Capítulo Dez

6.7K 715 374
                                    

---------------------
Boa Leitura!!
---------------------

Quarta-feira – 23:41
Camila Pov

  Quando os lábios dela tocaram nos meus, meio desajeitados e inseguros, tudo parou. Por um minuto, meus instintos extremamente sensíveis que captam até os sussurros ao nosso redor se eu me deixasse levar pararam. Eu não precisava estar no controle quando eu estava com ela.

  Lauren é tão doce. O sabor da sua boca, a gentileza dos seus lábios mesmo em meio ao desespero, ela era doce em sabor e em alma e eu só queria um pouco mais. Talvez muito mais. Quando ela se afastou abruptamente, cortando a ligação que eu sei que formigava entre nós, foi fisicamente doloroso, mas não tanto quanto quando a tentei tocar e ela se afastou como se eu a deixasse doente. 

  Ver ela levantar, tão presa em sua cabeça, tão desesperada, me fez me sentir impotente. Não estava acostumada com essa sensação. Só pude observar enquanto seus ombros tremiam e ela andava de costas por uns dois metros em passos hesitantes e aterrorizados antes de se virar e apressar os passos. O aperto em meu peito ao ver como a beta parecia assustada estava silenciando tudo que não fosse ela.

  Agora, ela tinha ido embora e me deixado uma bagunça de novo. Lauren não estava mais aqui para controlar minhas obsessões, e mesmo que meu progresso fosse enorme desde que eu comecei a estar perto dela, e graças à terapia de anos, elas ainda existiam para não me deixar em paz. Não levou dois segundos. Ela saiu da minha vista e então tudo voltou. 

  Treze metros de mim, um beta sussurrava para que o namorado o levasse para o quarto. Mais quinze do lado oposto, um grupo de alfas intimidavam uma beta acompanhada de outro alfa, que pedia para todos se acalmarem. Quatro folhas haviam caído na árvore atrás de nós de uma só vez e um dos universitários sentados na fonte colocou uma de suas mãos dentro da água. Tinham mesmo só se passado três segundos desde que ela saiu da minha vista? Hesitei antes de pensar em algo de novo, selecionando o menos pior dos meus pensamentos para me concentrar. 

  Queria que ela me beijasse de novo. Queria tanto isso que precisaria de toda uma terapia para não atacá-la da próxima vez que a visse, porque sim, teria uma próxima vez. Eu cheguei tão longe com ela, não podia só deixar Lauren correr todas as casas para trás por estar com medo.

— Nunca vi alguém correr tão rápido. Você deve beijar muito mal mesmo, tem certeza que escovou os dentes? – ouvi uma voz rouca ao meu lado, nem precisei me virar, já havia reconhecido o cheiro a metros de distância.

  O alfa se sentou próximo a mim, no lugar que anteriormente Lauren ocupava. Isso me incomodou mesmo que tentasse evitar. Como beta, o cheiro de Lauren era fraquíssimo, eu quase não podia senti-lo, e agora que o alfa estava esbanjando seu cheiro amadeirado onde deveria estar o dela, ele apenas sumiu.

— Ela foi embora. – murmurei, como se ele não tivesse visto. Mas ele viu. Ele estava aqui desde que saímos do boliche.

— Eu sei  – sussurrou incerto de como continuar — Não vi bem o porquê, aquela garotinha insuportável estava ligando na hora.

— Quantas ligações? 

  Preguiçosamente, ele colocou a mão no bolso da jaqueta de couro e puxou de lá seu celular, desbloqueando antes de me mostrar o registro de chamadas. Duas ligações de "Sr. Cabello" e mais dez de "Loira Oxigenada Insuportável". Pegando meu próprio aparelho, entrei no aplicativo de mensagens vendo que havia pelo menos quatrocentas e cinquenta e três novas. A maioria, de grupos da escola como Ômega Supremacy e Famosa Trindade, mas também haviam muitas de números desconhecidos que não havia salvo, ou de alguns colegas e, claro, as vinte e duas de Dinah.

Drapetomanía Onde histórias criam vida. Descubra agora