Flowers - Hanahaki //GenMui

Capítulo único

Hanahaki
GenMui
.
.
.

Pétalas, era isso que rodeava meu quarto. Era possível ver pétalas em minha escrivaninha, meu guarda roupa, meu tapete, minha penteadeira e, principalmente, em minha cama. Se já não bastasse o meu quarto inteiramente mergulhado em pétalas, meu banheiro, minha sala de estar e minha cozinha também sofriam do mesmo mal.

Minha colega de apartamento estranhava, era visível, mas não perguntava, provavelmente achava que era por causa de meu fascínio em flores.

Claro, flores são lindas, algumas até cheirosas. Sempre amei flores, suas cores, formatos, até mesmo seus espinhos, acho incrível como algo tão simples consegue carregar uma beleza tão extraordinária.

Mas aquelas pétalas...

Aquelas pétalas não eram de flores, não flores comuns. Aquelas pétalas vieram de dentro de mim, saíram enquanto eu tossia ou vomitava.

Fazia alguns dias que eu estava assim, mas não contei a ninguém, meu medo de ser tachado como mentiroso ou maluco era grande.

Sim, eu estou morrendo.
Sim, eu tenho total consciência disso.
Sim, eu posso me curar.
Não, eu não quero.

Hanahaki, é o nome da minha doença. Conhecido por muitos como uma lenda ou mito, mas é real. Existem flores crescendo em meu pulmão, e elas continuarão crescendo até me matar sufocado.

O que causa ela? Um amor unilateral, ou seja, disposto por apenas uma pessoa. E infelizmente eu sou essa, incrivelmente estúpida, pessoa.

Quando percebi, eu já estava sorrindo bobo enquanto falava com ele por mensagem.
Quando percebi, eu já estava envergonhado a cada toque que ele me dava.
Quando percebi, eu já o queria perto de mim em todos os momentos.
Quando percebi, eu já estava chorando durante a madrugada por saber que ele nunca iria ficar comigo.
Quando percebi...
Já era tarde demais.

Por muito tempo alimentei minha imaginação. Minha ilusão. Sonhava acordado com momentos que poderíamos passar, com experiências que poderíamos viver, com cenários fantasiosos que no fim apenas me fizeram sofrer.

Nunca me declarei. Pretendia fazer tal ato que me humilharia. Mas no dia, no mesmo bendito dia, você anunciou seu namoro com uma menina que eu nem faço questão de lembrar o nome.

Eu chorei, chorei pra caralho naquela noite. Aquela maldita noite. Foi aí, nessa noite, dessa mesma data, que as primeiras pétalas caíram da minha boca.

Eu conseguia sentir elas passarem pela minha garganta, me sufocando. Mas essas eram apenas as primeiras.

A partir desse dia minha vida se transformou em uma floricultura, eram tantas pétalas, sem contar as pequenas flores que também saíam. O número de vezes que me engasguei com flores e pétalas é incontável em apenas duas mãos.

No que eu me tornei?
O que aconteceu comigo?
Tudo por causa de um amor... Não correspondido...?

Agora cá estou eu, deitado em posição fetal enquanto observo mais e mais flores saírem de minha boca. Meus olhos ardendo intensamente enquanto contém lágrimas grossas, minha garganta ferida de tantas flores cospidas.

Se fossem qualquer tipo de flor, talvez, fosse melhor. Mas não, são as benditas flores favoritas dele. Rosas brancas.

Mesmo que com um caule pequeno, as flores continuam com espinhos, espinhos que feriam minha garganta.

Não eram mais apenas simples pétalas ou flores, além do que deveria ser belo, também era presente sangue. Eu podia sentir o gosto metálico passando por minha língua. Não vomitava apenas flores, também vomitava sangue.