Capítulo 8

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POV: Catarina

  Acordei me sentindo indisposta, uma leve dor me incomodava e após virar de um lado para o outro, não tive outra opção, levantei do colchão. Como a casa estava silenciosa, supus que ainda fosse madrugada, mas ao descer para pegar um copo de água, me encontrei com Mimosa e descartei tal suposição.

  — Já acordada? — não me assustei com sua disposição.

  — Não consigo dormir, minha cabeça está doendo, até parece que vai explodir.

  — Quer que eu prepare um chá para você?

  Não, eu quis responder. Por que ela acha que tudo na vida se resolve com chá? Todos os meus problemas vão simplesmente acabar com uma única xícara? Se bem que na situação em que me encontro, uma xícara seria realmente muito pouco, poderíamos começar com umas trinta!

  — Pode ser — quem sabe não me ajude a espairecer? Mal não há de fazer.

  — Está nervosa para o jantar?

  — Na verdade, estou nervosa por não ter como escapar!

  Me sentei para lhe fazer companhia, observava toda sua maestria, a forma com que conhecia a cozinha, localizando os itens em perfeita sintonia. Eu mesma me decepcionaria, se me pedissem para pegar o açúcar, com certeza não acharia!

  — Mimosa, você acha que eu posso estar cometendo a maior burrada de toda a minha vida? — Não que sua resposta fosse mudar alguma coisa, eu só estou confusa.

  — Sabe, Catarina, nós temos a mania de achar que se tivéssemos a oportunidade, mudaríamos o mundo — suspirou antes de continuar — Temos soluções para problemas que não são nossos e que não seriam os mesmos se estivéssemos passando por determinada situação. Não posso julgá-la por ter tomado essa decisão, só você sabe de que forma isso te afeta e dar minha opinião sobre isso, poderia lhe trazer ainda mais confusão.

  — Eu sei o que você acha e em certo ponto concordo com a sua posição. Mas você acha mesmo que o Jornalista é uma péssima opção?

  — Não o conheço suficiente para te responder esta questão! Você precisa perguntar ao seu coração.

  — Ah, claro — revirei os olhos. Estava demorando para ela vir com essa de emoção, coração, intuição...

  — Você já sabe o que ele diz, então...

  — Mimosa — supliquei — Eu não posso, eu sei o que ele diz, sinto inteiramente a forma com que ele pede para que eu faça o que eu sempre quis, que fuja, que grite, que me declare e quebre o máximo de vasos que alcançar e eu faria isso, faria isso se dependesse só de mim, se fosse apenas a minha vida a correr os riscos de uma vida infeliz.

  — Não vai ser fugindo que você será feliz, Catarina.

  Eu sei, mas ainda não estou pronta para admitir. Na verdade, Serafim ainda não respondeu a proposta que eu lhe fiz — sobre eu morar fora do país, mas acho que essa decisão deveria caber somente a mim.

  — Acho que estou alucinando, Catarina acordada a essa hora? — A voz de papai se espalhou pelo cômodo assim que ele passou pela porta.

  — Mimosa está fazendo um chá pra mim — não que eu precisasse explicar todos os motivos que não me deixam dormir.

  — Posso me sentar com vocês aqui? — Não esperou pela resposta, apenas se sentou, impondo sua presença sem nenhuma gentileza — Não está planejando alguma coisa para acabar com o noivado, está?

Além da Verdade e da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora