22 - Lunática

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Atualmente

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Atualmente.

Bufando e empurrando para longe o cansaço, apoio a bochecha na mão, deitado de lado observando Rose, através da penumbra do abajur,  tentar entornar a garrafa de whisky mais uma vez.

— Sério, isso é forte demais pra você — faz duas horas que ela decidiu que não iria dormir, iria beber, beber feito uma louca, beber igual a droga do motor de um carro.

Ela me estende a garrafa com uma careta contorcendo todo seu rosto.

— Não seja mole — apesar de ter dado tudo de si e a garrafa ainda estar com o líquido um pouco acima da metade, para seu pequeno corpo equivale a ter tomado duas garrafas inteiras. — Vai seu molenga.

Molenga. Se eu der risada vou acabar encorajando o comportamento lunático.

Pego a garrafa pelo gargalo e ao invés de levar a boca a apoio no mezanino ao lado da cama.

— Isso tudo é falta de sono? — questiono, me segurando para simplesmente não enterrar o rosto no colchão e dormir. Para todos os outros, a exposição de quadros é entretenimento, diversão, para mim é trabalho, forçar simpátia, bajular sócios com bafo de charuto velho e cheirando a alfazema.

Tive que mandar relatórios para Samantha a cada vinte minutos, para a atualizar sobre as vendas, reorganizar o esquema de demanda de bebidas ( afinal idiotas bêbado não apreciam arte), e manter minha atenção todo tempo na lunática bêbada que está de toalha na minha cama.

— Sim — diz com um sorriso distante da sobriedade e próximo de algo que vai me dar dor de cabeça pelos próximos minutos.

Ela é sete anos mais jovem, Peter, o ritmo é diferente.

Tenho dores na coluna passando a maior parte do dia sentado e ela pula muros em nome do trabalho.

— Tomar remédio pra insônia não seria o ideal?

— Se eu quisesse dormir, sim.

Dou um longo suspiro.

— Mas você não quer — concluo.

— não — joga o cabelo para trás feito uma garotinha contente e muito, muito elétrica. Jovens...

— Certo, então o que quer fazer além de beber e não dormir? — e de manter um homem trabalhador acordado.

— Perguntas, vamos trocar perguntas.

Não digo em voz alta, mas mulheres e alcool tem alguma conexão estranha com querer saber seus segredos mais obscuros dos quais nunca vão esquecer. Fico um pouco mais atento, sei que posso esperar de tudo, tudo de pior.

Me sento na cama, aceitando que tudo que me resta é ir na onda dela.

— Vamos nessa.

Seu rosto desprovido da maquiagem marcante de mais cedo é tão jovial que me deixa meio embasbacado. Vivacidade exala pelos poros de Rosemary e isso é de longe uma das coisas mais adoráveis ao seu respeito; ela é cheia de vida e não apenas viva. A maioria das pessoas apenas assumem uma forma robotica de enxergar e viver, ela não. Depois de cinco anos eu me sinto velho e mal tenho trinta, contudo, Rose parece a mesma garotinha de dezoito anos.

3 •Me Esqueça, Por Favor - Blue Sky CityOnde histórias criam vida. Descubra agora