Ele tinha certeza de que ela os seguiria. Elas sempre os seguiam. Especialmente as novatas da cidade. Esse é o problema com as garotas: quanto pior eles as tratavam, mais elas o queriam. Como eram estúpidas. Previsíveis, mas estúpidas.
Encostou-se na floreira em frente ao hotel, com Karin toda enroscada nele. Sakura sentou-se na frente deles, e, a seu lado, Kidomaru e Jirobo diziam coisas sem nexo, tentando chamar a atenção das garotas que passavam por ali. Já haviam começado a beber desde antes de o show começar - e, como sempre, todas as garotas, menos as feias, ignoravam os dois. Na maior parte do tempo, até ele os ignorava.
Karin não parava de mordiscar seu pescoço, mas ele também estava ignorando aquilo. Estava cansado da maneira como ela ficava grudada nele quando estavam em público. Estava cansado dela em geral. Se não fosse tão boa de cama, se não conhecesse tão bem as coisas que o excitavam, já teria dado o fora nela um mês atrás, trocando-a por uma das três ou quatro garotas com quem transava regularmente. Mas, agora, não estava interessado em nenhuma delas. Agora, olhava para Sakura, gostando de suas madeixas cor-de-rosa, de seu quadril avantajado e do seu gloss em seus lábios. Ela tinha um estilo diferente, mas imponente, apesar da camiseta ridícula que estava usando. Gostou dela. Gostou muito dela.
Apertou o quadril de Karin, desejando que ela não estivesse ali.
-Vá pegar umas fritas. Tô com fome.
-Só tenho alguns ienes.
-E daí? Isso deve dar. E vê se não come tudo, hein?
Karin não gostou, mas ele deu um empurrãozinho nela e ela acabou indo para as barraquinhas de comida. A fila tinha pelo menos seis ou sete pessoas na frente dela e, assim que ela pegou seu lugar, Kimimaro aproximou-se de Sakura. Perto, mas não tão perto. Karin era ciumenta, e ele não queria que ela colocasse Sakura para correr antes de ter uma chance de conhecê-la melhor.
-O que achou?
-Daquilo?
-Do show. Já tinha visto algo parecido em Konoha?
-Não - admitiu. - Não tinha.
-Onde está hospedada?
-No final da praia – a maneira como respondeu deixava transparecer seu desconforto, provavelmente porque Karin não estava lá.
-Karin disse que você deu um perdido no seu pai.
Ela deu de ombros.
-Que foi? Não quer falar sobre isso?
-Não há o que falar.
-Talvez você só não confie em mim.
-Do que você está falando?
-Você fala com a Karin, mas não comigo.
-Eu nem te conheço.
-E nem conhece a Karin. Acabou de conhecê-la.
Sakura não gostava do tom de suas respostas incisivas.
-Só não queria falar com ele, tá? E não quero ficar aqui o verão todo também.
Ele tirou o cabelo dela dos olhos, se aproximando um pouco mais.
-Então, vá embora.
-É, falou. Para onde posso ir? - se sentia cada vez mais incomodada com aquilo.
-Vamos para Kirigakure.
-O quê?
-Conheço um cara que tem uma casa lá. Se quiser, levo você. Podemos ficar o tempo que quisermos. Meu carro tá bem ali.
-Não vou a Kirigakure com você. Eu nem te conheço. E a Karin? - disse indignada.
-O que tem ela?
-Você está com ela.
-E? - desceu a mão que antes estava em seu cabelo, para sua coxa. Deu um leve apertão.
-Essa conversa tá muito estranha. Acho que vou ver o que a Karin está fazendo – afastou sua perna do toque.
-Você sabe que eu estava brincando, não sabe? - disse, ao procurar uma bola de fogo em seu bolso.
Na verdade, ele não estava brincando. Só estava testando os limites dela. Era por isso que havia atirado a bola de fogo.
-Tá. Mas vou lá falar com ela.
Estava pronta para se levantar quando sentiu algo envolver seus pulsos e jogá-la sem força contra a areia da praia.
-Qual é, gatinha, vamos brincar um pouco - alisou seu cabelo outra vez, encarando seu decote meio aberto.
Encarou Kimimaro de baixo, estreitando as sobrancelhas ainda incrédula.
-Sai de cima, seu idiota! - o empurrou ao mesmo tempo em que ele agarrou seus braços e inverteu as posições. Agora estava por cima.
Para o azar da ruiva, se virou na mesma hora em que Kimimaro havia trocado de lugar com a garota nova. Entreabriu os lábios, chocada com tal cena. Apertou o copo de cerveja e se virou por um momento para tomar ar, ou iria explodir.
Sakura lhe acertou um tapa no ombro e se levantou, repetindo diversos tipos de xingamentos e palavrões.
Kimimaro observou o andar arrogante dela. Por mais que admirasse aquele corpinho de dinamite, não conseguia saber qual era a dela. Ela fazia o gênero, mas diferente de Karin, não fumava nem mostrava interesse em cair na balada, e dava-lhe a sensação de que havia algo mais que não deixava transparecer. Será que tinha dinheiro? Fazia sentido, certo? Apartamento em Konoha, casa na praia? A família tinha que ter dinheiro para arcar com despesas desse tipo. Mas, por outro lado, não havia chance de ela se adaptar às pessoas de dinheiro da região, ou pelo menos, às pessoas que ele conhecia. Então, qual era a situação? E por que isso era importante?
Porque ele não gostava de pessoas que tinham dinheiro, não gostava da maneiro como se gabavam, e não gostava da maneira como se achavam melhores do que quaisquer outras pessoas por causa disso. Uma vez, antes de sair da escola, ouviu um garoto rico falar sobre o barco novo que ganhou de aniversário. Não era um esquife qualquer; era um barco da marca Suna Whaler, de vinte e um pés com GPS e sonar, e o menino ficava se gabando sobre o quando navegaria durante todo o verão, pois o barco estava guardado no clube de campo. Três dias mais tarde, Kimimaro colocou fogo no barco e ficou vendo queimar por detrás de uma árvore no campo de golfe.
Ainda olhando a garota se afastar, ficou encantado em suas curvas. A encarou por trás até que, finalmente, ela olhou. Nada demais, só uma olhadinha, mas o suficiente para fazê-lo imaginar como ela seria na cama.
Provavelmente selvagem, pensou. Com o tipo certo de encorajamento, a maioria era.
Atrás dele, Kidomaru e Jirobo continuaram a agir como idiotas de sempre, e, como Sakura tinha ido embora, Kimimaro estava impaciente. Não tinha intençãe de ficar sentado ali a noite toda, fazendo nada. Depois que Karin voltasse com as fritas, pensaria no que fazer. Iria ver o que aconteceria. Nunca se sabe o que pode acontecer em um lugar como aquele, em uma noite como aquela, com um público como aquele. De uma coisa tinha certeza: depois de um show, sempre precisava de algo mais, O que quer que fosse.
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A última música - SasuSaku
Ficção Adolescente+18 | 🌸🍅 Aos 17 anos, Sakura Haruno, vê sua vida virar de cabeça para baixo quando seus pais se divorciam e seu pai decide morar na praia de Sunagakure. Três anos depois, ela continua magoada e distante dos pais, particularmente do pai. Entretanto...