Wake up

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Após a derrota do povo do céu:

Tal como o nascimento de Kiri, a fuga da morte de Neteyam foi considerada pelos Navi um milagre por Eywa. O rapaz permaneceu por meses desacordado, apenas deitado como se dormisse um sono profundo. A respiração serena era o que confirmava que estava vivo durante todos os 7 meses decorridos. Muitos acreditavam que sua alma havia deixado o corpo.

•••

Aonung arrependia-se mais a cada dia que passava por ter causado tantos problemas aos forasteiros, especialmente a Neteyam. Pensava que se tivesse se empenhado mais em ensina-lo as habilidades na água ou ao menos não o irritado, que ele não estivesse naquele estado agora.

Caminhava todos os dias pelo menos uma vez em frente a tenda dos Sully, observando a Tsahiki, a mãe e as irmãs do garoto ao redor de onde ele deitava, tratando-o insistentemente com ervas e rituais dia após dia. Até mesmo a Tsahiki dos Omatikaiya, mãe de Neytiri, veio para a aldeia unir seus esforços.

Espiava pelas frestas da tenda e achava intrigante como o semblante do Navi mudava em alguns momentos, como se estivesse preso em sonhos vívidos, incapaz de retornar a realidade. As vezes ele parecia estar em uma paz profunda, como se nada fosse capaz de incomoda-lo. Mas, também o via atordoado, como se estivesse tendo um pesadelo ou um sono agitado, prestes a acordar. A intensidade de suas emoções era tanta que chegou a mostrar as presas uma vez para Ronal, que se espantou, bradando;

"É um demônio a causa desse sono eterno, uma maldição do povo do céu!"

Mesmo que acreditasse, a sensação de culpa apenas se intensificava com o passar das semanas, meses, crescendo exponencialmente junto a dúvida de se o sully acordaria em algum momento ou se descansaria eternamente, ou até morreria eventualmente.

Ouvir a história sobre a mãe biológica de Kiri, que estava em um estado semelhante em um laboratório, contribuiu apenas para agravar seu nervosismo toda vez que lembrava do rapaz. Não pensava que pessoalmente gostava do Navi, mas viveram momentos divertidos - e difíceis - juntos, e tinham a mesma idade. Não desejaria aquele mal a ele.

Guardava o punhal que Neteyam o emprestou para cortar o sinalizador de Payakam, pouco antes da guerra. Talvez teria a oportunidade de devolvê-lo, era o que imaginava.Passava horas rememorando os momentos que viveram e tudo que poderia ter feito de diferente. Deveria ter lutado ao seu lado contra os avatares, e se tivesse ido, provavelmente ele não estaria naquele estado deplorável.

Carregaria esse fardo por quanto tempo? Torturando-se mentalmente. Por mais grosseiro e arteiro que fosse, Aonung deixava se afetar facilmente pelas consequências de suas ações e escolhas, por mais que não demonstrasse.

Neteyam era o mesmo que ele, filho de um Olokeytan, futuro líder de um clã, a diferença era justo sobre sua maior função, seu destino; proteger seu povo, o que Neteyam fez. Todos na aldeia reconheciam sua responsabilidade.

Ele havia falhado miseravelmente, como filho, irmão, amigo, e herdeiro de um clã.

"Aonung!" Reya chamou alto, balançando os dois braços a alguns metros de distância com um sorriso largo no rosto.

Estava afiando sua lança próximo a um grupo de pescadores e elevou o queixo, fatigado pelo cansaço, como quem dizia "o que foi?."

"Você não vai acreditar! O Neteyam acordou. Vamos!"

Tsireya deu a notícia com tanta empolgação que chamou atenção dos pescadores. Todos foram correndo às pressas para presenciar o que considerariam ser um milagre.

𝐀𝐖𝐀𝐊𝐄  •  neteyam x aonungOnde histórias criam vida. Descubra agora