Capítulo II

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Pelo caldeirão ela era linda, movia-se a passos felinos e calculados em direção ao corredor que levava em direção a uma sacada no fim daquele vazio e escuro corredor, seria essa uma rota de fuga? Até onde se lembrava ela era uma ladra... o que roubariam dessa vez?

Em alguma outra situação deixaria isso passar, afinal o que ladrões baratos iriam atrapalhar o grande esquema das coisas?

Entendia que o mundo era vasto e que aqueles menos afortunados do  que ele tinham que fazer para  sobreviver, talvez se fosse uma noite como outra qualquer deixaria com que ela entrasse saísse sem  ser percebida, mas não era uma noite comum e sabia que de certa forma era responsável pela boa decorrência daquela noite em que de fato um acordo formal de paz seria selado, e sabia que isso seria benéfico para os feéricos e humanos, então nada estragaria a sua noite.

Ela certamente não fugiria, soltou um meio sorriso enquanto dizia:

— Para onde acha que vai querida?

•••

''Merda'' pensou 
Logo agora que Jon havia quebrado a combinação do cofre.

Tentou se desvencilhar do macho que agarrava o seu braço enquanto mantinha um olhar felino, com um sorriso que indicava malícia e curiosidade.

Estava encantada com aquilo mas tinha um trabalho a fazer, já que ele não largaria seu braço tinha que distraí-lo.

Rapidamente pensou e deu um chute na altura do abdômen do seu adversário, isso fez com que ele perdesse o ar de maneira súbita. Era bom não precisar se segurar em uma briga, seus adversários sempre foram humanos e ao longo dos anos aprendeu a se segurar para não quebrar ou até matar sem intenção então seguraria esse babaca metido a herói até Anya e Jon esvaziarem o cofre.  

—Uma revanche então

Ela disse com um sorriso de canto de boca

•••••••

A mão delicada e detalhista de Jon lentamente colocava parafusos entre as trancas do cofre. O cofre dentro de um cofre era uma novidade, seja qual for a importância disso para o contratante valia muito mais do que estavam sendo pagos.

40.000 Dracmas para ele e 160.000 por sua irmã. Era um servo ''barato'' já que um garoto aleijado comprado em um prostíbulo na parte baixa da citadela, não fora tão caro. Era diferente de todos ao seu redor mas em momento nenhum, se sentia menos por isso, a sua mente sempre foi tão afiada quanto qualquer faca, então se tornou extremamente necessário para guilda, quebrar cofres, explodir paredes e coisas similares era simples, já que se certas substâncias fossem misturadas qualquer um iria ao chão sendo ele feérico ou não, nenhum deles deixaria de respeitar e temer o nome dele.

E assim com um clique o cofre rompeu e a delicada porta...E lá estava, e sinceramente era decepcionante, um vidro empoeirado com alguns símbolos em dourado ao redor da taça. Poderia admirar aquilo por horas, era duro admitir que tais feéricos tinham seu charme, algo que Eden tinha explicado que era uma espécie de magia chamada de glamour que  era comumente usada para encantar e distrair aqueles com ele.

Chacoalhou a cabeça enquanto tentava encontrar um ponto focal para se comunicar com Anya. Era adaptação de um jogo que faziam, 3 cliques no lado esquerdo das ondulações da fivela do seu suspensório que então era transmitido para as ondulações similares na pulseira dela. Três cliques e assim colocou o cálice na bolsa, e foi aí que os alarmes soaram e a explosão veio o lançando ao ar.

•••••

O salão estava lotado de humanos e feéricos e diferente do que seu irmão e a feérica pensavam, havia mais de um tesouro caso se puxasse o bolso certo, servir bebidas era simples. Manter o olho em tudo e preparar a saída deles e assim seria,  passar desapercebida era o ideal então roubou algumas coisas da pobre empregada qual Eden havia colocado sonífero no chá, o intuito era disfarçar a sua pouca beleza, seus cabelos ruivos e curtos na altura da nuca cobertos por um chapéu e seu corpo disfarçado esguio e curvilíneo disfarçado por um uniforme tamanhos maiores do que realmente era. Retornou o foco aos seus redor enquanto pegava as bebidas em uma bandeja até que o salão parou e tom da música pareceu mudar

Os acordes eram perfeitamente entoados e assim que o ritmo dos tambores mudaram ela sabia que algo ou alguém importante havia chegado.
E foi aí que elas os viu os feéricos: uma loira deslumbrante que parecia guiar o mais novo entre eles sobre o que fazer enquanto o mesmo parecia só focar na multidão na multidão, um ruivo com uma cicatriz e as feições como uma de uma raposa, um macho com cabelos platinados e o olhar frio como a neve, e por fim a criatura mais bela que já havia botado seus olhos um belo macho de pele negra cabelos com cachos como as ondas do mar.

Minha nossa a Eden não era a exceção e sim a regra, todos feéricos eram sim impressionantemente belos. Viu com o canto de olho o mais jovem dos feéricos caminhar em direção a saída, mas ele não era problema dela então seguiu em direção as portas às vigiando e colocando pequenos parafusos entre as trincas enquanto servia uma bebida e outra para qualquer babaca mimado que as pedia.

As saídas estavam armadas enquanto aguardava o sinal de Jon para que assim liberasse o sinal de fumaça para Eden. 

Vários minutos se passaram até que a espécie de energia do local simplesmente mudou e foi aí que ouviu um som gutural enquanto uma fumaça cercada de enxofre encheu os salão. O pavor se instaurou no lugar todos tremeram enquanto os 5 feéricos entravam em uma posição de combate.

A criatura emergiu das cinzas, possuía chifres e rosto como um de bode, mas o corpo de um gigante, era cercado com uma nuvem negra que encobria seus olhos vermelhos. Todos no salão correram em direção às portas, um tumulto era a situação ideal para bater algumas carteiras  aí ela viu uma abertura enquanto corria pelos corredores sendo empurrada pela multidão, um baú semiaberto com o prémio perfeito: Um colar de pérolas, rapidamente deslizou pelo chão enfiou a mão no baú e colocou o colar no bolso de sua saia.

A criatura rompeu os portões instaurando o pânico em todos ali, tentou reorganizar os pensamentos mas sua mente retornou a única constante ao sentir o vibrar de sua pulseira: Jon
Tinha que buscá-lo.

•••••••••
Era uma boa troca de socos, ela dava chutes na altura da costela e ele bloqueava com o antebraço, era como uma dança onde um atacava e o outro defendia. Parecia até mesmo que o tempo e espaço estava parado, não havia roubo ou baile mas sim dois corpos se movendo em perfeita sincronia.

A fêmea chacoalhou a cabeça sabia que precisava sair de lá, mas tal distração foi o suficiente para que o macho pensasse rapidamente e desse uma rasteira em sua perna direita fazendo com que ela caísse e assim escalou e colocou o joelho no seu tórax, ficando por cima dela e a imobilizando, mas oque ela fez em seguida o deixou completamente sem reação.

A regra principal de um bom ladrão era nunca roubar de alguém que poderia correr mais que ele. Era uma das raras ocasiões em que havia um adversário a sua altura se a ela em combate seria interessante mas provavelmente perderia sabia que tinha que ir, um sinal havia sido disparado e também algo a mais, seria uma explosão?

Isso fez com que o belíssimo macho em cima dela perdesse o foco e desviasse o olhar dela por uma breve fração de segundo, com isso ela se desvencilhou dos braços e afastou o peito dele do dela, mas ele novamente retornou o foco para os belos olhos verdes, e assim o elemento surpresa entrou em ação: O seu batom vermelho que foi embebido em Lírios Selvagens, a flor do sono, causava uma certa ardência nos lábios mas ao entrar em contato com a saliva de terceiros, ativava o calmante.

E assim ela o beijou.

Normalmente seria o breve contato de lábios mas não esperava que o oponente incomum retribuísse o beijo, dançando a língua dele contra a dela, com o tempo acabando e com o sinal de fumaça lançado por Jon ela quebrou o beijo e saltou do batente.

O jovem príncipe sorriu um pouco mas tentou correr em direção ao batente onde não viu nada nem ao menos uma corda e sim um pardal voando, sentiu sua visão escurecer e seus músculos enfraquecerem, enquanto ouvia a sua tia o chamar pela distância.

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