parte XXXII

83 17 16
                                    

Sooyoung

Me encontro completamente exausta e tudo piora quando olho pela janela de meu escritório e vejo o tempo nublado, o céu praticamente pintado de cinza escuro me convidando a voltar ao meu quarto e dormir. O primeiro dia útil da semana me atola de trabalhos e eu tento dividir a minha atenção entre a chegada das Kim para a longa estadia e a lotação do hotel.

A manhã de domingo foi praticamente toda voltada a acomodar Jiwoo e Hyeju no quarto do hotel. Infelizmente, não consegui reservar o cômodo que estava disponível no mesmo andar que o meu - o penúltimo - e apenas dois andares nos separava, o que era bom porque diminuía as fofocas dos funcionários. A mim, isso não incomodava, mas senti que interferia muito essa questão para Jiwoo, por isso, acatei o seu desejo.

O quarto que ficava em direção ao mar era semelhante ao meu, no entanto, não era uma grande suíte com dois cômodos, havia apenas um grande hall, a área para desjejum e a região que acomodava a cama. Notei que Jiwoo trouxe poucas coisas, a maioria que não quis perder, deixou na casa de Jungeun e, aparentemente, todos os móveis de madeira foram contaminados por cupins.

Do pouco que ela me atualizou, sei que conseguiu uma empresa de qualidade para realizar a dedetização e mesmo sem me dizer, sei que cobraram bem caro pelo estado da casa. Jiwoo me relatou detalhadamente quando estávamos mais calmas que era uma casa realmente velha e que aquela infestação não surgiu por acaso. Pelo estado da casa, aqueles insetos moravam ali desde os antigos moradores, mas não se manifestavam com tanta visibilidade como foi o que ocorreu.

Eles deram a previsão de uma semana para a limpeza e duas para a dedetização completa, e a notícia a incomodou mais que os burburinhos no hotel. De todo modo, prefiro que ela esteja segura e confortável com Hyeju, e claro, perto de mim.

À tarde, fizemos um passeio em família. A data do piquenique foi marcada para um domingo, já que foi o único dia que a previsão do tempo deu garantia de estabilidade. Fomos ao centro de Jeju, mais especificamente, num shopping conhecido por ter diversas lojas de aluguel de roupas. Confesso que nunca fui nesse shopping e tive um pouco de vergonha em admitir que não sabia como funcionava aquele tipo de venda.

Normalmente, as roupas que uso e que minhas filhas possuem ou são compradas, ou feitas sob medida. Eu pensei em sugerir que pedíssemos a um ateliê que produzisse as três fantasias, mas Jiwoo se negou, já que seria usada apenas uma vez e por poucas horas. Não vejo problema nisso, mas ela me apresentou um nicho chamado "moda sustentável" e vê-la completamente entusiasmada falando no assunto me fez mudar de ideia.

Eu gosto mesmo de ouvir Jiwoo conversar, ela é muito inteligente e sabe desenvolver qualquer tipo de assunto, o jeito que prende a minha atenção é muito didático, então ela pode falar até do assunto mais chato do mundo que estarei disposta a escutar.

Quando nos encontramos no saguão do hotel, Jiwoo usava tênis e boné, mesmo com o clima frio, as roupas esportivas que dividia com Hyeju me deixaram desconfiada. Só quando chegamos no local que entendi o motivo: era um shopping empresarial muito extenso e a minha pior escolha fora usar saltos para procurar fantasias infantis.

Jiwoo usava tênis e carregava Hyeju em seu colo, que apontava para várias fantasias ao mesmo tempo e falava sempre a mesma coisa sem parar. Eu segurava as mãos das gêmeas, que pouco se entusiasmavam com as ideias ao redor, e tivemos um pequeno atrito que quase nos custou a paz entre as crianças. Chegamos perto de uma loja já com decoração natalina e um manequim trajava-se de Papai Noel, logo, Hyeju disse:

- Mamãe, por onde será que o Papai Noel deixará o presente este ano, já que não estaremos em casa para recebê-lo?!

- Ele vai não deixar na porta do seu quarto, oras - disse Yerim. - Ou do lado de sua cama, ou em qualquer lugar, já que Papai Noel não existe.

the loneliest time ✦ chuuvesOnde histórias criam vida. Descubra agora