Cada passo era dado com incerteza, marcando um segundo a menos para conhecer minha nova escola. Naquela altura do campeonato eu já deveria estar acostumada com essas situações, afinal, minha família nunca foi de se manter em algum lugar, entretanto, dizer que não estava ansiosa seria uma bela de uma mentira. Nunca me acostumei com mudanças, sempre desejei estabilidade ainda que isso estivesse longe demais da minha realidade.
Quando menor, era simples, crianças não são muito seletivas com suas amizades e nem precisam de muito para criarem laços. Mas a cada nova mudança, tudo ficava mais difícil e o frio na barriga aumentava com a mesma intensidade. Tentei desesperadamente convencer meus pais a ficarem na nossa antiga cidade, no entanto, eles se mostrara inflexíveis diante a uma mudança de planos. Ainda assim, depois de litros de lágrimas derramadas, prometeram que seria a última vez.
Creio que esperassem que eu ficasse mais calma com a notícia e devo dizer que encenei bem, mas a ideia de uma última chance para me enturmar me deixava aterrorizada. Se não me der bem com ninguém, estarei condenada.
Meu conflito interno se sessou assim que cheguei à porta da construção onde estudaria a partir de agora. A Sweet Amoris era um prédio de modelo simples com grades proporções, num tom de cinza quase que entediante. Assim que adentrei seus portões dei de cara com a diretora, que esperava para me dar mais informações a respeito da escola. Tentei fazer minha inscrição por email no dia anterior, mas ao que parecia, o colégio não era muito dado a tecnologias e agora que via a diretora, podia entender o porquê.
Era uma senhora que aparentava possuir idade o suficiente para ser minha avó e mantia uma expressão gentil que parecia poder se desfazer em loucura a qualquer momento. Como permaneceu calada, lhe dirigi as primeiras palavras.
— Bom dia senhora... — Droga! Qual era mesmo o seu nome? Lembro de lê-lo enquanto pesquisava mais informações sobre a escola. Um velho hábito para não chegar totalmente perdida. Um hábito de merda, ao considerar minha memória!
— ...Shermansky, mas pode se referir apenas como diretora. — Ela me respondeu com um sorriso calmo. — E você deve ser a senhorita Lynn, a novata do meio do ano.
Exatamente! Consegue agora entender o motivo de meu desespero? Estávamos na metade do ano letivo, o que só dificultava ainda mais encontrar companhia.
—Sim, essa sou eu. — Lhe dirigi um sorriso amarelo, ainda embaraçada pela confusão com seu nome.
— Ótimo. Desejo-lhe boas vindas. Em relação a sua inscrição, deve falar com Nathaniel, o representante. Creio que o possa encontrar na sala do grêmio.
(...)
Fui atrás dos papéis, mas antes me permiti dar uma olhada no lugar. Ao que parecia eu estava dentro do horário. Os estudantes ainda caminhavam pelo pátio, e um em particular me chamou a atenção. Possuía os cabelos num tom de vermelho vibrante que se alongava quase até os ombros, mas ainda que chamativos, isso se tornava um traço um tanto irrelevante quando comparados ao seu rosto. Possuía o tipo de beleza quase que cruel com o nariz esculpido tal qual sua mandíbula e maçãs do rosto. Seus olhos eram em um tom de cinza profundo que em conjunto as sobrancelhas retas e levemente inclinadas pareciam ser capazes de cortar quem quer que o aborrecesse.
Ao julgar pelos fones de ouvido que usava, era do tipo que não gostava de ser incomodado. O que será que ouvia? Alguma música de rock, com certeza. Sua camiseta dos Winged Skull denunciava seu gosto musical. Eu podia continuar o observando pelo o resto da minha existência sem ficar cansada, e talvez o teria, se não percebesse que seu olhar estava voltado para mim numa expressão quase que de desprezo.
— Perdeu alguma coisa?— Ele me perguntou enquando retirava o fone.
— Ah...N-Não. Na verdade, sou nova por aqui e... — Meu nervosismo fez seus lábios esboçaram um sorriso discreto.
— É muito idiota de sua parte pensar que eu me importo...
E é muita gentileza da sua me interromper, é sempre simpático assim?
Seu sorriso se alargou. Merda! Eu falei em voz alta.
— Principalmente com as novatas. Prazer, meu nome é Castiel.
— Prazer meu nome é Lynn.
— Bem, nos encontramos de novo qualquer hora, Lynn...— Dito isso, ele foi embora.
— Ei, espera, eu queria saber onde fica o... grêmio... — Mas naquela altura ele já havia desaparecido pela multidão.
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Red Freedom - "🄼🅈 🄲🄰🄽🄳🅈 🄻🄾🅅🄴 🄵🄰🄽🄵🄸🄲"
FanfictionApós mais uma das mudanças de cidade de seus pais, Lynn se vê diante de mais uma escola. Desta vez, a última em que será uma novata. Preocupada em não fazer amigos, a garota acaba se agarrando a qualquer demonstração de amizade sem se importar com a...