.surpresa (heejake)

.único

jake estava concentrado no resumo de química que fazia quando ouviu um barulho repentino e sentiu uma corrente de ar frio passando pelas suas pernas. rapidamente, agarrou o terço rosário que ficava pendurado em sua escrivaninha e virou em direção ao barulho que, aparentemente, vinha da janela. já estava pronto para começar a gritar caso fosse um ladrão ou, sei lá, o satã, mas parte de sua euforia se dissipou quando viu que quem tinha acabado de invadir seu quarto era, ninguém mais ninguém menos, que lee heeseung.

— que susto! – ele deu um grito sussurrado.

— calma, sou só eu, não é o demônio. – heeseung riu ao ver os olhos arregalados e o terço que o garoto segurava nas mãos.

— sinceramente, eu preferia que fosse o demônio.

o lee levou as mãos ao peito e deixou o queixo cair em descrença, falsamente ofendido.

— nossa, eu venho te fazer uma visitinha e é assim que você me recebe?

jake revirou os olhos com o drama do lee. eles possuíam uma espécie de rolo, onde podiam se beneficiar um do outro quando tinham vontade. não era nada privativo, aquilo não impedia nenhum dos dois de ficar ou ter relações com outras pessoas, era só a parte sexual da coisa. o único problema era que os pais do shim eram totalmente conservadores, preconceituosos e religiosos, portanto eles não poderiam nem imaginar o que o precioso filho deles, aparentemente heterossexual e inocente, andava fazendo por aí com outro homem. isso limitava muito os encontros dos dois, que na maioria das vezes eram sempre na surdina e às escondidas, mas naquele dia heeseung provavelmente tinha perdido o juízo que lhe restava para aparecer em sua casa daquela forma em um momento que não devia.

— não sei o que deu em você pra achar que aparecer do nada no meu quarto numa hora dessas, enquanto os meus pais estão em casa, seria uma ótima ideia. – jake disse enquanto se levantava da cadeira e deixava o terço em cima de seu caderno.

— ah, eu tava com saudades. queria te fazer uma surpresinha. – o lee foi andando em direção ao outro com as mãos no bolso da bermuda, como quem não queria nada.

— e nem pra mandar uma mensagem antes? – encarou o mais velho com os olhos semicerrados enquanto ele chegava cada vez mais perto, prestando atenção em sua linguagem corporal.

— mas aí não seria uma surpresa. – um sorriso ladino surgiu em seus lábios ao que pousou suas mãos na cintura de jake quando já estava perto o bastante. seus polegares começaram com uma carícia na área e heeseung sentiu o garoto amolecer um pouco.

— é sério, hee, se minha mãe descobre que você tá aqui comigo ela arranca as nossas cabeças fora e faz um ritual de purificação.

o lee não pôde evitar a risada que saiu dos seus lábios.

— quanto exagero, jake. ela não vai saber de nada se você ficar quietinho. – o tom era sugestivo.

jake abriu a boca incrédulo com a cara de pau do outro.

— você só pode ter enlouquecido. – cutucou o peitoral do maior com o dedo indicador.

— ao meu ver, eu estou em plena e sã consciência. – heeseung levantou o queixo e arqueou minimamente as sobrancelhas em uma expressão que tinha um ar de superioridade gigantesco, e jake achou aquilo mais atraente do que deveria.

estava quase cedendo à sedução barata do lee quando teve um lapso de consciência e se lembrou do quão absurda era a situação.

— não, nada disso, não adianta querer me seduzir com essa sua cara bonita, não vai rolar.

heeseung jogou a cabeça para trás em frustração, antes de voltar a encarar jake e o puxar pela cintura para colar mais ainda os seus corpos.

— só um beijinho, hm? pra minha visita não ter sido em vão. – disse aproximando mais os rostos.