COBRA KAI¦seis

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— Tem certeza, princesa? — Meu pai pergunta, no banco do motorista

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— Tem certeza, princesa? — Meu pai pergunta, no banco do motorista. A picape está parada em frente ao Cobra Kai.

— Tenho — Concordo com a cabeça — Um colega da escola me recomendou, as aulas são de graça — Minto.

— Precisa me contar quem foi que fez isso com você, Norma — Encarava o letreiro do estabelecimento.

— E então o que acontece? — Pergunto irritada com sua insistência — Os ricos nunca pagam pelo que fazem. Pelo menos desse jeito vou conseguir me defender.

— Você é teimosa como sua mãe — A última palavra ecoa pela minha cabeça, fazendo com que eu exploda, abrindo a porta da caminhonete.

— EU VOU DAR O MEU JEITO — Grito, já andando pela rua.

Seguro a maçaneta por breves segundos, olhando meu reflexo no vidro, antes de puxar. Sou anunciada dentro do dojo pelo sino da porta, automaticamente sinto todos os olhares vindos a mim.

Posso enxergar o sorrisinho vitorioso do Lawrence, que me faz querer dar meia volta.

— Perdida, senhorita? — Um homem anda em minha direção de braços cruzados.

— Aqui é o Cobra Kai, não é? — Pergunto.

— Não aceitamos garotas aqui — Aponta para saída — Então, pode voltar por onde veio — Me dá as costas, indo até os garotos de novo.

— Por que não? — Para no meio do caminho.

— Não queremos distrações no treino — Responde sem me olhar — E uma moça tão frágil como você não aguentaria o método do punho.

Engulo meu orgulho, e olho para Johnny pedindo por sua ajuda. O loiro vai até o mais velho, e começa a cochichar no seu ouvido.

— Tudo bem, vou te dar uma chance de se mostrar digna do Cobra Kai.

Por que todo idiota nesse vale age como se karate fosse coisa de vida ou morte?. Penso, diante de tanta babaquice.

— Em formação! — Ordena, e os meninos se organizam em um quadrado, ajoelhados naquele tapete fofinho — Tire os sapatos, e suba no tatame — Agora fala para mim.

Fico só de meias, e também tiro meu casaco grosso, o jogando no banco do meu lado. Ele me chama com a mão, para o centro do tatame.

Todos do dojo olham para nós dois ali no meio.

— Você parece entender um pouco de briga — Sinto vergonha do meu rosto machucado, o olho estava ainda mais inchado, e a ferida na testa com certeza deixaria uma cicatriz.

— Eu entendo só de apanhar — Não me importo em contar a verdade — Mas quero mudar isso.

— Dutch — O garoto platinado fica em pé com só um pulo, caminhando até nós, ficando cara a cara comigo — Senhorita? — Coloca a mão sobre meu ombro.

— Strader. Mary Strader — Completo.

— Senhorita Strader, eu sou o sensei Kreese — Se apresenta — Se conseguir o derrubar vai poder aprender karate aqui, mas, caso contrário, será banida para sempre do Cobra Kai.

Encaro o Lawrence brevemente. Mas que merda! Esse não era o acordo, eu só queria parar de apanhar. Kreese caminha até o seu protegido, que segura uma bandeira branca.

Dutch se afasta minimamente, ficando em posição de luta. Como caralhos uma garota do meu tamanho, vai conseguir derrubar esse brutamontes? Se fosse aquele magrelinho, até tinha chances.

O homem grita para que a luta comece. Antes que pudesse pensar em agir, o garoto me atacou primeiro, avançando com um soco, que me acertou no ombro, me fazendo desmontar no chão.

— Vamos lá, você não está nem tentando — Kreese provoca. Seu maldito.

O platinado puxa meu pulso para me deixar em pé, a luta começou de novo, ele atacou primeiro como antes, mas dessa vez consegui desviar. Se sentindo insultado, avança em minha direção com vários golpes que tento escapar, me fazendo sair da marcação.

MAIS UMA VEZ.

No momento que o mais velho anuncia o começo, fecho meu punho, acertando o rosto de Dutch com toda a minha força, o pegando de surpresa, fazendo com que recue para trás, massageando o local.

Aproveitando a oportunidade. Chuto sua barriga, tentando o afastar ainda mais de mim.

Mas antes que qualquer resquício de confiança entrasse em meu corpo, sinto meu pé ser agarrado, e meu corpo arrastado para sua direção. Dutch enlaça meu pescoço com apenas um dos braços, em um mata leão.

— Achou mesmo que tinha alguma chance, princesa? — Me sufoca com ainda mais força, fazendo meus olhos lacrimejarem — Você não passa de uma vadia, Strader — Sussurra.

— É só pedir para desistir, senhorita Strader — O sociopata fala, parecendo se divertir com o show.

Tive um flashback da noite passada, de como elas riam me vendo caída, como me senti no fundo do poço, sem qualquer pingo de dignidade. Deitada em uma poça do meu próprio sangue, tentando respirar, ao lado do meu walkman destruído e meu material rasgado.

Ele se vangloria com a outra mão, pedindo aplausos dos meninos que assistiam.

Utilizo da distração dele, para passar minha perna pela sua, enfraquecendo sua sustentação, e forçando todo o meu peso para trás, conseguindo derrubar nós dois.

Sinto o aperto se afrouxar, e puxo o ar de volta para os meus pulmões desesperadamente. Sento no tatame, tossindo sem parar, enquanto acaricio meu pescoço. Vou matar o Johnny.

— Que surpresa! — Kreese bate palmas lentas — Seja bem vinda ao Cobra Kai. Fim do treino.

E ao invés de surtar como de costume, e xingar por longos minutos aqueles lunáticos. Eu fiquei feliz, pela primeira vez estava orgulhosa de mim mesma, sentia que não era uma fracassada.

Norma Marilyn Strader foi capaz de derrubar aquele imbecil, e se provou merecedora do dojo. Aquelas vadias riquinhas não tinham mais chances.

Foda-se não entrar mais em problemas, a vida não tem me dado trégua um só segundo, então, agora eu vou usar fogo contra fogo. Porra, eu serei a gasolina.

— Eu disse que tem um espírito assassino, você é Cobra Kai — Johnny, estende sua mão para me ajudar a levantar.

— Vai se fuder, idiota — O empurro assim que consigo ficar de pé — Seu amigo quase me matou sufocada. Quando insistiu tanto que eu entrasse aqui, pensei que seria só me inscrever, ou coisa do tipo, não participar de um jogo de vida ou morte.

— Não finge que não gostou, consegui ver o seu sorriso. Na verdade, acho que é a primeira vez que te vejo sorrir.

— Tanto faz — Reviro os olhos, e cruzo os braços — Agora tem que fazer a sua parte do combinado, quero todas as minhas lições de casa feitas.

— Sou um homem de palavra, temos um acordo — Estende a mão, e fica me olhando esperando o mesmo.

— Não tenta me ferrar, Johnny, eu sei o seu ponto fraco — Junto nossas mãos.

𝗥𝗘𝗣𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗢𝗡, DANIEL LARUSSOOnde histórias criam vida. Descubra agora