Capitulo IV

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Max


Minha vida é uma merda. E olha que quem vê de fora acha que sou um filho da puta que não dá valor a vida que tem. E minha vida é assim. Uma merda.


Sempre fui um mauricinho bad boy. Tenho dinheiro sim. Bom, meu pai tem. E nunca liguei muito pra torra-lo. Tenho carro do ano, uma conta ilimitada e um cartão sem limite, e muito pouco respeito pelos outros. Eu sempre me achei acima de tudo e de todos. Até que a vida me ensinou que o jogo não era bem assim.


Minha mãe foi diagnosticada com câncer nos pulmões. No começo, achei que era pra chamar a atenção do meu pai, que nunca estava em casa. Minha mãe, esposa troféu. Só servia mesmo pra mostrar. Na prática o velho fodia todas as putas da rua. Nunca estava em casa. Amor de pai? Bem, não sei o que é isso. Ele só aparecia quando nossa presença era solicitada em algum evento. Fora isso, nunca o vi participar da vida familiar.


O importante a se salientar aqui, é que ele nos abandonou. Isso mesmo. Cortou tudo e literalmente sumiu. Do dia pra noite. Eu fazia faculdade. E se não fosse a herança do vovô estaríamos passando fome. Não era muito, já que o tratamento era caríssimo e a faculdade comiam quase toda a poupança da minha mãe. Vendi meu carro, quase tranquei a faculdade, só não o fiz porque a minha mãe pediu muito. Fui trabalhar... Você imagina o que é isso pra um cara como eu? Vida social? Jamais. Passei de cara requisitado em festa pra fantasma social. Fui esquecido.


Minha mãe piorava. Seu chiado noturno, parecendo quase uma apito, e o seu cilindro de ar, companheiro eterno, mostravam o quando tudo estava se tornando finito. Não entendia porque tanta provação. Minhas notas perfeitas caíram. Minha mãe gritava de dor a noite toda e eu passava insone segurando sua mão.


Comecei a beber. Imaturo. Bebia em excesso pra esquecer. No outro dia ia trabalhar com cara de derrotado e olhar perdido pela ressaca. Sempre mal-humorado devido a dor de cabeça latente. Minha mãe piorava e a perspectiva de dias piores me assombrava.


Meu pai, aquele canalha, sumiu. Aparecia sempre em jornais em companhia de mulheres lindas e vadias. Eu o odiava. Minha vida desmoronando e aquele filho da puta aproveitando o dinheiro que também era da minha mãe, enquanto ela padecia em cima de uma cama.


Cego, bebia cada vez mais. Meu dinheiro era cada vez menor e as chances de minha mãe diminuíam. Eu, perdido, não via quanto seu tempo se findava e não passei tempo suficiente com ela. E esse foi meu erro... Ela enfim morreu.


Meu mundo que estava cinza, enegreceu. E eu só tinha uma certeza. Meu pai era o culpado por tudo.


Tudo depois disso foi um borrão. Perdi tudo. Meus amigos. Meu emprego. Fui ao fundo do poço. Minha mãe, meu chão, morreu. Tudo que eu tinha de base desapareceu. E eu me vi sozinho.


Aquele maldito nem se dignou a aparecer. Fui ao advogado para receber sua herança. A casa, o apartamento de meus avós. E cinquenta por cento da B&B Financial. O que? Cinquenta por cento? Meu pai vai pagar.


Me reergui. Se era para destruí-lo, eu tinha que me preparar. Voltei a estudar. Voltei a trabalhar. E todo meu dinheiro eu investia. Aprendi a ter um gosto mais simples e a correr atrás dos meus objetivos.

Perversa - A vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora