Capitulo 7 - Tartarugas

31 2 0
                                    

Quando chegaram em casa, já estava escurecendo. Kizashi saiu para dar uma olhada no ninho de tartaruga que achou mais cedo com Konohamaru. Era uma daquelas noites lindas, típicas de Sunagakure – uma brisa suave, o céu parecendo uma colcha de milhares de cores diferentes -, e, em alto-mar, um grupo de golfinhos brincava além do ponto onde as ondas começavam a quebrar. Passavam pela casa duas vezes por dia, e lembrou-se de falar para Konohamaru ir olhá-los. Com certeza, ele iria querer nadar para ver se conseguia chegar perto o suficiente para tocá-los. Kizashi costumava tentar fazer o mesmo quando era jovem, mas nunca havia conseguido.

Odiava o fato de ter que ligar para Mebuki e contar o que havia acontecido. Postergando ter de fazê-lo, sentou-se em uma duna ao lado do ninho, olhando para o que havia sobrado da trilha das tartarugas. Os ventos e as pessoas já tinham apagado a maior parte da trilha. Se não fosse uma pequena parte em que dava para ver o ninho, ele seria quase invisível, e os poucos ovos que conseguia ver passariam por pedras pálidas e macias.

Um pedaço de isopor voava pela areia, e, ao agachar-se para apanhá-lo, percebeu que Sakura se aproximava. Andava devagar, braços cruzados, cabeça baixa, com o cabelo escondendo a maior parte do rosto. Parou um pouco distante dele.

-Está bravo comigo? - perguntou.

Era a primeira vez, desde que havia chegado, que falava com ele sem raiva ou frustração.

-Não - disse. - Nem um pouco.

-Então, o que está fazendo aqui fora?

Ele mostrou o ninho.

-Uma tartaruga marinha botou seus ovos aqui na noite passada. Já viu uma?

Sakura balançou a cabeça negativamente e Kizashi continuou:

-São criaturas lindas. Têm um casco marrom-avermelhado, e chegam a pesar até cento e sessenta quilos. Sunagakure é um dos poucos lugares em que fazem seus ninhos. Mas, de qualquer forma, estão ameaçadas de extinção. Acho que somente uma entre mil atinge a vida adulta, e não quero que os guaxinins venham aqui antes de estarem chocados.

-Como os guaxinins iam saber que o ninho está aqui?

-Quando a fêmea bota os ovos, ela urina. Os guaxinins conseguem sentir o cheiro, e comem todos os ovos. Quando eu era jovem, achei um ninho do outro lado do píer. Em um dia, estava tudo bem, e, no outro, as cascas estavam todas abertas. Foi triste.

-Vi um guaxinim na varanda outro dia.

-Eu sei. Ele mexe no lixo. E, assim que eu entrar, vou avisar ao aquário. Espero que mandem alguém amanhã com uma gaiola especial para manter a criatura longe.

-E hoje?

-Acho que vamos ter que ter fé.

Sakura colocou o cabelo atrás da orelha.

-Papai, posso perguntar uma coisa?

-O que quiser.

-Por que você disse que acreditava em mim?

De perfil, dava para ver tanto a moça que ela estava se tornando, quanto a garotinha que um dia foi.

-Porque confio em você.

-Foi por isso que fez uma parede para esconder o piano? Quando entrei,não tinha como não notar.

Kizashi balançou a cabeça.

-Não. Fiz isso porque te amo.

Sakura deu um breve sorriso, hesitando antes de se sentar ao lado dele. Os dois ficaram observando as ondas quebrarem na praia de forma ritmada. A maré alta começaria logo, e metade da praia já havia sido encoberta.

A última música - SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora