Meu Pesadelo Preferido.

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Taehyung estava estranho. Todos em sua volta percebiam aquilo. Ele estava esquivo, estava quase medroso por qualquer coisa que lhe aparecesse na frente. E ele sabia que todos sabiam daquilo. Sua mente gritava que havia algo de errado. Algo de errado, porém, era bom. Não sabia o que era exatamente, mas ainda assim, lhe deixava temeroso.

Ao passar dos dias, quase não dormia e comia. Esperava sempre o pior. Quando acordava, estava completamente suado, a respiração ofegante, os olhos arregalados como se não acreditasse no que estava vendo. Era um pesadelo. Um pesadelo molhado. Sempre acordava cheio de suor, o sentimento de horror o acompanhava e ele sabia que tinha alguma coisa errada. Ao mesmo tempo assustador, tentador. Estava quase ficando paranóico. Não queria dormir, nem comer, só bebia quando o corpo realmente precisava.

O problema era que nunca se lembrava do que de fato acontecia naqueles pesadelos. Sabia que eram diferentes, mas que ocorriam de maneira quase igual, porém não sabia o que acontecia em seus pesadelos para lhe deixar tão apavorado daquele jeito.

Contou tudo aquilo para o psiquiatra que seus amigos insistiram para marcar, senão cortariam sua goela fora, e não duvidava daquilo, de um jeito estranho, tinha especulações em sua mente de que eles fariam aquilo de verdade. Então, a contragosto, contou tudo, sem olhar nos olhos dele quando falou sobre como acordava.

- Olhe, talvez eu possa te medicar para você dormir melhor, mas não posso te garantir que seus pesadelos passem. - ele disse, escrevendo uma receita, lhe entregando. - Vou te indicar também para uma psicanalista que conheço e trabalha aqui, talvez ela possa te ajudar melhor. Como seu estado não está te permitindo alcançar seus objetivos com a faculdade e o trabalho, eu vou te dar um atestado de uma semana, que é o tempo em que o remédio pode começar a ajudar mais. Se em três semanas você tiver esses mesmos sintomas, vou te encaminhar com urgência para essa psicóloga, ela ainda é uma escolha, caso queira melhorar logo. Você não pode parar a vida por causa de pesadelos, mas estaremos aqui para ajudar.

Taehyung leu a receita, mesmo sem entender muito o que estava escrito por causa da letra completamente confusa. Ele se levantou ao ver o outro se levantar também, percebendo a mão em seu ombro lhe acompanhando à porta com um sorriso gentil.

- Obrigado, doutor Jeon.

- Por nada, senhor Kim.

A porta se abriu, e ele foi embora. Com o atestado, não teria que ver os babacas da faculdade que sempre mexiam com ele e seu grupinho, por serem em sua maioria gays, lésbicas, tinha de tudo e um pouco mais naquele grupo que chamava de família, e por mais que fossem importunados por gente idiota, foi ali que achou seu companheiro para toda a vida, Park Jimin.

Ele mandou mensagem assim que saiu do consultório, informando a todos sobre a recomendação do médico, e todos torceram por ele por sua melhora. Jimin fez aquilo também, porém em seu privado lhe mandou uma mensagem dizendo que dormiria em seu apartamento naquela noite, apenas como teste. Ele logo recusou, mas quando desceu do ônibus e viu a moto dele em frente a sua casa, sabia que não teria chance.

Ele lhe fez uma sopa gostosa, já que sabia que ele não estava querendo comer muito. Se sentou ao lado dele, observando ele mexer o caldo de batatas e cenouras, completamente desanimado.

- Me conta, Tae, como são esses sonhos? - ele questionou, brincando com as unhas longas em gel, enquanto o observava.

- Isso é o pior. Eu acordo, mas nunca recordo de nada do que aconteceu ali. - ele disse, dando a primeira colherada e soltando um barulhinho, aquilo estava bom, mas não abria seu apetite. - É como se me consumisse, o meu medo faz isso se alimentar e eu fico completamente desgastado para fazer qualquer coisa em seguida. Esse remédio vai ser a minha última tentativa, até porque já tentei os chás e meditações mais eficazes pra esse tipo de coisa, e nada me libera desse medo constante. - confessou, completamente perdido em sua mente, tentando procurar o que acontecia que lhe deixava tão apavorado. Para Jimin, ele apenas estava olhando para o chão fixamente com uma expressão cansada.

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