:: aries

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Meu turno acabou e estou novamente no lindo telhado daqui. Este lugar já virou "o meu lugar" quase, eu já coloquei uma canga no chão, um telescópio, e até um cobertor e um travesseiro caso eu durma aqui sem querer. Eu amo esse lugar demais que até dói. Acho que é porque ele é calmo e eu posso ser quem eu sou aqui, não preciso ter medo de mostrar minhas cicatrizes e hematomas, nem temer se alguém irá me julgar. Às vezes a simplicidade e o silêncio dizem mais que a eloquência planejada.

As estrelas estavam perfeitamente alinhadas do jeito mais imperfeito possível, e eu amo isso. Eu agora olhava pelo telescópio a constelação de áries.

Adoro a noite por causa disso, por causa das estrelas em si. Mas adoro ainda mais porque a noite é quando me separo das coisas e me aproximo das estrelas ou constelações distantes. A mágoa altera as estações e as horas de repouso, fazendo da noite dia e do dia noite. Afinal, é durante a noite que é belo acreditar na luz. A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão, assim como eu mesma me acendi, eu mesma comecei a me encontrar ainda mais, a me conhecer, a me amar.

Gosto de pensar que as estrelas são sonhos, sonhos esperando a ser realizados. E lá no fundo da galáxia, o meu ainda me aguarda para que um dia, eu possa realizá-lo assim como todos os outros que já foram concedidos.

- Constelação de áries, certo? - Escutei uma voz doce atrás de mim e logo me virei já sabendo quem era. Eu o olhei sorrindo.

- É sim, linda não é? - Ele assentiu sorrindo para o céu. - Quer ver?

- Não tem necessidade, mas ela é realmente incrível. - eu voltei meu olhar para o telescópio e logo olhando pelo mesmo.

- O que faz aqui? - Perguntei calma.

- Não te vi pela sua janela, imaginei que estaria aqui. - Senti meu rosto esquentar.

Então ele queria me ver é?

- Estava me procurando? - Falei ainda olhando para as estrelas.

- Estava sim! - Quando disse isso, não consegui esconder meu sorriso.

Que fofinho.

Eu me sentei na canga que estava no chão, logo vi o mais velho repetir meu ato e comecei a olhar as estrelas, mas dava para sentir o olhar dele em mim.

- Queria ficar um pouco com você.

Eu o olhei surpresa. Isso vai parecer meio bobo, ou muito bobo, mas ninguém nunca disse isso para mim. Nem minha avó disse isso para mim. Parecia que algo esfaqueou meu estômago agora mesmo de tanto que ele está embrulhado. É possível alguém ser tão doce? Jungwon me fazia ficar totalmente boba. Boba por aquela dicção incrível, pelo vocabulário, pela fofura, pela pessoa que ele é. Era como se quando estou em sua presença, eu fico completamente mole, minhas pernas ficam bambas e sinto meu coração quentinho.

- Porque?

- Gosto de estar em sua presença, Kang Yari. - Ele sorriu minimamente e eu me deitei cobrindo meu rosto totalmente vermelho.

O mesmo também se deitou, e agora ambos olhavam as estrelas e tentamos nomeá-las. Eu adoro o tempo que passo com ele, adoro o jeito em que de alguma forma, não preciso me preocupar com o que ele vai achar de mim. Conseguimos conversar sobre qualquer assunto, literalmente qualquer coisa pode sair das nossas bocas que vai se transformar em uma conversa, e eu adoro isso.

Meu vizinho agora estava virado para mim, e eu fiz o mesmo. Estávamos nos olhando intensamente e foi aqui que percebi. Nenhuma estrela brilha mais do que aqueles lindos olhos castanhos.

- Você... Parece um gatinho, sabia? - e é assim que se estraga o clima.

- A é?

- É sim, um gato fofinho. - Eu nem percebi que que tinha falado isso, apenas vi o mesmo rir de leve, e eu me dei um tapão internamente.

- Obrigada, vou me considerar seu gatinho agora. - Ele sorriu e voltou seu olhar para o céu, mas eu não conseguia desgrudar o meu dele. Eu estava sentindo todos os tipos de emoções agora.

Já falei várias vezes, já me perguntei milhares de vezes como alguém pode ser totalmente adorável e lançar uma frase dessas?

- O dia deve ter sido complexo para você hoje, certo? - Eu assenti. - Imaginei, o dia dos namorados é sempre sobre flores e principalmente rosas, deve ter sido um dia cansativo.

- Trabalhar nem foi o mais difícil. - Soltei no ar, desejando mesmo que eu não tivesse feito.

É agora. Ele vai perguntar o porque, eu não vou conseguir segurar minha língua solta e aí lascou.

Ele me perguntou o porquê, e eu to tentando meu máximo para formular uma frase que não pareça muito triste.

- Ah... é que... - E estava difícil conseguir achar palavras para descrever minha situação.

- Não fale, não quero que se sinta obrigada a nada! Quando se sentir confortável, estarei sempre aqui para escutar o seu desabafo. - Sorriu fofinho.

Perfeito, Yang Jungwon é simplesmente perfeito.

- Como imaginei que seu dia teria sido complicado- Ele estendeu um pote cheio de pirulitos, cookies e alguns chocolates. - Trouxe para você.

Eu AMO pirulitos, cookies, e chocolate. O olhei toda boba e vi o mesmo sorrir fofinho.

- Muito obrigada Jungwon! Me sinto uma tonta por não ter dado nada para você. Me desculpe! - O mesmo sorriu.

- Não comprei esperando algo em troca, afinal, o dia dos namorados é para dar, não só receber. - Ele sorriu em minha direção e eu levantei.

Eu desci para a loja escura, logo procurando por algo bem, bem específico. Achei o que procurava e logo vi meu vizinho deitado no travesseiro, ainda olhando o céu.

- Astromélia! - O mesmo voltou sua atenção para mim - Significa uma amizade duradoura, Cada uma das seis pétalas da astromélia representa uma característica importante: compreensão, humor, paciência, empatia, compromisso e respeito. Cada uma dessas pétalas representam seus traços mais perfeitos! Jungwon, dando essa flor para você, também estou te entregando minha amizade duradoura! - Eu vi o garoto sorrindo abertamente, e logo pegou a flor da minha mão.

Para um texto improvisado, acho que me saí bem. Se bem que nem pensei muito sobre o que ia falar, Jungwon é uma pessoa importante para mim, foi fácil falar dele. Eu também adoro essas flores, e acho seu significado lindo.

Meu vizinho agora olhava todo bobo para a flor, e logo para mim.

- Gostou? - perguntei meio nervosa.

- E-eu... Eu amei K-Kang Yari... - Ele me abraçou fortemente, acho que foi o primeiro abraço que demos que foi tão apertado assim. Na verdade, foi o primeiro abraço de verdade que demos, o resto foi de oi e tchau. - Muito obrigado mesmo!

Eu sorri e retribui seu aperto aconchegante. Nunca me abraçaram tão forte assim, então tenho que aproveitar. Mesmo presa em seu abraço, eu me sinto mais solta, mais... livre. Esse é um sentimento meio novo, mas um pouco familiar. Esse abraço... Ele também é um pouco familiar.

Peguei o pote que ele me deu e o abri.

- Vamos dividir! - Assim passamos o resto da noite comendo doces e conversando.

[...]

𝖣𝗈𝖼𝖾 𝖢𝗋𝖺𝗏𝗂𝗇𝖺 ☆ 𝖸. 𝖩𝗎𝗇𝗀𝗐𝗈𝗇,𝖾𝗇𝗁𝗒𝗉𝖾𝗇 ♡︎Onde histórias criam vida. Descubra agora