Capítulo 1

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                                                                             Maya Nascimento

Há três anos, minha vida e a da nossa família desmoronaram quando papai foi preso. Foi um choque imenso para todos, principalmente para aqueles que conviviam com ele. Papai era carismático, sempre sorrindo e conquistando todos à sua volta. Ninguém poderia imaginar que por trás dessa fachada amigável se escondia uma realidade tão sombria. A prisão dele nos desestruturou completamente, e agora mais do que nunca sinto a responsabilidade de ajudar em casa. Vi no jornal que a SG está com uma vaga aberta, e decidi me candidatar, mesmo com mamãe insistindo que eu não deveria me preocupar. Mas é impossível ignorar o quanto ela está se esforçando para sustentar a gente. Ela cuida de todos, mas esquece de cuidar de si mesma.

Acordei hoje mais cedo do que o habitual. Entrei no banheiro, fiz xixi e comecei minha rotina de higiene matinal. Ao sair, fui até o guarda-roupa e escolhi a roupa mais confortável e discreta que encontrei. A verdade é que meu armário não tem muitas opções, quase tudo parece pequeno demais. Sorte a minha que mamãe separou algumas roupas dela para mim.

Passei rapidamente pela cozinha, dei um beijo em minha mãe e pedi um Uber pelo celular. Em dias normais, eu iria de ônibus, mas hoje é um dia especial: minha entrevista de emprego na SG.

Alguns minutos depois, o Uber chegou. Durante o caminho, olhei pela janela, absorvendo cada detalhe do mundo lá fora. Às vezes, enquanto ando de ônibus, fico imaginando como a cidade seria se a natureza tivesse resistido à urbanização. Quase não sobrou verde para admirar.

— Chegamos, senhorita! — avisou o motorista.

— Muito obrigada, senhor. Tenha um bom dia! — respondi enquanto saía do carro.

A fachada da SG era impressionante, toda espelhada, com uma harmonia de cores bem pensada, e o nome da empresa estampado de maneira que, com certeza, podia ser visto de longe.

Ao entrar, percebi que o interior era ainda mais deslumbrante: um ambiente rústico e charmoso, com tons pastéis e móveis perfeitamente combinados com o espaço amplo. Meus olhos logo avistaram uma grande fila de candidatos. Talvez eu devesse ter chegado mais cedo.

Me aproximei da recepção para entender como tudo funcionaria.

— Bom dia! Sou a Maya, estou aqui para a entrevista de emprego — anunciei com um sorriso.

— Bom dia, Maya! Que ótimo ver jovens como você buscando um futuro melhor — respondeu a recepcionista, simpática. — Como pode ver, a fila está longa. Vou precisar das suas informações para completar sua ficha. Depois, pode esperar em uma daquelas cadeiras, e eu te chamarei quando for a sua vez.

— Muito obrigada! E você é muito gentil — retribuí com um elogio.

— Boa sorte, Maya! — ela desejou enquanto eu me dirigia às cadeiras.

Duas horas depois, ainda estava aguardando. Se eu conseguir o emprego, certamente darei umas sugestões sobre como melhorar o atendimento.

— Senhorita Maya Nascimento, o chefe está te esperando. Siga pelo corredor, vire à esquerda e depois à direita. É fácil identificar, ele tem uma presença marcante — informou a recepcionista.

Finalmente, chegou a minha vez. Respirei fundo, batendo de leve na porta.

— Pode entrar! — ecoou uma voz masculina.

— Boa tarde, senhor Guilhermo Rodriguez. Meu nome é Maya Nascimento, e sou uma das candidatas para a vaga. Estou disposta a contribuir ao máximo para o crescimento da empresa. Aqui está meu currículo — falei enquanto entregava a pasta cuidadosamente organizada.

— Maya, por que você quer essa vaga? Vi que você estuda psicologia, e este trabalho pode ser bastante exigente.

— Para ser sincera, senhor Guilhermo, minha família está passando por dificuldades. Minha mãe já fez tanto por nós, e agora sinto que é a minha vez de retribuir. Quero muito trabalhar aqui — respondi, segurando as emoções.

Ele analisou meu currículo por alguns segundos, pensativo.

— É um currículo um pouco enxuto, mas compreensível para alguém na sua fase. Este seria seu primeiro emprego formal, certo?

— Sim, é meu primeiro emprego com carteira assinada. Infelizmente, as oportunidades por aqui são escassas, e como acabei de sair do ensino médio, estou começando agora — respondi, tentando manter a calma.

— Entendido, Maya. Entraremos em contato caso necessário. Foi um prazer conhecê-la.

— Ah... claro, muito obrigada. Até logo! — me despedi, aliviada por ter terminado.

No caminho de volta, meu celular tocou. Era Rebeca, minha melhor amiga de longa data.

— Oi, Maya! Vamos sair hoje? Descobri um bar novo que você vai adorar! — disse Rebeca, animada.

— Oi, Beca! Depois do dia de hoje, eu realmente preciso me distrair. Contem comigo! — respondi, tentando igualar sua animação.


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