Capítulo 41

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Luana

--- Tá pensando que eu esqueci de tu? Esqueci não, pô, te liga. - falou depois de muito tempo em silêncio. Kn sentou na cadeira, só me olhando.

Luana: Sei disso. - falei calma.

--- Tua hora tá chegando... - já ia começar com a mesma miguélagem de sempre, mas eu nem deixei terminar.

Luana: Todo dia escuto isso e não é só tu que diz, mas até hoje tô aqui intacta. Quer fazer alguma coisa faz logo, tô te dando o papo mermo, na moral. Fala, fala e não vem bater de frente comigo. Brota aqui e nós se peita, fica de migué não. - desliguei o celular, colocando ele em cima da mesa.

Tô cansada de ouvir o mermo papo todo dia, sinceramente. Fica chato, parece minha vó contando história falando sempre as merma coisa. Quando quero fazer as coisa eu chego e faço logo, não fico ligando pra avisar e muito menos fazendo joguinho besta de pique esconde.

Kn: Tô achando que isso aí já é trote, isso sim. - botou a mão no queixo, apoiando o braço na perna, olhando pra parede.

Luana: Se é trote ou não eu já tô começando me estressar. - me encostei na cadeira, colocando os braços atrás dela, acima da minha cabeça. Me assustei quando abriram a porta de uma vez, fazendo mó barulho. - qual é, virou bagunça?

Diogo: Foi mal, patroa. Mil desculpas, mas é que... - falou e parou por alguns segundos, respirando. O rosto dele tava machucado e a roupa suja, o mesmo respirava rápido e com dificuldade. Fui pra perto dele e ajudei o mesmo sentar na cadeira.

Luana: Tenta ficar calmo, mano. - abanei ele com uma folha que tava em cima da mesa. - pega água pra ele lá, pô.

Kn pegou a água no bebedouro, me entregando e eu dei pra ele. Alguma coisa grave deve ter acontecido, pq nêgo tá bebendo todo se tremendo.

Luana: Tá tranquilo? - ele assentiu. - tá, agora fala o que tá pegando.

Diogo: Eu tava lá numa boa no qg e os cana chegou embaçando com o bagulho, tinha uns sete só. Levaram nós pro matagal que tem atrás dele e começaram falar uma pá de coisa, tá ligado? Bateram em nós e levaram tudo o que tava lá. - mostrou os roxos que tava no corpo dele e as feridas. - irmã, esses alemão tão na tua cola. Eles já tão sabendo de tudo, tá entendendo? Tudo da tua vida. Luana, a casa caiu pra tu.

Gelei legal mermo na hora que ouvi isso, por dentro eu tava surtando de ódio, mas não deixei eles perceber, mantive minha postura e continuei com a mesma cara que tava antes.

Luana: Eles falaram o quê sobre mim?

Diogo: Falaram que tu vai cair na tranca a qualquer momento e que não adianta fugir, pq a cadeia te espera.

Kn: E os outro mano que foram contigo, cadê?

Diogo: Tão tudo morto. Ninguém quis saber de nada não, mano, só meteram bala. Fiquei vivo só pq eu consegui fugir, moleque que tava vindo comigo caiu e não deu nem tempo de eu ajudar ele, a única coisa que eu tinha a fazer ali era correr pra não morrer. - levantou apertando o braço. - posso ir agora? Atiraram no meu braço e tá doendo pra caramba.

Kn: Bora, eu te levo lá. - abriu a porta.

Diogo: Cuidado, Luana, fica esperta. - bateu de leve no meu ombro. - se tu cair, é tchau e benção, pq de lá tu num sai tão cedo.

Luana: Tô ligada nisso. Relaxa. - tirei cem reais da carteira e dei pra ele. - compra remédio e o que precisar aí pra melhorar. Vai em paz.

Ele agradeceu e saiu com Kn. Tomei água e sentei novamente, deitando minha cabeça em cima da mesa.

Puro ódio, apenas isso e nada mais. Quando foi que deixei isso acontecer? Bagulho é que agora não posso vacilar de jeito nenhum. Prenderam minha mãe faz mó cota e tão cedo ela não sai dali, eu que quero cair ali? Quero nada! Tenho que ficar ligada nas parada que faço, é só mais uma coisa normal na minha vida, mas de qualquer forma eu me preocupo.

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