Capítulo 7 - Controvérsias.

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Richarlison chora em meus braços por alguns minutos, não o solto e continuo fazendo carinho em seu cabelo até ele se acalmar, desfaço nosso abraço quando sinto que ele está mais tranquilo.

- Está melhor? - Pergunto e ele assente envergonhado.

- Que vergonha, chorando como se fosse uma criança. - Ele ri enxugando as lágrimas.

- Vergonha de quê, meu bem? - Pergunto sorrindo para ele que dá de ombros sem saber o que responder. - Uma hora precisamos colocar para fora, se não a gente explode. - Ele suspira.

- Não sei se aguentaria isso de novo Deborah, eu acho que não tenho psicológico para isso. - Seu olhar parece perdido e triste, meu coração bate dolorido em meu peito.

- Eu te entendo, eu também não sei se aguentaria ser traída e abandonada de novo. - Ele me olha surpreso e suspiro pesadamente, ficamos em silêncio por alguns segundos nos olhando, é a primeira vez que vejo ele sem saber o que responder e eu melhor que ninguém sei o quanto isso é constrangedor, me sento de frente para ele novamente entregando a taça em sua mão. - Enfim, não vamos falar mais de coisas tristes a gente veio para se divertir, conversar fiado. - Pego um morango e mergulho no chocolate levando até a boca de Richarlison que ri mordendo o mesmo. - E comer, é claro. Taurinos né mores? - Ele gargalha e meu coração se alegra, sorrio alegre.

- Você está certíssima. - Ele sorri para mim e sem que eu notasse já estava sorrindo para ele de volta. - Vamos falar de coisas boas!- Ele se remexe na toalha. - Começa... - Oxe?

- Começar o quê?- Pergunto confusa.

- Qual seu maior sonho?-

- Maior sonho? - Como uma uva pensando no que responder.-

- É, algo que você quer muito. - Sorrio já sabendo bem o que responder.

- Ser piloto de avião... - Olho para cima onde coincidentemente um avião cruza o céu. -
Para mim é surreal a ideia de estar no céu comando algo tão grande, a imensidão dali de cima é algo que eu sonho em domar e pilotar um avião, ao menos pra mim, é uma coisa que eu quero mais que tudo na minha vida. - Abraço meus joelhos sorrindo.

- Caralho... - Richarlison exclama surpreso e me sinto um pouco envergonhada.

- Nossa, tô falando aqui parecendo uma pateta sobre um sonho tão besta, é só algo que... - Suspiro. - Eu quero muito sobre meu futuro profissional...- Dou de ombros começado a odiar minha boca grande.

- Eu entendo o que você sente. - Richarlison diz rapidamente bebericando da taça de vinho. - O Charlin de 8 anos, com a canela cinza que chutava bola nos caminhos de terra de Nova Venécia depois de comer um prato de arroz com ovo, não imaginaria onde estaríamos hoje. - Ele sorri doce e ergo as sobrancelhas tentando entender onde ele queria chegar. - Meu sonho sempre foi ser jogador de futebol. - É a vez dele de dar de ombros.

- E você realizou esse sonho.- Com o coração cheio de orgulho, sorrio para ele e sou correspondida.

- Com muita luta! O tempo todo tinha alguém duvidando de mim, mas o pai é brabo e calei a boca de todo mundo. - Rio de seu comentário antes que ele continuasse. - O que tô querendo dizer, abelinha, é que eu entendo seu sonho e acho lindo essa paixão, porque é algo que sinto. Desde Nova Venécia, enquanto tava lá vendendo picolé para ajudar em casa, eu sonhava e lutava para ser jogador.- Viro a cabeça para ele rapidamente.

- Você vendia picolé?- Pergunto surpresa.

- Claro, precisava ajudar em casa, não nasci em berço de ouro não. - Richarlison coloca a taça de lado se virando para o mar. - Eu era o melhor vendedor, ia para a praça central e rapidinho acabava com o carrinho, tinha uma árvore enorme, gostava de sentar embaixo dela pra vender, porque dava uma sombra boa. - O tom de tristeza e saudades em sua voz me aperta o coração. Tento quebrar o silêncio.

TUDO O QUE FIZ PARA TE TER- Richarlison Andrade • +18 • PLUSSIZE.Onde histórias criam vida. Descubra agora