Entreguei a caderneta ao professor, um careca alto cuja mesa tinha uma placa identificando-o pelo nome, "Sr. Mason". Ele me encarou surpreso quando viu meu nome - não foi uma reação que me encorajasse - e é claro que fiquei vermelho como um tomate. Mas pelo menos ele me mandou sentar numa carteira vazia no fundo da sala, sem me apresentar à turma. Era mais difícil para meus novos colegas me encarar lá atrás, mas de algum jeito eles conseguiram. Mantive os olhos baixos na bibliografia que o professor me dera. Era bem básica: Brontë, Shakespeare, Chaucer, Faulkner. Eu já lera tudo. Isso era reconfortante... e entediante. Imaginei se minha mãe me mandaria minha pasta com os trabalhos antigos, ou se ela pensaria que isso era trapaça. Tive várias discussões com ela em minha cabeça enquanto o professor falava monotonamente. Quando tocou o sinal, uma buzina anasalada, um garoto um tanto forte e bastante bonito ao meu ver, e cabelo preto feito uma mancha de óleo se inclinou para falar comigo.
- Você é Benjamin Swan, não é?- Ele parecia direitinho o tipo prestativo jogador de beisebol.
- Ben - corrigi. Todo mundo num raio de três carteiras se virou para me olhar. - Qual é a sua próxima aula? - perguntou ele.
Tive que olhar na minha mochila pois minha memória é uma memória peixe.
- Hmmm, educação cívica, com Jefferson, no prédio seis. Para onde quer que eu me virasse, encontrava olhos curiosos.
- Vou para o prédio quatro, posso mostrar o caminho... - Sem dúvida, superprestativo. - Meu nome é Alex - acrescentou ele. Eu sorri, educado.
- Obrigado.
Pegamos nossos casacos e fomos para a chuva, que tinha aumentado. Eu podia jurar que várias pessoas atrás de nós se aproximavam o bastante para ouvir o que dizíamos. Esperava não estar ficando paranoico.
- E aí, isto é bem diferente de Phoenix, não é? - perguntou ele.
- Muito.
- Não chove muito lá, não é? - Três ou quatro vezes por ano.
- Puxa, como deve ser isso? - maravilhou-se ele.
- Ensolarado - eu lhe disse.
- Você não é muito bronzeado.
- Minha mãe é meio albina. Apreensivo, ele examinou meu rosto, e eu suspirei. Parecia que nuvens e senso de humor não se misturavam. Alguns meses disso e eu me esqueceria de como usar o sarcasmo. Voltamos pelo refeitório até os prédios do sul, perto do ginásio. Alex me levou à porta, embora tivesse uma placa bem evidente.
- Então, boa sorte - disse ele enquanto eu pegava a maçaneta
- Talvez a gente tenha mais alguma aula juntos.- Ele parecia ter esperanças. Sorri vagamente para ele e entrei.
O resto da manhã se passou do mesmo jeito. Meu professor de trigonometria, o Sr. Varner, que de qualquer forma eu teria odiado por causa da matéria que ensinava, foi o único que me fez parar diante da turma para me apresentar. Eu gaguejei, corei e tropecei em minhas próprias botas ao seguir para a minha carteira, o próprio caos.Depois de duas aulas, comecei a reconhecer vários rostos em cada turma. Sempre havia alguém mais corajoso do que os outros, que se apresentava e me perguntava se eu estava gostando de Forks. Tentei ser diplomático, mas na maioria das vezes apenas menti. Pelo menos não precisei do mapa. Uma menina se sentou ao meu lado nas aulas de trigonometria e espanhol e me acompanhou até o refeitório na hora do almoço. Era baixinha, vários centímetros menor do que meu metro e sessenta e três, mas o cabelo escuro, rebelde e cacheado compensava grande parte da diferença entre nossas alturas. Não conseguia me lembrar do nome dela, então eu sorria e assentia enquanto ela tagarelava sobre professores e aulas. Não tentei acompanhar sua falação.
Sentamos à ponta de uma mesa cheia de vários de seus amigos, que ela me apresentou. Esqueci o nome de todos assim que ela os pronunciou. Eles pareceram impressionados com sua coragem de falar comigo. O menino da aula de inglês, Alex, acenou para mim do outro lado do salão.
E pela primeira vez depois que entramos na escola pude notar que Bella também estava na mesa com uma cara mega entediante, que abriu um pequeno sorriso quando me viu.
Foi ali, sentado no refeitório, tentando conversar com sete estranhos curiosos e com minha irmã, que eu os vi pela primeira vez. Estavam sentados no canto do refeitório, à maior distância possível de onde eu me encontrava no salão comprido. Eram cinco. Não estavam conversando e não comiam, embora cada um deles tivesse uma bandeja cheia e intocada diante de si. Não me encaravam, ao contrário da maioria dos outros alunos, por isso era seguro observá-los sem temer encontrar um par de olhos excessivamente interessados. Mas isso não foi o bastante para prender minha atenção só voltei a comer e fingir que ouvia a conversa. Quem se interessou de verdade pelos cinco mistériosos foi Isabella que não parava de encarar eles. Mas mesmo assim ainda dando pouca atenção fiquei ouvindo a conversa deles como quem não quer nada.
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VINTAGE - Twilight
Romansa" O amor pode dar às pessoas o poder de despedaçar você. porque quanto mais se ama alguém, menos tudo faz sem sentido " by - Benjamin Swan