Capítulo Unico

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Faz anos que Hajime não vê Oikawa. O seu amor de adolescente, que o faz voltar no tempo, para época que era apenas um adolescente com hormônios à flor da pele. Da noite para o dia, ele sumiu, a senhora Oikawa nunca falou para onde foi seu filho, sempre com a mesma desculpa, "desculpa, mas ele me fez prometer não contar, eu queria muito falar". Mas isso nunca impediu de ir na casa dela conversar, já que seus dois filhos foram embora, fazia companhia para a doce senhora sempre que podia, tinha até adotado ela como sua segunda mãe. Nesses anos, Iwaizumi evoluiu, virou treinador da seleção japonesa de vôlei, conseguiu comprar uma casa num lugar privilegiado, um carro de luxo esportivo e agora, estava terminando de pagar sua moto, estava mais que bem sucedido na vida. Mas algo faltava. 

Estava na casa da senhora Oikawa fazendo companhia para o café da tarde, como era seu dia de folga não viu problema em conversar com a senhora, mas parecia que ela estava mais pensativa de costume. Então ela pegava o leite da geladeira, enquanto soltava uma pergunta.

— Iwaizumi, você poderia me contar o que aconteceu com você e o meu filho? — ela olha para o rapaz que sentava na mesa olhando seu café.

— Não aconteceu nada… — ele responde olhando ainda para sua xícara.

— Se não tivesse acontecido nada ele não ia me pedir para manter segredo — ela responde na lata — me entenda Hajime, meu filho saiu daqui sem explicar nada, apenas se foi, e me disse para não falar a ninguém onde ele está e o número dele, alguma coisa aconteceu, só me diga — disse se sentando na mesa.

— Exatamente, nada, foi isso que aconteceu, nada — ele disse suspirando — éramos ingênuos, para não dizer… burros, eu e o Oikawa éramos… bom, julgo eu que nós dois se amava, não posso dizer ao certo, mas acho que foi isso, na noite que ele foi embora, eu tentei falar para ele, mas a conversa tornou um rumo diferente — o moreno encarava tudo menos a senhora — joguei indiretas, mas parece que ele entendeu errado — terminou encarando a senhora.

— Cara do Toru — ela disse num tom de impaciencia enquanto tomava o seu café — ele tinha tanto ciúmes de você, eu lembro até hoje do dia que ele veio revoltado para casa… ele entrou batendo a porta, eu ia brigar com ele, mas quando eu me virei ele tava sentado na mesa com os braços cruzados, com uma cara de bravo que qualquer um teria medo, daí eu perguntei, o que aconteceu? Ele me olhou bravo, suspirou e disse, "aquele garoto quer roubar o Iwa-chan de mim", eu não lembro o nome do garoto, mas ele falou com essas palavras, a minha vontade era de dar risada… tentei contornar a situação e ele me olhou e disse: "o Iwa-chan é só meu, ele é o meu melhor amigo e ninguém vai tirar ele de mim" e saiu, foi para o quarto, ali que eu comecei a dar risada — enquanto contava a história gesticulava para cada frase dita, terminou soltando um riso.

— Lembro dessa época, ele era um grude, mas foi a melhor época da minha vida — disse dando risada junto a senhora. A mulher se levanta da mesa e traz um papel para Iwaizumi.

— Ligue para ele, se resolvam — ela falou — vocês dois devem ficar juntos.

Depois da tarde, o moreno voltou para casa, pensando se ligava ou não, fazia anos, isso seria mexer em uma ferida mal cicatrizada. Depois de refletir várias horas, ligou para o número, que logo atendeu.

— Alô, Oikawa? — Iwaizumi perguntou.

— Alô, sim, quem fala? — respondeu com a sua típica voz.

— É o Iwaizumi… — depois de alguns segundos sem resposta, disse com tom de voz irriatado — Oikawa Toru, se você desligar eu vou te achar em dois minutos e vou pessoalmente te bater…

— Como… como conseguir o meu número? — disse temeroso.

— Adivinha gênio… sua mãe — ele murmurou algo, mas não ligou e logo falou — onde você esteve? — ele não respondeu nada, então falou novamente — você sabe quando vai voltar? — mais alguns segundos sem resposta, seguiu falando — porque… desde que você se foi… eu me dei bem… mas, tenho estado triste.

— Por quê? — perguntou.

— Eu tentei botar para fora, para você notar, você poderia… não, você deveria, mas nunca notou… se você quisesse, um pouco, na verdade, eu queria que você quisesse um pouco mais, mas para você, isso é um desafio — no começo se embaralhou nas palavas, mas assim que pensou na frase, disse ela em um tom de sarcásmo.

— O que… o que você quer dizer? — falou com a voz chorosa.

— Naquela noite, eu tentei falar… estávamos tão perto das estrelas, aprecia o momento perfeito… — disse suspirando — eu queria falar que nunca tinha conhecido alguém como você, alguém… tão apaixonante — finalmente disse o que deveria ter falando a anos, parecia que tinha voltado para aquela noite.

— Iwa-chan… — ouviu seu nome ser pronunciado em meio a um chorou — eu… eu não sei se posso, não sei se consigo retribuir esse sentimento da mesma maneira… eu… eu prefiro perder alguém do que usar alguém… e você é a última pessoa que eu quero machucar… eu estou me resolvendo, quando eu voltar, você vai ser a primeira pessoa que eu vou procurar.

— Eu sei que você está doente, espero que conserte o que está quebrado — disse suspirando, assim a ligação terminou, com Oikawa desligando — que felicidade ignorante, apenas com uma ligação… não vou queimar o meu estoque de bebida por uma mentira. 

Depois de dois anos, Iwaizumi estava em sua casa aproveitando a sua folga, estava do jeito que mais gostava. Mas a campainha tocando fez ele murmurar algum palavrão, até porque estava bem tarde. Ao abrir a porta pode ver seu amigo de infância, parecia que ele tinha voltado para o passado ou Oikawa tinha vindo para o futuro.

— Oi Iwa-chan — falou sorrindo.

— Entra — disse dando espaço para ele, os dois se sentaram, Toru no sofá e Hajime na poltrona — comece a falar — falou sem paciência, estava com a cabeça deitado na mão apoiada no braço da poltrona, Oikawa vai até o moreno sentado no colo dele.

— Eu odeio isso mais que você, por que você sempre tem que estar certo? — falou o encarando — naquela noite, estava tão perto… tão perto, mas ainda longe… não sei, parecia um sonho a qual eu nunca iria alcançar — disse colocando a cabeça no ombro dele segurando os braços — depois que fui para a Argentina parecia que estava dando tudo certo, mas algo faltava… eu não sei como ficar sozinho, você sempre cuidava de mim, independente do que for, por isso desaprendi muita coisa... e eu não quero ficar sem você… eu sei que não mereço ficar com você e talvez seja tarde... mas mesmo assim, eu não quero aceitar isso, não quero que se vá… então não se vá, não, apenas fique ao meu lado... não precisa ser como namorada ou amante, mas fique ao meu lado como nos velhos tempos, na época que eu e você brilhávamos juntos... toda vez que você achava uma loucura minha, você me salvava sem pensar duas vezes… eu quero que você fique ao meu lado de alguma forma... — falou soltando as lágrimas que tanto segurou.

— Você é um idiota de marca maior… meus sentimentos em relação a você não mudou, mas não ache que vou te perdoar tão fácil… você sumiu por uns bons anos, siga na seleção argentina, quando você tiver tempo ou eu, nos encontramos… mas não pense que isso é um namoro, vamos ser apenas amantes — falou olhando para ele — esse vai ser o meu castigo para você, quando eu achar que é o suficiente, daí eu resolvo o que fazemos.

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