Capítulo Único
Silêncio.
É a ausência de som ambiente audível, a emissão de sons de tão baixa intensidade que não chamam a atenção para si, ou o estado de ter deixado de produzir sons.
O silêncio era tão presente naquela casa de madeira no topo de uma colina afastada de todos, que chegava a ser sufocante. Só era possível escutar o frêmito som da chaleira nas manhãs e o coração de uma alma que almeja o barulho novamente.
Um homem sério, que havia esquecido como sorrir, morava naquele chalé. Uma casa simples de madeira com uma varanda em sua entrada, nela havia duas cadeiras de balanço, mas o tempo havia passado e nelas surgiram teias e poeira.
Meio distante dali era possível ver um lago, que em dias quentes de verão suas águas brilhavam tanto quanto um diamante reluzente, mas em dias como esse de inverno, suas águas congeladas ficavam à espera de um sol pra esquenta-las, com neve em seu redor.
Uma grande floresta rodeava a casinha, às vezes um vento gelado passava entre as árvores reproduzindo um assobio junto com os passarinhos cantarolando.
O morador raramente saia de sua casa, ficava sempre sentado em frente à janela de seu quarto no último andar, com sua xícara de café. Passa suas manhãs inteiras em pleno,ou nem tanto, silêncio.
Em sua visão podia ver sua antiga horta, que já não havia mais nada florescendo, uma parte da vasta floresta e os montes com neblina em seu torno. Lembrava-se das manhãs que passava plantando e cultivando suas verduras e flores em sua horta, principalmente tomates.
Nem sempre foi assim, silencioso, escuro, solitário. Muito pelo contrário, era alegre, colorido, e principalmente barulhento, com os sons das risadas pela manhã, as músicas animadas que tocavam durante o dia, as árvores de cerejeira espalhadas pelo quintal, e principalmente pelo estrondoso e acolhedor som dos corações apaixonados, que eram felizes ali, naquela mesma casa afastada de qualquer tipo de fofoca, julgamento, prédios e barulho urbano.
Mas com o tempo todo o barulho foi cessando, as flores de cerejeira foram caindo formando um tapete no chão, os CD's de músicas encheram de poeira nas prateleiras, as risadas se silenciaram. Tudo estava em completo silêncio, parecia que até a natureza estava melancólica.
A única pessoa que fazia o coração do morador palpitar de alegria era uma mulher, jovem com seus marcantes cabelos rosa. Cujo sorriso era capaz de derreter qualquer coração e contagiar qualquer um infeliz. Mas a vida é injusta e lhe trouxe uma doença que a levou rapidamente. Sem tempo de se despedir de seu amor, de regar pela última vez sua horta, de apreciar as cerejeiras e olhar suas iniciais eternizadas em seu tronco.
Em uma manhã ensolarada, que deveria recomeçar mais um dia animado, o homem já não tinha mais sua esposa de companhia. Naquele dia seu coração parou de ter ânimo para bater, seu sorriso não tinha mais motivo para aparecer, sua voz não tinha mais som algum para rir de alguma piada ou simplesmente falar bom dia todas manhãs, não tinha mais ninguém. Agora tudo que tinha eram memórias.
Memórias...
Quando se conheceram na faculdade e tiveram que fazer uma atividade em grupo, que acabou neles fazendo sozinhos...
Ou então quando ele a pediu em namoro em uma ponte no amanhecer, enquanto faziam caminhada...
Quando decidiram de uma hora para outra morarem juntos em uma casa no meio da floresta no topo de uma colina...Seu coração só continuava a bater por conta de suas memórias, que o fazia lembrá-la.
Raramente saia de casa, quando o fez, visitou sua antiga horta, os ramos de tomate, sua comida favorita, hoje já mortos, rosas secas, era triste demais ver aquilo, era como se as memórias estivessem indo embora.
Anda então pela pequena trilha ali, que o levou até às cerejeiras, mas essas continuam as mesmas.
Então vendo essas árvores surgiu uma sensação que já fazia tempo que não sentia. Seu coração batia mais rápido, seus lábios queriam fazer um movimento... Sorrir, ele queria sorrir. Ele resolveu chegar mais perto e viu uma marca quase sumindo no tronco de uma delas.
S+S
Suas iniciais, mesmo com o tempo essas árvores perceveraram e continuaram na história deles. Elas carregam em suas raízes seu amor, suas lembranças, são eternas.
-Sakura...
Sussurra o nome que tanto meche com seu coração e mente depois de anos, seus coração acelera, ele sorri.
Toca no coração que está em torno de suas iniciais e olha pro lado, vendo uma luz no meio da floresta.
Ele não quer mais solidão, ter que ficar na base de memórias, viver no silêncio.
Seu coração anceia por barulho, cores, companhia, seu coração necessita dela.
Ele então sente suas pernas o levarem até essa luz, que o chama, seu corpo não o responde, mas ele não liga. Ele só quer ela.
Quando o morador abre o olhos ele pode ouvir uma risada, ele sentia falta disso.
- Sakura?
Ele a segue, finalmente a encontra novamente. Não sabe como conseguiu viver tanto tempo sem sua presença. A abraça e a beija, seu coração parece calmo, mas não como antes, ele está bem, está batendo com amor, saudades, se sente em casa, nos braços dela.
Ele suspira, depois de anos, em paz, em casa, com seu amor. Feliz.
O vento sopra mais um vez na cabana no topo da colina, os galhos da floresta faziam um barulho tranquilo e a folhas voam. As cadeiras na varanda balançam. A cadeira no topo da casa tem a visão do quintal, mas dessa vez não tem o morador ali para a olhar.
As cerejeiras estão lá, carregando um amor eterno, memórias, carinho. E sempre estarão lá, com suas iniciais.
S+S.
Fim...
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Oi oi gente!
Essa é minha primeira história, e tinha que ser sobre os meus amorzinhos(sasusaku na veia). Decidi escrever ela em uma madrugada aleatória.
Prefiri não revisar muito porque se não eu iria desistir ❤️ ent desculpa qualquer erro de gramática.Quero opiniões por favor. Votem se gostarem ❤️
Bjss
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A cerejeira no alto da colina / #ONESHOT
FantasyO silêncio era tão presente naquela cabana no topo da colina que chegava a ser sufocante. Havia um homem nela, sério, que havia esquecido como sorrir.