.

Eu: eu estava bem aqui, mas agora tenho talvez o meu melhor amigo neste hospital à espera de morrer. - agora estou mesmo a chorar.

Ele pousa-me a mão nas costas.

Eu levanto a cabeça.

Eu: larga-me. Nunca mais me toques, nunca mais me fales, nunca mais me procures, nunca mais me olhes...pode ser?

Pedro: mas Tris...

Eu: adeus.

Levanto-me e corro para um corredor.

Tiro um lenço e limpo as lágrimas.

Este hospital é um labirinto. Ando por aí, por corredores vazios à procura de não sei o quê, apenas para desanoviar.

Vejo uma janela. Olho para a vista da cidade.

Será que fiz bem em vir para aqui? Desde que cheguei que só faço as pessoas à minha volta sofrerem e se o Zack souber da história da gravidez, ou da existência de Pedro, será ainda pior. Cheira-me que esta não será a primeira vez dele de se tentar matar.

Agora que o Pedro me encontrou, mais vale ir embora.

Não... Não posso ir embora. Pela primeira vez sinto que pretenço a um sítio e sou feliz aqui. O Zack é meu amigo, ele precisa de mim aqui. Quando ele recuperar quero ajudá-lo a ultrapassar tudo isto. Vou ser eu, ele e a Sarah. Esquecerei o Harry, por ele e pela sua recuperação.

Zack...eu posso nunca mais voltar a vê-lo...se ele morrer vou culpar-me para o resto da minha vida. Adoro-o tanto.

Agora vieram-me todos os momentos que passei com ele à cabeça. Estou a chorar.

O telemóvel toca.

M: onde estão?

Conti o choro por uns momentos.

M: Tris o que se passa?!

Eu: vou atrasar-me um pouco mãe. Mais logo dou notícias. Desculpa mas agora não posso falar. Adeus mãe, beijos.

M: eu e o teu pai podemos começar a comer?

Eu: claro que podem.

Uma enfermeira aproximava-se de mim. Eu limpei as lágrimas, desliguei o telemóvel e corri na sua direção.

Eu: o Zack está bem?!

Enfermeira: desculpe?!

Eu: o meu amigo... - vi as minhas mãos tremerem. - o meu amigo está vivo, não está?! Diga-me que está, ele está bem. Eu sei...porque não me responde? - comecei a chorar compulsivamente - DIGA-ME COMO ESTÁ O ZACK! NÃO PERCEBE?! EU PRECISO DE O VER - comecei a gritar. Ia esganar a enfermeira.

Enfermeira: SOCORROO, UM MÉDICO SOCORRO!

Perdi o controlo.

Eu: um médico?! - atirei-me a ela, mas vi que alguém me agarrava.

Pelos vistos, as notícias correm depressa. Os médicos já cá estavam. Agarraram-me nos braços para eu largar a enfermeira. Só nesse momento dou conta do que fiz. Recompus-me.

Eu: oh meu Deus, peço imensa desculpa.

Enfermeira: não me toque! Não me toque! A menina é desequilibrada!

Médico: ADELINE?!!

Enfermeira: é verdade! Vai deixar que ela se saia impu...

Médico: volte ao seu trabalho. - faz-lhe um gesto com a mão - Quanto a si menina...

Estava a fixar algo, não sei o quê. Não sentia nada. Apenas fixava...porquê? Não sei. Estou sem reação.

Médico: por favor acompanhe-me. Preciso de lhe apresentar uma pessoa.

Olaa
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Adeuusss

*Benjamim Heidem (foto)

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