O momento zero

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Sábado.

Na manhã seguinte, acordei e me deparei com o Rafael deitado de bruços em meu sofá, jogado e sem camisa, dava pra ver seus músculos bem e delineados, nada muito exagerado, mas eu definitivamente havia me enganado em relação as suas idas a academia. Outra coisa com a qual eu havia me enganado era em relação às suas tatuagens, sabia que ele as tinha, mas não sabia que eram tantas. Seus os 2 braços eram praticamente fechados, mas não consegui entender o que tinha desenhado ali e havia uma outra imensa nas costas, era o que eu conseguia ver no momento, isso dava um tempero a mais naquele homem e também explicava o porquê dele andar sempre de camisas ou camisetas de mangas longas. Afinal, tatuagens ainda não são bem vistas no mundo corporativo. Passei alguns minutos admirando a vista e pensando em todos os meus planos para aquele corpo. Decidi começar logo os trabalhos do dia e o cutuquei para que acordasse.

Era bem provável que ele estivesse de ressaca, dado tudo o que ele havia bebido na noite anterior, tive certeza disso quando ele tentou abrir os olhos e franziu o rosto ao contato com a luz. Revirei os olhos e fui à cozinha pegar água e um analgésico. Quando voltei, ele estava sentado com os cotovelos apoiados nos joelhos esfregando as têmporas.

— Toma! - entreguei o copo e o comprimido pra ele, que me encarou por uns instantes antes de aceitar minha oferta.

— O que é que aconteceu ontem, hein? Não me lembro como cheguei aqui.

Santa tequila, aniquiladora de memórias.

— Humm, deixa eu pensar... você bebeu muito, demos uns amassos e eu trouxe você aqui pra minha casa quando percebi que você não estava mais em condições de saber quem era.

— E depois?

Fiz uma pose pensativa e após alguns instantes desconversei:

— Vamos pra cozinha, tomar um café. - sai andando da sala.

Rafael veio atrás de mim e segurou meu braço com força. Olhei fixamente para a mão que espremia minha pele e levantei os olhos para encará-lo.

— Me solta! - Eu não havia dado permissão para que ele me tocasse e isso me deixou muito irritada. Mas ele não soltou e continuou me encarando.

— Me solta! - repeti mais ríspida.

— E depois? O que aconteceu?? - em um único movimento me desvencilhei de suas garras e continuei andando para a cozinha. Depois tenho que agradecer ao Erick pelas aulas de auto defesa.

— LETÍCIA! - gritou quando cheguei ao balcão da cozinha.

Me virei com cara de poucos amigos, o encarei por alguns segundos e levantei as mãos em rendição.

— Ai, tá bom! Não aconteceu nada, tá bem? Você estava bêbado como um gambá, deitou no sofá e apagou. Dormi no meu quarto, sozinha. - O semblante irritado se suavizou em um suspiro de alívio - Nossa, até parece que seria tão ruim assim se nós tivéssemos transado. - fiz um biquinho de tristeza, falso e irônico.

— Já me basta você me acusar de agressão... - falou entre dentes ainda me olhando.

Continuei a observar sua expressão, tentando entender sobre o que ele estava falando.

— Ah! - cai na gargalhada. - Nossa, qual é a impressão que você tem de mim? - meus olhos começaram a lacrimejar de tanto que eu ria - Ai, Rafael, sabe que você me deu uma boa ideia? Uma acusação de estupro? Não tinha pensado nisso! - Agora encarava ele com um sorriso travesso.

O sangue fugiu do seu rosto por alguns instantes. E eu caí na gargalhada novamente. Logo me recompus e peguei meu celular encima do balcão.

— Olha, isso me fez lembrar de uma coisa!

Meus planos para você - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora