15:30 PM Setembro 08 2015 P.O.V Scarlett Crawford, França
- Por favor, senhoras e senhores, peço-lhes um minuto de vossas atenções. - ele pediu, a voz no microfone ecoava rouca e sexy, enquanto todos sentavam-se nas cadeiras em frente ao palco. Eu já estava sentada, por isso apenas fiquei aguardando ele começar a falar. Apesar de que - como eu bem sei -, antes de começar, ele irá fazer seu costumeiro suspense, que já adianto: eu odeio. Sou o tipo de pessoa curiosa, e ao meu namorado - que não interage com ninguém além de mim - resolver subir no palco para falar com quatrocentas pessoas eu certamente hei de ficar interessada. Ele suspira, como se o que fosse falar lhe causasse muito custo.
- Falo-lhes por um simples motivo: quero homenagear alguém. Como as vossas pessoas sabem, hoje é o Dia dos Namorados. Alguns aqui não namoram, acho eu, entretanto compareceram aqui - no salão de festas do meu pai -, para divertir-se. Eu agradeço muito, assim como ele também. - ele dá uma rápida olhada para o canto do palco, onde ao lado de uma cortina vermelha está um homem por volta de seus quarenta anos. - Sabe, é engraçado pensar que não sou a única pessoa que guarda segredos. É engraçado pensar que, todos aqui, já disseram uma mentira, e não apenas eu. Porém, os seres humanos pecam, e eu sou um ser humano. Todavia, meus pecados não foram os normais, como aqueles sete que estão na bíblia ou qualquer outro que sempre cometemos. Eu não cometi um simples erro, eu não roubei e nem bati em ninguém. Vocês devem estar se perguntando como pode haver coisa pior que isto, mas a verdade está bem debaixo de vossos narizes. É algo que ocorre todo dia, e não, eu não espanquei minha mulher. Eu jamais teria coragem de encostar um só dedo naquela que me fez crer na vida e ter o desejo de felicidade pura e merecida. - ele olhou pra mim, enquanto eu apenas mordi o lábio, tentando não chorar. Por que eu choro por tudo? - Contudo, eu não considero a merecer. Ela, que é sempre tão carismática, e eu, que sempre sou tão arrogante. Mesmo depois de descobrir meu segredo, ela continuou comigo, porém me deu uma escolha: ou eu largava disso que eu faço e a ganhava, ou eu continuava com essa vida e a perdia. Eu fiz minha escolha, mas antes de responder vou contar-lhes a história, porque as vossas pessoas devem estar curiosas quanto ao que estou falando. Se eu responder agora, vocês não irão entender nada. Vocês não sabem o quanto está sendo difícil para mim contar tudo isto, mas eu vou seguir em frente. - ele suspirou, e então começou a falar. - Eu sou um bandido. - as pessoas, e com isso eu quero dizer quatrocentas pessoas, exclamaram um "O quê?" em surpresa. Mas, quem não ficaria? - Eu ganho dinheiro com isso. Eu escolhi a vida fácil, há muito tempo atrás, quando minha mãe morreu. Eu e meu pai éramos pobres, e assim ficava difícil sustentar-nos. Eu tinha uns amigos estranhos, mas apesar disso eu lhes contei o que estava passando. Foi aí que eles me apresentaram esse mundo: um mundo de tortura. Um mundo de dor. Um mundo de agonia. Entretanto, um mundo fácil. E, é claro, perigoso. A verdade é que eu sempre gostei de perigo. Quando pequeno eu via filmes policiais, e sonhava com o dia em que eu seria um dos melhores policias dos Estados Unidos. E, olha só, tudo foi ao contrário: eu me tornei um dos melhores bandidos da França. Eu não conhecia felicidade, eu ficava com garotas por uma noite, para depois chutá-las. Quem quer que se atrevesse a entrar em meu caminho sairia dele, sem dó nenhuma. E, sabe o pior? Eu não podia sair disto. Já havia pensado várias vezes, mas sempre que pensava as principais dúvidas vinham à minha cabeça: "E se os bandidos que, ao longo dos anos, tornaram-se meus inimigos viessem atrás de mim?" e "E se eu sair desta vida, com certeza irei ficar sem dinheiro, certo?". Aqueles que se diziam meus amigos me incentivavam cada vez mais aos crimes, e eu não via uma única saída. Foi então que ela apareceu. Tão doce, tão linda, tão simpática. Ela me fez ter vontade de viver novamente. Ela me fez crer que eu poderia merecer a felicidade pura novamente. Entretanto, eu tinha de a manter em segredo. Se os meus inimigos soubessem que eu estava envolvido com alguém, eles sacariam na hora que ela era meu ponto fraco. E assim fizemos. Só que um dia, ela desconfiou de algo, e desde então veio me forçando a falar o que acontecia. Eu até tentei continuar escondendo, mas eu vinha guardando isso há muito tempo, precisava desabafar. Precisava desabar em cima de alguém. O problema era que este alguém não podia ser ela. Há uma semana atrás ela me forçou a falar. E sim, eu desabei. Eu estava preparado para perder o amor da minha vida. Na verdade, preparado não é uma boa palavra, pois não, eu não estava nada preparado para perdê-la. Esperando é a palavra certa. Só que, mesmo depois de saber que eu era um dos maiores mafiosos, ela continuou comigo. Eu me lembro bem do que ela disse.
Flash Back ON
"- Olha, eu te amo. Quero que você saiba disso. Contudo, eu não poderei guardar isso pra mim. Não para sempre. Por isso, vou lhe dar duas opções, certo? - olhei-o nos olhos. Ele anuiu e eu prossegui. - Se você realmente me ama, se você quer continuar junto a mim, você pode largar tudo isto e ficar comigo. Agora, caso queira continuar com isto, vá em frente. Porém, eu também seguirei em frente, e sem você. Então, estas são suas opções: Ou você desisti disto e me ganha... ou você continua e me perde. Te dou o tempo necessário para pensar, mas não muito. Não posso esperar a vida inteira."
Flash Back OFF
Sim, eu lembrava. Lembrava das opções que dei a ele. Na hora em que descobri a verdade eu fiquei abatida, mas eu o amava e queria mudá-lo. Só que talvez ele não quisesse mudar, então dei-lhe as opções.
- Sabe, os pais dela não gostam de mim. Na verdade, nunca gostaram. Eles sempre disseram e acharam que eu não era a melhor pessoa para vossa filha, que eu não era bom o suficiente e eles tem razão. Eu nunca discuti com eles, sempre que eles falavam eu me calava, porque sabia que era a verdade. Eles sempre tiveram razão. - olhei de soslaio para meu pai e minha mãe, que estavam sentados em cadeiras a algumas fileiras atrás da minha. Suas expressões eram ilegíveis. - Já hoje eu venho dar-lhe minha resposta. - ele, ainda no palco, tirou algo do bolso, era um objeto brilhante, que só consegui identificar assim que o sol brilhou menos. Todos ficaram boquiabertos, exclamando em pavor. Até eu fiquei assim. Ele vai matar a todos, ou vai matar a mim, pensei. Ele desceu do palco, com o revólver em mãos. Ele vinha na minha direção, e conclui que fosse a opção dois. Sua expressão era séria e eu estava me perguntando porque ele iria fazer aquilo comigo. Ele chegou até mim, estendeu a arma e ficou me encarando. Mesmo sem saber qual o motivo de eu o fazer, peguei com as pontas do dedo em seu cano. Depois, tudo aconteceu rápido. Com um golpe rápido e forte ele quebrou a arma, enquanto eu apenas segurava o pedaço de ferro que sobrou dela. Olhei-o.
- Esta é a minha escolha. Eu adoraria dizer que a minha vida não mudou nada desde que você apareceu, Scarlett Crawford Milles, contudo não posso. E eu gostaria de lhe dizer que eu lhe escolheria sempre, mil vezes se for preciso, desde o início até o fim.Porque você é o meu tudo, o meu mundo, e mesmo que eu soubesse que teria de morrer para salvar a ti eu lhe escolheria. Mesmo se eu soubesse que, se te escolhesse, ficaria pobre, eu escolheria a ti. - tem um monte de gente á volta de vocês, estão todos vos olhando. Ignorei isto tudo e pulei em seu colo. Literalmente pulei. - Feliz dia dos namorados meu amor. - Disse ele, com um sorriso,e de repente, todos estavam aplaudindo. Sim, aplaudindo. Olhei surpresa para as quatrocentas pessoas de pé, nos olhando com carinho e compaixão. Automaticamente, olhei para meus pais. Eles também estavam aplaudindo. Levei aquilo como uma aprovação. Não só uma aprovação dos meus pais, mas sim uma aprovação de quatrocentas pessoas. Desde o início o meu objetivo sempre foi esse: mudá-lo. Não mudá-lo com violência, nem com brigas e nem o forçar a isso. Mudá-lo com amor. Porque, realmente, é isto que ele merece. Aliás, que todos merecemos: amor. Não importa quem seja. Pode ser o pior assassino do planeta terra, mas todos merecemos amor. O amor move montanhas, acima de tudo o amor constrói algo que nada pode destruir: a pura felicidade. Pura felicidade é aquela que você ganha pelo amor, é aquela que é pura e faz bem. Sinceramente, estou orgulhosa de mim mesma. E você, quer mudar alguém? Pois aí está a palavra-chave: amor. Dê a esta pessoa carinho, compaixão. Você verá resultados com toda a certeza deste mundo. Se existem pessoas ruins neste mundo é porque ninguém as cuidou, ninguém teve compaixão para com elas. Se todos tivéssemos carinho um com o outro, o mundo estaria bem melhor. Eu fiz a minha parte, e sempre continuarei fazendo. E você?
THE END
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Le Pouvoir De I'amour
RomanceScarlett Crawford, uma brasileira que atualmente mora em Paris, namora Alex Hoghawrt há 1 ano, tempo o suficiente para ela o conhecer bem. Alex, cheio de mistérios e segredos, acaba abrindo seu coração para a garota entrar, e um segredo poderia ter...