63: A Conversa

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S E R E N A  F E R R E R

Agora que estou aqui, confesso que estou levemente arrependida de ter vindo, por todo o silêncio e tensão que paira no ar.

— Parece que você está doida pra dizer alguma coisa. — Bucky fala despretensiosamente.

O super soldado arrasta outro saco de pancadas intacto pelas correntes e ergue sem esforço prendendo no gancho de novo. Bucky fica fazendo essa coisa de mostrar que está ocupado mas os olhos azuis vivem voltando para mim, para cada movimento meu.

— Talvez, mas não tenho certeza se tenho as palavras certas para começar o assunto. — Murmuro meio desconfortável.

— Poderia começar dizendo qual é o assunto. — O moreno fala parando e me encara fixamente.

Bucky não quer voltar a socar aquele saco comigo aqui. Ele queria privacidade, descontar a sua raiva sem julgamentos, por isso está tão focado em mim.

Eu encaro o ringue no meio da sala por um momento para pensar no que fazer. Suspiro forte, olhando-o de relance por um momento, e Bucky cerra os olhos.

— Vamos lutar. — Mando.

Eu olho ao redor procurando uma mesa ou qualquer armário, e logo vou em direção à um na parede, que abro e vejo as ataduras para as mãos. Eu passo um creme em minhas mãos e depois desenrolo as tiras começando a enfaixar meu punho esquerdo.

Não espero nenhuma reação e nem resposta de Bucky, pois nem preciso adivinhar que o soldado não gosta da ideia.

— Serena... — Bucky começa e pelo seu tom ele quer dar para trás.

— Você é meu professor de combate, Bucky. — Rebato firme.

— Já faz tempo que não fazemos isso, e não acho que agora... — Bucky continua e eu bufo me virando por um momento.

— Por isso mesmo essa é a hora perfeita. — O corto e miro seu rosto. — A última luta antes de você ir, pelos velhos tempos. — Falo firme.

Bucky tinha a boca entreaberta para continuar falando, mas minha última frase o cala. O moreno baixa os olhos e põe as mãos na cintura assentindo amargo, a contragosto.

— O Steve já contou pra você? — Bucky ergue o olhar para mim.

Eu termino minha mão esquerda e abro e fecho os dedos testando.

— Não. — Respondo tirando atadura para minha direita.

Bucky suspira e anda até mim, comigo estando recostada em uma mesa ao lado do armário, apenas vejo a sombra grande e enfim o corpo do soldado parar na minha frente. Eu enrolo as faixas em minha mão mas Bucky toma para si, para ajustar as ataduras em cada dobra da minha mão.

— Eu posso fazer sozinha. — Reclamo.

Também estou incomodada com a proximidade e o toque do moreno na minha frente.

— Não recuse ajuda voluntária de uma pessoa experiente, Serena. — Bucky repreende e eu faço bico.

Apenas assisto o contraste da sua mão de metal segurando meu pulso enquanto ele aperta as faixas nas juntas de meus dedos com a outra comum.

Serena: A Nova Bruxa dos VingadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora