Capítulo 50 A Bebedeira

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Can

Eram três da madrugada. E Can Devit bebia desde que saíra da casa de Ada. Dispensando o copo, ele agora se servia diretamente da garrafa, e um tremor involuntário lhe percorreu o corpo enquanto o uísque descia como uma bola de fogo até o estômago vazio.
Enxugando a boca com o dorso da mão, ele prendeu a garrafa entre as pernas e imaginou, pela enésima vez, por que não estava completamente bêbado. Devia estar, a julgar pelo pouco que restava do legítimo uísque , Evan Williams reconhecidamente capaz de embotar os sentidos, afogar as mágoas e apagar da mente qualquer raciocínio coerente. Mas o efeito desejado não aparecia. Can  fechou os olhos e, apesar de uma leve tontura, as lembranças de Ella com o vestido vermelho ,em sua noite de Henna , na noite anterior  lhe afloraram na mente com nitidez. Ella se casaria hoje  e a perderia para sempre .

Can  abriu os olhos, apagando a cena da mente. Só não conseguiu banir a amargura que o corroía ao voltar a atenção para a única luz acesa no ambiente.

Num canto, o abajur iluminava  a mesinha de cabeceira  em que repousava a fotografia queimada de Ella.

— Eu devia ter deixado queimar essa droga — ele balbuciou. E como se bastasse um olhar para tentar destruir a foto, fixou os olhos azuis na fotografia . Quantas vezes ele via  aquele mesmo rosto nos últimos 2 anos?
Can  tomou outro gole da garrafa.

Ansiara por algo que pudesse tocar, algo que pudesse ver depois que a deixara . Por isso que guardava a fotos da amada como fosse seu maior tesouro .

Esperara que isso o ajudasse a acalmar a mente, apaziguando o sentimento de culpa e dissipando a confusão que envolvia as circunstâncias que o haviam levado a se afastar de Ella , em primeiro lugar.

Can se pôs de pé e, com pernas que pareciam de chumbo, cambaleou pelo amplo  cômodo luxuoso   , até o canto onde ele havia colocado  o retrato.

Ele ficou parado ali por um longo tempo, as sobrancelhas cerradas, os lábios comprimidos e as feições marcadas pela tensão. Um turbilhão de lembranças invadia sua mente, trazendo consigo perguntas... sentimento de culpa... acusações. A quem condenar? Com os olhos do quadro, essa pergunta o perseguia. Onur ? Ele ?

Um misto de emoções angustiantes — dor, frustração, impotência — o tomou de assalto no instante fugidio em que seus dedos deslizaram pelo retrato frio em contraste com o calor de seu toque gentil e quase reverente. Ele não pretendera magoá-la, quando foi embora , quisera apenas poupa- lá de sua morte. Só mais tarde, tomara consciência de que seus motivos para desposá-la haviam sido distorcidos por uma tentativa egoísta de Onur tentar separa- Los ! . Um gesto pouco nobre, um erro que prejudicara um amor  inocente.

— Maldito seja ! — Can  praguejou . Passando a mão pelos cabelos, virou-se e parou junto à janela, o olhar perdido na escuridão da noite.


“Eu te amo ,Ella ”, ele pensou com desespero. “Eu te amo!”.


Na vidraça, o rosto com a barba por fazer refletia cansaço, os efeitos da bebida e a consciência de que ele não encontraria consolo nem na escuridão.
Sentindo desanimado, Can  se virou da janela num gesto tão brusco que quase lhe custou o equilíbrio e deixou sua cabeça a girar.

Largando-se no sofá , tomou outro gole de uísque, uma careta lhe contraindo o rosto. Novamente seu olhar recaiu sobre a mulher no retrato, mesmo queimada a beleza de Ella  era acentuada.

Ele a veria de novo, sem dúvida. Mas daquela vez não seria como da última. Daquela vez diria a ela o que nunca tivera chance de dizer, uma única palavra gravada fundo de seu coração.

Can fechou os olhos, respirando fundo.   Porque a maldita bebida não fazia efeito  ?  Sem sono , ele  levantou e foi até a recepção para pedir mais uma garrafa de uísque ....



Piscando várias vezes, Can  despertou com uma terrível dor nas costas. Onde estava mesmo?
Pouco a pouco, alguns lampejos de recordações da noite anterior começaram a surgir em sua mente. Lembrou que depois que saíram da casa de Ada , Yaman chamou  um táxi e pediu para levar Can diretamente para o hotel  . Depois que chegou , ficou olhando o retrato de Ella  ele se afogou  na bebida. Como não conseguisse pegar no sono, ele saiu atrás de mais bebida, mas desabou e acabou  dormindo na poltrona do saguão .

“Céus, por que justamente uisque?”, ele se perguntou, fechando os olhos desanimado.



Gemeu outra vez, sentindo dores por todo o corpo. Nunca passara tão mal em toda a vida.



Com ou sem dor de cabeça, ele decidiu que já era hora de encarar a realidade e impedir logo esse casamento . Ergueu as sobrancelhas devagar, limpando os olhos com as costas da mão. Precisou de algum tempo para se acostumar à penumbra.


Abrindo os olhos, viu um salão iluminado pelo sol fraquíssimo da manhã e recordou-se.

Endireitando-se, sentiu uma terrível dor de cabeça e massageou a nuca com vigor. Ouviu vozes  e uma delas era familiar . Arregalou os olhos ao ver  Yaman conversando com o gerente do hotel e soltou um palavrão  .Droga . Será que na bebedeira de ontem ele  tinha quebrado alguma coisa?  Passou a mão no rosto tentando se recordar ,mas não lembrava de nada . Apenas lembrava que tivera um pesadelo terrível, onde Ella escapara-lhe dos braços e seguia ao lado de  Ozan Burak para algum lugar desconhecido  . Ao pedir-lhe que voltasse, ela balançou a cabeça e disse apenas que era tarde demais.



“Tarde de mais uma ova “! _Can resmungou alto , chamando a atenção de Yaman .

Ao notar que ele já acordara, Yaman  olhou para Can  , e só falou depois de alguns segundos, usando um tom de voz muito grave:

— Ora, bom dia! Finalmente você acordou.

Yaman se aproximou e o olhou com cara feia .

— Você está  péssimo!

— Obrigado.

— Não espere que eu me compadeça.

— Não, nunca conto com milagres. O que você está fazendo aqui ?

__ Eu disse que viria . Lembra- se ?

Can passou a mão na cabeça latejante .


— Está com dor de cabeça?

Can  começou a balançar a cabeça em reposta e arrependeu-se no mesmo instante. Fechou os olhos e massageou as têmporas de leve.

— Não pensei que uísque doze anos desse ressaca.

O gerente do hotel apareceu entregou uma garrafa para Yaman .  Yaman  se aproximou mais de Can  e despejou um líquido em um copo.

— Se consumido em quantidade razoável, não deve dar mesmo.

— Golpe baixo.

— Mas, eficaz — Yaman replicou lhe entregando o copo.

— Beba isto.

Can  abriu um olho e examinou o líquido borbulhante com ar desconfiado.

— Aos poucos, ou de um só gole?

— Um só gole. O gosto é horrível.

— Isto vai me curar ou me matar?

— Faz diferença?

— Não. — Can  endireitou-se na cadeira e esvaziou o copo de uma vez. Estremeceu assim que engoliu. — Está se divertindo às minhas custas, não é mesmo?

— Só um pouquinho. — Com um sorriso, Yaman  colocou-se atrás dele e lhe deu um soco em seus ombros . — Respire fundo e repita: nunca mais vou beber uísque de estômago vazio.

— Não mencione a palavra uísque —  Can protestou massageando os ombros pelo soco recebido  — E não fale em estômago.

__ Porque bebeu desde jeito Can?



__ Ella vai se casar com outro hoje ! Tive um bom motivo para beber .

Ainda atordoado pela ressaca , Yaman ajudou Can  voltar  para o seu quarto , sob o olhar vigilante do segurança do hotel . Yaman abriu a porta do quarto , e enfiou   Can no banheiro e deixou ele um bom tempo de imersão, para refazer-se da noite mal dormida e da ressaca . Enquanto Can reclamava do banho meio frio , Yaman procurava pôr algum  terno no guarda roupa  e viu que ele não tinha nenhum .  Olhou as calças jeans surradas do amigo e fez uma careta .  Aquele não era o traje ideal para impedir  um casamento, concluiu, e, pensando melhor, resolveu descer e pegar o que Ayleen mandara trazer pois achava que o irmão não tinha pego nenhum  dos seus caríssimos ternos  em Bodrum. E ela estava certa . Retirou de dentro do carro o smoking  e sapatos novos.  Satisfeito , Yaman subiu novamente e encontrou Can tomando uma xícara enorme de café .Mostrou pare ele o smoking  e sorriu . 

__ Hora de se arrumar e começarmos a atuar Can .  Afinal, não é todo dia que se impede a  mulher da sua vida a se casar com o noivo errado .
   Can concordou e terminou a bebida fumegante se sentindo revigorado.

Agora estava mais determinado do que nunca impedir esse casamento . Não podia viver atormentado daquela forma. O único problema era conseguir fazê-la ouvi-lo, e acreditar que ele a amava e quanto o padrasto era um grande mentiroso .





Ella ...




Ella acordou em seu antigo e  aconchegante  quarto na casa de sua mãe , sentindo-se como qualquer outra noiva devia sentir-se. Nervosa, ansiosa, apreensiva... A única diferença era que, além de todos esses sentimentos, outras noivas também deviam experimentar uma intensa excitação enquanto esperavam para tornarem-se um só ser unidas ao homem amado.

Ella sentiu que começava a entrar em pânico ao olhar o belo vestido pendurado no cabide .

Ia se casar! Mas não se podia dar ao luxo de entrar em pânico. Não naquele momento, pensou. Era o seu feliz para sempre !

Não que se arrependesse da decisão que havia tomado. A vida se transformara em uma pequena bênção nas últimas semanas. Can não a tinha perturbado mais , com suas suspeitas sobre o padrasto. Provavelmente ele tinha voltado Brasil ou ainda correndo atrás de mulheres casadas !


A porta do quarto se abriu e Ada entrou com uma bandeja nas mãos.


—Günaydın, querida!

— Mãe, não devia ter se preocupado! .

— É um privilégio poder servir a última refeição matinal de sua vida de solteira. Como se sente? — ela perguntou, depositando a bandeja sobre os joelhos da filha.

— Nervosa.

— Compreensível . Agora coma, e não se preocupe com nada. Vista- se , e desça  e logo mais iremos para a mansão. 

A Cerimônia e a   recepção aconteceria na casa dos kirimli, e Ada se desculpou por ter ido mais cedo  verificar os últimos detalhes relativos à festa , atrasando com o café da manhã .


__ Tudo bem, mãe __ Ella falou se servindo de uma torrada com geleia.


__ Seher , ligou e disse que Allya a está esperando na mansão para maquia- la. Então apresse- se querida .



__ Taman , Anne. Onur já chegou ? 



__ Já .  Ele está  esperando lá embaixo .

Ella terminou seu café , colocou uma roupa quente e folgada e desceu  as escadas com sua mãe em seu encalço.

— Pronta, minha filha? — Onur Tariq perguntou da sala quando a viu descer as escadas .


__ Evet .

Ella olhou para o padrasto com desconfiança . Será que Can estaria certo sobre seu padrasto ter pedido ao médico para lhe  dar um diagnóstico falso a ele ? Será que todos esses anos , estaria enganada a respeito  de Onur ? O que sua mãe sabia ? Porque houvera a separação?

Oh Deus ! Pensou Ella angustiada .



Sentindo que estava sendo observado estranhamente por Ella , Onur sorriu e disse que estava pronto para irem .

Ella subiu rapidamente para pegar o vestido e os sapatos e depois partiram para a mansão .



O trajeto até a casa dos Kirimli  levava meia hora , mas, durante esse tempo, o pânico conduziu Ella por outros caminhos. E se ela   mudasse de idéia? E se desistisse de tudo e...





Ella censurou-se.  Ozan era gentil , doce e um ótimo amigo . Abandoná-lo no altar seria considerada uma atitude imperdoável.

Deixando os receios de lado . Ela encostou a cabeça no banco e fechou os olhos .


__Ella?



Ela abriu os olhos e olhou para Onur.


— Faltam apenas dez minutos para chegarmos à mansão . Como se sente filha ?


__ Nervosa __Disse cruzando os dedos .

__Porque ? Onur questionou.

— O senhor  não entenderia. — Ella respondeu de forma seca . Enquanto olhava pela janela .


— Deixe Ella em paz Onur . É um grande passo se casar — explicou Ada com mais paciência.



— Ella?

Onur a chamou  novamente, a limusine diminuíra de velocidade e entrara no jardim da mansão .

Ela desviou seu olhar fixo da prepotente mansão .

— Sim?

— Ozan  é um bom rapaz, e você está fazendo a coisa certa em se casar com ele .

Ella olhou fixamente nos olhos de Onur , tentando ver através deles , então sorriu, trêmula.

— Obrigada .

Segundos depois, a limusine estacionou em frente à mansão e, respirando fundo, Ella abriu um sorriso e foi se arrumar para seu casamento.







Felizes para sempre, repetia Ella  para si mesma enquanto ,  Seher e Allya   faziam os últimos retoques na maquiagem — acrescentando uma sombra que realçava os olhos azuis —, nos cabelos — alguns cachos com reflexos dourado se  emoldurando o rosto romanticamente — e colocavam o véu em sua cabeça.

Seher  ajeitou a tiara de stress que prendia o longo véu, sorrindo com satisfação ao ver a imagem de Ella  refletida no espelho.

Ella examinou-se diante do espelho do quarto, sem entender como alguém podia estar menos que maravilhosa em um vestido tão belo. Por outro lado, era bem provável que os convidados enxergassem uma noiva bem diferente daquela registrada por seus olhos.

— Você está fabulosa! Seher elogiou-a .


— Espero que Ozan  tenha a mesma opinião.



— Como poderia não ter? Você está uma princesa! _Confirmou Allya .


Ajeitou com cuidado os cachos dourados por sob a tiara e se afastou para admirar o efeito. O vestido de noiva de Ella parecia ter sido feito para moldar com perfeição todas as curvas femininas, como uma segunda pele, deixando os ombros bem-feitos à mostra. O decote discreto revelava a pele alva e aveludada, realçada por um magnífico colar de diamantes. A longa grinalda de tule branco proporcionava um efeito mágico e a envolvia em uma aura de encantamento. O estilo romântico do modelo revelava a personalidade de Ella.


— Querida, seu noivo  vai ficar sem fôlego quando você descer as escadas .



As três  trocaram um sorriso cúmplice.



— Vocês também estão lindas, meninas . Sempre achei que rosa bebê  combinaria com seu tons de pele. 



Seher  e Allya olharam-se no espelho e tiveram  que concordar. Mesmo com a pequena barriga  despontando , devido a gravidez de Seher ,  a elegância simples e discreta do vestido longo combinavam com o estilo delas.  As madrinhas prenderam os cabelos com uma fivela dourada, deixando que pequenos cachos pendessem pelos ombros. Optaram por uma maquiagem leve, realçando os longos cílios, e um brilho suave nos lábios.



_ Minhas madrinhas estão maravilhosas .



Além de estar entre os padrinhos da cerimônia, ambas fora convidadas para serem uma das quatro damas de honra. Naquele momento, as outras duas mulheres estavam fora do quarto, recebendo os buquês que haviam acabado de ser entregues.

— Deus do céu, Srta. Ella, você deveria ver o fotógrafo!  É lindo de morrer! — Neslihan ,  apareceu na porta com dois buquês na mão e parou, extasiada, diante de Ella, esquecendo-se por completo do fotógrafo. — Você está maravilhosa !

— Estou? — Ella se olhou no espelho, olhando para as melhores  amigas pelo espelho. Sofrera uma grande transformação, sem dúvida. Bem, se Neslihan  a achara fabulosa, então  suas damas de honra fizeram um bom trabalho.


— Está perfeita!


Ella sorriu, confiando na sinceridade da moça, que se aproximou, deu uma ajeitada no véu e se afastou, para admirá-la a distância.



Allya , Seher a imitaram   e se afastaram  para admira- la . Seda, a outra madrinha ,  entrou no quarto para ver se Ella já estava  pronta . E  avisa :


_ A  “general “sogra de Ella me incumbiu de dizer-lhe que Onur está esperando . Quem ainda não viu o fotógrafo ,vale a pena dar uma olhadinha nele. Ele é lindo! .



_ Oh , você está belíssima  Ellie . _ Admirou Seda  ainda segurando o trinco da porta . E depois continuou : _ Estou me sentindo uma capacho quando Periahn me manda de um lugar para o outro ._ Quase disse a ela que não sou uma empregada e sim sua madrinha ! Já disse que o fotógrafo é gato ?_ Seda dissera ao ver o semblante tenso da noiva ._ É  melhor que Ozan .


_ Seda!_ Repreendeu Seher , fazendo  cara feia para a amiga.


Seda deu de ombros e insistiu :



_ Venha ver, Ella. Olhe! 



Neslihan sorriu .



_ Eu disse que ele era lindo !



Ella deu de ombros.



Periahn e Onur  podia esperar um pouco. Além disso, Neslihan  começara a apreciar o sexo oposto, novamente e mesmo namorando firme com Firat ,  seus comentários faziam-na rir. E se havia alguma coisa que Ella precisava nesse dia era rir.


Ella então aproximou da janela e viu , o homem em questão estava curvado sobre a bagagem, elegante em seu Smoking no porta-malas de uma Mercedes estacionada na entrada da mansão perto do chafariz , e tudo o que Ella  pôde ver foram pernas longas e muito, muito másculas .



Ella franziu as sobrancelhas perfeitas .


__ Não consegui ver .



__ Uma pena . Pois é um belo de um homem ! 



— Neslihan , temos de ir. Disse Adalet entrando nos aposentos e tirando a atenção de Ella das pernas  do  fotógrafo. Sua mãe e Onur está ali fora a sua espera querida ...


__ Venha,  Neslihan falta pouco para a cerimônia começar .


_ Evet , Teyze, Vamos !



Onur que esperava do lado , de fora do quarto , estava sério ,a sorriu com uma expressão radiante quando Adalet e Neslihan saíram, e ele pode ver a noiva .



__ Está pronta minha filha ?



Ella fez que sim com a cabeça .

__ É melhor descer Ella .— Achei que  seu noivo   está um pouco nervoso — Ada disse se aproximando de Onur de má vontade . — Você não o achou nervoso, Seher ?

—  Achei. Ele perguntou diversas vezes se você estava aqui, como se você não fosse aparecer.

__ Está preparada Ellie?  _Perguntou Onur.

NÃO ! Sua voz interior gritou .

Ella riu para disfarçar  e olhou para o padrasto  que estava aguardando para levá-la ao altar.



Allya ajeitava a grinalda de Ella e parou quando ouviu as vozes de Sua mãe e de Zaynep .  Depois que aceitou a namorar Nadin as duas ficaram inseparáveis .

__   É melhor vocês descerem . Aquelas crianças la embaixo ,já estão ficando impacientes . __Ada falou pra filha .
__Vamos descer ... Só vou terminar aqui com essa grinalda .

Ella ou viu o órgão tocar os primeiros acordes, mas ainda não estava preparada. Talvez nunca estivesse.

“Nem em cem anos eu estaria preparada para ser a esposa de Ozan Burak “, falou a si mesma em pânico. Está tudo errado, tudo errado. Ozan , provavelmente sabe disso e é por isso que está nervoso.





— Oh...







Seher  se afastou um pouco e encarou a amiga, ao notar- lhe a pálida .





Terminando de ajeitar o vestido , Allya percebeu que a amiga não parava de tremer .

Então o olhar de Allya subiu , e ela arregalou os olhos.







— Ella??







— Pronta Ella , temos de ir. Anunciou sua mãe , mas parou ao notar- lhe a palidez .



_Acho que vou vomitar... — anunciou Ella .



— Oh, não! — implorou Allya.


— Sente-se, abra as pernas e abaixe a cabeça até que fique entre os joelhos — aconselhou Seher. — É a melhor coisa para não desmaiar. Sei disso ,porque estou grávida .



— Vou pegar uma toalha úmida — ofereceu Allya . — Mas tome cuidado para não estragar a maquiagem.







— Alguém pode me dar um copo com água, por favor? — implorou Ella.


— Que tal um gole de raqui? — sugeriu a mãe do Nadin  — Para mim deu certo: nem sequer me lembro de quando entrei na igreja. Só sei que fiquei tão feliz !


Todas riram.


Todas, menos Ella, que gemeu:



— Vou vomitar, mesmo.



— Não pode fazer isso — disse o padrasto , com a maior calma. Ignorando todas as mulheres presentes no aposento  — É apenas nervosismo.



Ada o  olhou feio .

__Se não se importa , gostaria que esperasse lá fora Onur ,chamarei quando minha filha ,estiver melhor !



Onur a olhou contrariado e saiu fechando a porta atrás de si.

_ Respire bem fundo várias vezes filha .

Ella obedeceu e sentiu-se melhor.


— Creio que é bom eu conversar a sós com minha filha — Ada olhou significativamente para as mulheres .__ Até o nervosismo dela e o mal estar passar .


Mesmo sentindo-se mal, Ella admirou a classe de sua mãe. Continuava encantadora enquanto, com gentileza firme, fazia as amigas  saírem do quarto .


Depois de fechar a porta atrás da dona da casa ,Ada  voltou-se para a filha, muito séria:

— Você não é obrigada a casar-se, Ella.


— Mamãe!


— É isso: se não quer, não se case. Eu lhe dou meu apoio. Ada balançou a cabeça:


— Toda essa gente lá embaixo... deve haver mais de 100 pessoas! O que você diria a elas?

A cerimônia estava marcada para dali a alguns minutos e, apesar da sólida porta de carvalho dando para a escada que descia até  o altar improvisado na sala da mansão , ouvia-se gente chegar há quase uma hora.


— Eu arranjo o que dizer, filha.


Um pálido sorriso desenhou-se nos lábios de Ella:



— Tenho certeza que sim, mas não posso pedir-lhe isso.


— Você não pediu, eu é que ofereci.


— Agradeço muito, mamãe — Ella engoliu seco —, mas já estou melhor. Como você disse, deve ser nervosismo.


— Eu disse isso por causa das suas amigas— esclareceu , definitiva —, porém, acho que é muito mais.


— Não — Ella sacudiu a cabeça.



_ Filha , ouça- me... _ começou a dizer sua mãe , mas Ella a interrompeu.


— Já estou melhor. E não vou vomitar, mamãe. Chame Onur  .Vou descer, casar com  Ozan  e como eu disse outra vez , seremos felizes para sempre. Repetiu .



Bem, era tarde demais para ter dúvidas. Pessoas esperavam por ela lá embaixo, e teria de ir até o fim sem hesitar.






































 Eu Tenho Apenas Um Amor,Confiado a VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora